Muitos mais tem a poluição do rio Noemi. Custa aceitar que num país dito civilizado isso ainda possa acontecer sem um forte levantamento popular.
Não sei quando terminará este blogue mas imagino-me na última foto, naquela que fechará este espaço, entrando na ribeira e, arremessando o tesão à água, trazer peixes para uma petiscada.
Há todo um léxico ligado ao rio e às artes que corre sérios riscos de se perder. Se até há algumas décadas faziam parte do vocabulário corrente, algumas destas palavras ou expressões idiomáticas irão desaparecer por falta de uso.
Começo com alguns exemplos que pretenderei continuar ao longo do ano. Agradeço desde já a quem ainda se lembre de outras, de as ouvir, que mas envie por e-mail ou através da caixa de comentário.
[Budre] ou [Embude]
Planta umbelífera cuja raiz se esmaga e usa para envenenar peixes. Após esmagado faz-se uma bola com o embude, que se lança para um ponto onde água está calma, os peixes , atordoados, virão à tona de barriga para o ar. Júlio Silva Marques refere o termo budle. Clarinda Azevedo Maia registou imbude. Joaquim Manuel Correia refere budre, in Capeia Arraiana
[Pisão]
Engenho em madeira constituído por uma roda motriz hidráulica, o eixo, os maços e a masseira. Apesar da sua finalidade principal ser a de conceder uma textura mais compacta aos panos de lã, também é empregue para fortalecer mantas e cobertores. O verbo é “apisoar”.
É uma rede de pescar. Rede em forma de saco, ligado a duas varas, que os pescadores arrastam pelo fundo dos córregos, in Dicionário de Morais, citado no ensaio do post anterior.
Já lembrei neste espaço que o meu avô Francisco foi o maior pescador do Rochoso. Todos se lembram, passados tantos anos, que na sua adega sempre havia peixes fritos para acompanhar um copo. Com pequenos gestos se alcança a imortalidade e se escreve um lugar na história dos simples.
Vem-me muitas vezes à memória e neste caso em particular porque encontrei este ensaio "A pesca e os pescadores na rede dos forais Manuelinos". Da sua leitura resulta que duas preocupações estavam subjacentes à regulação da pesca por parte do Estado: a ambiental e a cobrança de impostos (não interessa para o caso a ordem). “O Poder entende dever regular as actividades de pesca nos rios e lagoas de água doce (...) limitando o uso indiscriminado de artes a fim de proteger as espécies e eliminar os obstáculos humanos à reprodução. Em concreto, determina-se a completa abolição do uso de redes, covões, de nassas, de tesões durante os meses de Março, Abril e Maio...” No resto do ano podia-se pescar estando contudo proibido o uso de substâncias venenosas também para evitar a poluição das águas onde bebia o gado. Estas leis e práticas com alguns séculos permaneceram bem vivas até meados do século XX. Quanto a tributos e impostos sobre as artes e sobre a exploração dos recursos ribeirinhos é a história que sabemos. O Estado sempre tratou de recolher o dinheiro mas não tem garantido a protecção da Natureza e dos bens que pertencem à comunidade. Alguns, indevidamente, têm tornado o rio Noemi propriedade privada. E não foi o budre que extinguiu os nossos peixes.
Como estão a decorrer os trabalhos de limpeza das barrancas da ribeira que a autarquia levou a cabo com o dinheiro disponibilizado pelo Ministério do Ambiente devido aos incêndios e que o edil chamou de “despoluição do rio Noéme”?
Dizia ele na altura que tudo tinha de ficar pronto a 20 de Dezembro.
E a reconstrução dos pontões, a retirada dos troncos do leito da ribeira, a construção do caminho ao longo das margens? Também já estarão feitos ou não entrava no ajuste destes trabalhos?
"Estou a faltar à escola para protestar contra a inacção dos países no que toca às alterações climáticas — e tu também devias. Todas as sextas-feiras, falto às aulas e sento-me à porta do Parlamento do meu país e vou continuar a fazê-lo até que os líderes mundiais comecem a agir de acordo com o Acordo Climático de Paris."
Pode ler-se o resto da notícia e ver o vídeo no sítio do jornal Público.
Álvaro Amaro disse na Assembleia Municipal que as obras de despoluição do rio Noemi não têm garantia de nenhum financiamento europeu mas que vão ser feitas.
Quando o documento for público iremos ver que verba está alocada a essa rubrica. Se algum dos presente na reunião de Assembleia Municipal puder enviar essa informação, agradeço desde já.
Esta menina fez, no dia 1 de Dezembro, 108 anos. Poderia chamar-se a "Árvore da República", entre nós simplesmente "A Árvore". Classificada, retiraram-lhe a placa que contava a sua história. Assim se destrói a memória que estava perdida num pedaço de jornal antigo que encontrei. Relato, muitas décadas depois, de um aluno, que em 1910 na Festa da Árvore organizada pelo professor Francisco António Sanches. Diga-se que essa celebração, especial nesse dia, era organizada nos primeiros anos da nóvel República para fomentar os valores da Natureza, da Restauração e da Consciência Ambiental. Acrescento eu: e da Cidadania. Vivem-se tempos de apagamento da História e da Memória dos lugares. Com ou sem placa, a Árvore continuará, mais saudável que os regimes, matriarca da aldeia.
Na série "Sara" (excelente sátira ao mundo da TV e do espectáculo) que a RTP2 transmitiu recentemente, uma das personagens, actriz de novela, dá um conselho a uma actriz consagrada e competentíssima que recentemente chegou ao mundo da TV: "para sobressaíres numa cena tens de ser sempre a última a falar, nem que seja para dizer "pois"." Queria ela dizer que para ganhar protagonismo, devia roubar a cena ao colega, devia saltar por cima do argumento e dizer qualquer coisa para que fosse a última a falar.
Veio-nos isto à lembrança acerca da breve publicada n' O Interior em que se dizia que o presidente da Câmara, em resposta a um vereador do PS sobre o foco de poluição ocorrido recentemente na Quinta da Pocariça, afirmou "que iria multar a empresa quando fosse apurada a responsabilidade" (cito de cor).
A notícia não refere se o vereador da oposição contra-argumentou, se questionou a resposta ou se ficou satisfeito com a mesma. Aparentemente acabou tudo ali. E havia muito para contra-argumentar. Sobre como tenciona responsabilizar os intervenientes, sobre outros focos de poluição, sobre listas de poluidores, sobre estudos de despoluição, sobre trabalhos de despoluição que está comprovado não o serem. Porque não o fez? Por falta de preparação ou terá ficado de consciência tranquila por ter feito a pergunta e daí ter lavado as mãos logo a seguir? Recorde-se que os dois partidos do poder na Guarda têm responsabilidades na poluição do rio Noéme.
Por outro lado, o presidente permite-se responder a primeira coisa que lhe vem à cabeça, sem se rir, sabendo que ninguém o vai rebater. Não é de agora, é de sempre. Comporta-se pois como um mau actor cuja única preocupação é ser o último a falar, nem que seja sempre a dizer "pois". Às vezes nem precisa roubar a cena, basta-lhe aproveitar as deixas que os outros lhe dão. Quanto a esclarecimentos sérios, estamos conversados.
Vimos numa breve do jornal O Interior, que na última sessão de Câmara, o presidente terá dito que vai multar a empresa responsável pela última descarga poluente na Quinta da Poçarica noticiada anteriormente:
Se assim é, gostaríamos de saber:
- Que poder tem a Câmara para multar o poluidor? Ou que outros meios tem para puni-lo?
- Se os tem, porque não o fez antes em relação a outros poluidores conhecidos?
- Se não tem, para quê encher a boca com algo que não vai cumprir?
- Vai fazer o mesmo em relação à lista de poluidores que o vereador Sérgio Costa diz ter em seu poder?
No início todos éramos poluidores: fábricas, domésticos, cidade e concelho. Com a modernidade e algumas ETAR ficaram a ser só alguns. Depois uma conduta dita municipal mas usada por privados. Até que nos disseram que há uma lista mas que não pode ser revelada. Qualquer dia dirão que ninguém polui, nunca ninguém poluiu e a poluição do rio Noemi foi uma alucinação de nós todos.
"Nós não podemos estar a fazer este investimento e continuar com índices de poluição. Isso não aceito de maneira nenhuma. Tem de ter solução. Eu não reclamo novas ETAR, o que eu reclamo é despoluição dos rios, ou seja, o tratamento tem de ser feito de modo a que os rios sejam límpidos, transparentes e com vida", Álvaro Amaro em declarações à Rádio Altitude.
"Os agentes poluidores estão hoje, sejam empresas ou particulares, com uma grande sensibilidade e a fazerem investimentos justamente para que não haja essa poluição", Álvaro Amaro em declarações na Rádio Altitude.
1. Em 2016, no Dia da Cidade, Álvaro Amaro anunciou o projecto de despoluição dos rios Diz e Noéme. Na altura foram igualmente apresentados "os passadiços do Mondego". Falava-se na altura em 3 milhões de euros.
2. Em Janeiro de 2018, em entrevista à Rádio Altitude dizia que iria ter uma reunião com os poluidores identificados, que o projecto de "re-naturalização" avançaria após a despoluição e afirmava que arriscava tudo sem ter 1 euro e que lhe custaria aceitar que este projecto não tivesse enquadramento e financiamento no âmbito do programa comunitário 2020.
3. Em Maio de 2018 era noticiado que decorrente dos incêndios florestais o Fundo Ambiental por intermédio da Agência Portuguesa do Ambiente disponibilizaria 1 milhão de euros para regularização fluviais nas linhas de águas afectadas pelos incêndios de 2017.
4. Se o projecto de "re-naturalização" só avançaria após a despoluição então porque se estão a fazer os trabalhos agora, aparentemente pela ordem inversa? Ou os trabalhos agora anunciados não são de re-naturalização? 5. O blogue "Sol da Guarda" publicou ontem um post com a descrição e o valor das empreitadas feitas pelo Município da Guarda relativo a este tema. Total adjudicado: 1 390 215 euros. As descrições são bem indicativas do que se trata efectivamente. 6. Se só nesta fase se gastarão 1 390 215 euros, quanto custarão as restantes fases e o outro projecto?
À falta de esclarecimentos, poderemos concluir o seguinte:
Estes trabalhos nada têm a ver com o "estudo de despoluição dos rios Diz e Noéme" inicialmente anunciado. Provavelmente se não tivessem ocorrido os incêndios de 2017 esta verba não existiria e consequentemente estes trabalhos também não. A ser assim, o que agora se apresenta como a fase 1 da despoluição do rio Noéme, como a "revolução tranquila", nada mais é que um golpe mediático.
Que se façam as obras e que se resolva o problema de vez. Mas que não se tente levar as pessoas por parvas, pois ainda não será nesta fase. Nem se sabe quando será a próxima ou quando será fechada a conduta que despeja no rio na zona da Gata. Por isso não se apresentam estudos, calendários, orçamentos e planos de execução - para que as pessoas não saibam.
Quando o projecto de despoluição dos rios Diz e Noéme e os Passadiços do Mondego foram anunciados, em Novembro de 2016, noticiava-se um investimento na ordem dos 3 milhões de euros.
Se na fase 1 do projecto despoluição dos rios Diz e Noéme se vai gastar 1 milhão ou 1 milhão e 300 mil euros quanto custarão as restantes fases do projecto? E os Passadiços do Mondego?
Lemos em O Interior desta semana a notícia da despoluição do rio Noéme. Nada de novo face ao já noticiado a semana passada.
Subsistem dúvidas que nos parecem prementes. Começamos pelas mais fáceis, assim queiram os responsáveis esclarecer:
1. Porque não é público o estudo e o plano detalhado dos trabalhos?
2. Se esta fase tem de estar impreterivelmente terminada a 20 de Dezembro, porque não começaram antes? Estarão à espera que chova para que não possam intervir no leito do rio? 3. O que acontecerá se as obras não estiverem concluídas a 20 de Dezembro?
4. Quanto custa afinal esta fase da obra? O Interior e o Jornal do Fundão referem 1 milhão de euros; a Rádio Altitude noticia que o investimento será de 1 milhão e 300 mil euros.
5. Esse valor será para a requalificação das galerias ripícolas e das estruturas hidráulicas. Durante quanto tempo? Fazem agora e termina, ou algum desse valor será usado nos próximos anos para manter tudo limpo? Quantos anos?
"Diógenes, o fisósofo grego que fundou a escola cínica, vivia numa pipa. Quando Alexandre, o Grande, o visitou enquanto relaxava ao sol e lhe perguntou se havia algo que pudesse fazer por ele, o cínico respondeu a conquitador todo-poderoso: "Sim, pode fazer algo por mim: por favor, chegue-se um pouco para o lado, está a tapar a luz do sol", Yuval Noah Harari, in Sapiens
...Godot! "O senhor Godot manda dizer..." "Já sei, já sei... já me disse ontem" "O senhor Godot manda dizer que chega amanhã"
(Foto de Filipe Ferreira publicada no site do Teatro Nacional Dona Maria II)
Um rio poluído há mais de 30 anos: "Vamos impedir as descargas poluentes e punir os infractores"; "amanhã... lembra-te que esperamos Godot".
A complacência das autoridades: "Vamos cumprir o nosso dever e fazer o que os Cidadãos esperam de nós"; "mais tarde... lembra-te que esperamos Godot".
A falta de vergonha e de ética dos poluidores: "Havíamos de acabar com isto"; "um dia, logo vai, lembra-te que esperamos Godot".
Um Rio, destruído, lança um grito de desespero à Humanidade pela sua salvação. "Mas só estamos nós aqui. Temos hoje, aqui neste lugar, a oportunidade de representar toda a Humanidade". Mas esperamos Godot. Ficamos de braços cruzados à espera de Godot.
Talvez o humor seja a solução perante as anedotas que burocratas nos servem todos os dias sob a forma de esclarecimentos (quando se dão ao trabalho de os prestar, mesmo nos dias em que esperam/esperamos Godot), mas...
Quando algum responsável político faz uma declaração tem em mente passar aos remetentes uma determinada mensagem comunicacional. Que pode ser apreendida ou não. Que pode ser directa ou não. Que pode ter ou não entrelinhas e notas de rodapé. Resumindo: nem tudo o que é dito pode querer exactamente dizer aquilo que aparenta.
Quando um vereador questiona um responsável político tem como objectivo obter respostas.
Ora bem, da notícia da Rádio F que referi neste post, não entendemos se o tema foi abordado na reunião de Câmara por iniciativa da oposição ou da situação e se a oposição ficou devidamente esclarecida. Por exemplo, a notícia faz referência à ETAR do Mileu. Pressuponho que seja um lapso e que se refira à ETAR de São Miguel e nesse caso devemos perguntar: quando vai ser aumentada a sua capacidade? A notícia não refere. Terá o presidente referido na sua comunicação? Provavelmente só se saberá quando tivermos acesso à acta da reunião... quando aparecer, pois parece que estão atrasadas.
Nós não ficámos esclarecidos e parece-nos haver aqui um ensaio de discurso nas entrelinhas. A ver vamos. Aproveito para solicitar publicamente o estudo de despoluição referido e a pedir mais uma vez que respondam aos emails que estão na caixa de correio do SMAS e do vereador responsável.
Nunca se faloutantode Água e lançaram tantos alertas para a falta dela.
Por cá, não se dá a mínima atenção e continuamos a poluí-la. Destruímos o rio Noemi com leviandade e a impunidade total. E quem deveria fazer alguma coisa, deixa! Andamos há anos a chamar a atenção para a necessidade de uma Cartografia da Água do concelho da Guarda... rios, ribeiros, lagos, presas, lençóis friáticos, nascentes, fontes... todos devidamente documentados para que se possam acautelar.
Lembro-me que antigamente ninguém fazia um poço numa propriedade sem antes chamar o vedor que com auxílio da sua vara indicava o sitio onde estava a nascente e consequentemente se deveria escavar. Um dia destes, bem poderemos procurá-la mas já não existirá.
Em "Mon oncle" e mais evidente em "Playtime", o realizador francês Jacques Tati fez uma crítica à sociedade capitalista, ao consumo desenfreado, às novas organizações da sociedade e, se quisermos, ao progresso. Não ao progresso que proporcionou a melhoria da qualidade de vida das pessoas, mas aquele que acabou com as experiências autênticas e transformou (destruiu?) os lugares, as memórias, as cidades, tornando-as todas iguais. Monsieur Hulot, o protagonista dos filmes, está lá para nos mostrar isso mesmo.
É ponto assente que o progresso trouxe, por exemplo, saneamento básico e água canalizada à casa das pessoas, retirou gente da pobreza, permitiu o aumento da esperança média de vida ou a circulação rápida de pessoas, bens e ideias. Por outro lado, intensificou a destruição dos recursos naturais e dos ecossistemas com as consequências que hoje estamos a sentir. Destruímos para produzir mais e nem o maior conhecimento que hoje existe parece fazer aumentar a consciência ecológica no sentido de uma mudança efectiva de comportamentos.
E a Guarda? Do ponto de vista ambiental sabe-se que continua a poluir um rio; como cidade comporta-se seguindo lógicas que fizeram moda nos anos 80 sem um bocadinho que seja de inovação. Nas rotundas, iguais em todas as cidades deste país, na manipulação da comunicação, na inauguração com pompa e circunstância das obras para inglês ver, dos sunset e noites brancas... Era, por exemplo, notícia por estes dias de estio, o anúncio da chegada da água a alguns lugares do concelho. Não o deveria ser em 2018!!! Poder e oposição não têm uma ideia que puxe a Guarda para cima e que galvanize os Cidadãos.
Por outro lado, despreza-se o antigo, a memórias, as tradições, aquilo que verdadeiramente nos torna único. Foi também notícia, que o presidente Amaro andava à procura da gastronomia da Guarda ou do padroeiro da cidade. Ele que vá à Biblioteca e consulte os livros e as publicações que em tempos a Câmara Municipal editou e talvez encontre respostas aos seus anseios. Já agora, porque deixou a autarquia de produzir conhecimento? Mas há pedradas no charco: veja-se o intenso e sério trabalho que pessoas como Américo Rodrigues, César Prata e todos os que colaboram no Teatro do Calafrio têm feito na busca das nossas tradições e na sua adaptação à contemporaneidade. Genuínos, sem nostalgia, sem naftalina e sem modernismos bacocos. A não perder o espectáculo "Os Romances da Menda" que irão apresentar em Castelo Mendo no próximo dia 15.
Despertemos enquanto sociedade, sejamos mais exigentes e críticos com o que nos propõem caso contrário acabarão por nos tentar (e conseguir) vender aspiradores com faróis como no filme.
"Los expertos reunidos en la Semana Mundial del Agua alertan de la urgencia de adoptar soluciones basadas en la naturaleza para evitar una crisis hídrica a escala global" pode ler-se no lead do artigo do El Pais.
Não me canso de repetir: a Guarda polui, polui, polui um rio há mais de 30 anos e as entidades oficiais continuam a deixar que isso aconteça.
Descobri na minha caixa de correio que ainda tinha um email de 2017 por responder do SMAS Guarda. Esse email era já uma insistência de outros emails por responder desde 2016.
Reenviei (com conhecimento do vereador responsável por essa área, tal como tinha feito nos anteriores), não tenha ficado também perdido nas caixas de correio da Câmara Municipal da Guarda.
Esta reportagem da edição de 22 de Agosto do Público traça uma história da luta pelo Ambiente em Portugal, nas palavras de Carlos Pimenta (ex-Secretário de Estado).
Muito foi feito, muito continua por fazer. Veja-se o caso de poluição do rio Noemi (um micro-problema face aos grandes desafios das alterações climáticas, por exemplo). “Já não são os problemas do ambiente de proximidade — que se resolvem com estações de tratamento, com filtros, e outros. O problema do clima é o problema da maneira como vivemos", refere. Mas não deveriam ser esses problemas mais fáceis de resolver? Porque demora tanto tempo a resolver-se a poluição deste rio? Haverá mesmo vontade?
“Tudo volta à questão de cidadania. As pessoas, nas suas múltiplas vertentes, têm de ser confrontadas com a sua responsabilidade, com o seu padrão de consumo, sejam consumidores, patrões de uma indústria ou autarcas”, conclui Carlos Pimenta.
Uma excelente entrevista a Tiago Rodrigues (tem ligações familiares à Guarda), director do Teatro Nacional D. Maria II.
Numa sociedade onde a Cultura tem papel primordial, a intervenção cívica e a exigência dos Cidadãos aumenta. É precisamente isso que os poderes instituídos pretendem limitar. Cidadãos que pensam por si próprio são inconvenientes e não aceitam tudo o que lhes dão sem questionar.
Uma excelente entrevista sobre os recursos hídricos em Portugal, a seca, as consequências da poluição dos rios e o que tem sido feito pelo poder político ao longo dos anos.
"Houve extinções maiores das espécies vivas antes da nossa. A última foi a que teve lugar há 65 milhões de anos e que conduziu ao desaparecimento dos dinossauros. Uma extinção causada pelo impacto de um asteróide que veio de fora e chocou contra a Terra. Hoje estamos numa situação diferente, o asteróide somos nós próprios, enquanto força antropocénica, enquanto força de construção e destruição do mundo. Destruindo o planeta, alterando o clima, tornando o solo infértil, produzindo a diminuição da biodiversidade, somos a causa da destruição do ser vivo."
Uma interessante entrevista ao filósofo Frédéric Neyrat .
De uma coisa temos a certeza: os canteiros verdes e viçosos das rotundas da Guarda não vão arder. O mesmo não poderemos dizer com tanta certeza do resto, avaliando o estado em que se encontram as bermas das estradas do concelho. Se os privados aderiram de forma mais ou menos obrigada à limpeza dos seus terrenos, o mesmo não se vê nos locais que competem ao poder público.
PS: o tal pátio do centro da aldeia do Rochoso cuja história temos aqui relatado e do qual têm conhecimento formal as autoridades, continua coberto de enorme matagal. À espera da tragédia.
Estive para escrever “a ignorância é por vezes atrevida”, no título deste post. Mas atribuir tudo a ignorância simplifica em demasia o problema. Julgo tratar-se de um caso de populismo, demagogia e tentativa de destruição da memória histórica e cultural.
Isto a propósito do desafio que o presidente da Câmara da Guarda diz que irá fazer aos restaurantes da Guarda para que inventem um “prato típico da Guarda”. Como se não os houvesse, como se não se comesse na Guarda antes de ele chegar cá. Lembremo-nos da comida da matança, das ceifas, do Domingo Gordo ou das festas... Se procura produtos endógenos recomendo-lhe a leitura de um certo livro que encontrará na Biblioteca.
De qualquer forma, e sem perder mais de cinco minutos que não os merece, se anda à procura dos comeres da Guarda sugiro-lhe os peixinhos fritos no Noemi com pimentos curtidos.
O professor Marcelo está de férias a visitar as praias fluviais do Interior conforme noticia o Expresso. Faz muito bem, bem precisam os rios do Interior de quem olhe por eles. Os que estão bem e os que estão mal.
A Presidência da República conhece o problema que afecta o rio Noemi. Respondeu muito rapidamente a uma carta que lhe foi enviada sobre o tema. Convido-o por isso a fazer um pequeno desvio e venha ter ao Rochoso. Daqui partiremos para uma visita pelo Noemi para se inteirar do problema, vendo-o, e patrocinar esta causa.
Não lhe consigo prometer imagens bonitas. Mas uma boa merenda no final, sim.
"Há um tempo antes e um tempo depois do penico. Ou do bacio, se se preferir. Há uma era do penico no mobiliário, em que as mesas-de-cabeceira tinham uma tipologia própria, paralelepípedos com uma porta na base para se guardar o bacio para as urgências nocturnas. Há uma era do penico no urbanismo português, quando o saneamento básico ainda era uma história de água vai, bem medieval, janela fora,"
Bem escrita esta pequena história do penico, publicada no jornal Público. Faltou referir os rios que têm sido os penicos das fábricas e das cidades por este Portugal fora. Chiça penico, que nunca mais acabam as descargas poluentes.
Veio-me à lembrança o Noemi, o bacio da Guarda desde os anos 80.
Há 183 dias Álvaro Amaro falou aos microfones da Rádio Altitude sobre a despoluição do rio Noemi. Há 84 dias, à margem de uma declaração na Rádio F sobre os Passadiços do Mondego disse andar à procura de dinheiro para a despoluição do rio Noemi. Não sabe mais nada desde então.
Basta dar um pequeno passeio nalgumas estradas do concelho para se ver o estado em que se encontram as bermas. Espero que não se lembrem de as limpar agora.
Depois das tragédias do ano passado e de todas as campanhas de limpeza e fiscalização ainda há locais que não foram limpos e constituem iminente perigo.
Relatei este caso em Fevereiro e já passaram todos os prazos para a Câmara Municipal da Guarda assumir a resolução do problema.
"El problema que se nos plantea ya no es cómo mantener el ritmo cotidiano de la urbe, sino de qué manera combatir la fatiga mental en un entorno que nos sobreestimula y nos impide poner el contador a cero. Muchas veces, cuando cerramos los ojos en busca de una evasión momentánea, viajamos mentalmente a un bosque, a un lago, a un valle. Y no es casual que nos transportemos allí para recuperar el sosiego."
Muito interessante este artigo publicado na revista semanal do El País sobre o efeito que a Natureza tem no controlo do stress. O problema fica mais grave e complexo quando a Natureza é destruída (veja-se o rio Noemi)...
Num post de 2010 falava nas gavetas do Presidente. Muitos anos passados, continuam bem fundas a guardar estudos e informação não disponível aos Cidadãos.
Ouvi na Rádio Altitude a inadmissível reacção do presidente da Altice. Não gosta de perguntas e não responde a perguntas que não tenham "elevação intelectual". De forma irritada e arrogante.
Vem isto a propósito do dever de informar e de responder a questões, sejam da comunicação social ou dos cidadãos. O escrutínio das empresas é feito pelo mercado e punível se for caso disso pelos clientes; o dos governantes é feito na altura do voto. Sobre a poluição do rio Noéme a Câmara da Guarda não diz que não responde como este senhor da Altice fez, mas também não responde, não esclarece, não presta contas.
Numa altura é que são apresentados projectos de tudo e de nada, onde está o projecto de despoluição do rio Noéme? Que é feito dele? Em que gaveta está?
Estreia hoje e estará em cena até dia 1 de Julho, no Teatro Municipal São Luiz em Lisboa, a peça "Jângal" do Teatro Praga.
Nas palavras dos autores: "Jângal: “Floresta, matagal, na Índia Portuguesa; deserto.” Nesta definição revelam-se propósitos coloniais mas a sua etimologia remete-a para o sânscrito em que designava terra inculta (sem cultura dominante), um terreno por explorar, lugar de possibilidades infinitas por começar. Jângal é teatro que enfrenta o mundo danificado que temos, propondo histórias de encontros entre espécies, existências e ficções. Uma garrafa, um dragão, uma ventoinha ou uma cantora procuram modos de convivência e habitar juntos."
Pode ouvir-se a notícia sobre o espectáculo no sítio da TSF.
A Água como fonte de desenvolvimento: faria bem aos decisores públicos lerem esta reportagem publicada na Fugas, suplemento de viagens do jornal Público.
Partilho a Nota de Imprensa Nº 04/18 que o Núcleo Regional da Guarda da Quercus enviou a propósito do Dia Mundial do Ambiente que ontem e comemorou e um vídeo realizado pela mesma entidade com descargas poluentes ocorridas nos rios Diz e Noemi em Junho: