Hoje a água corrente pode matar a gente, mas nem sempre foi assim. Tempos houve em que era possível em dia de calor, curvar perante qualquer ribeiro e encostar os lábios à água para matar a sede. Ribeiros, fontes, nascentes tinham água com fartura para homens e animais. E não havia qualquer problema.
A degradação da qualidade da água nos dias de hoje não se deve apenas ao despejo dos efluentes nas linhas de água pois mesmo em rios não poluídos já não é aconselhável beber directamente na fonte. Isso explica-se porque as pessoas deixaram de cuidar da água. Pensemos naquilo que os nossos velhos faziam à água nos tempos da agricultura sem adubos e pesticidas: regos de água completamente desentupidos; terras lavradas e limpas que permitiam a infiltração nos lençóis friáticos; rios, ribeiras, ribeiros a caminhar sem obstruções em direcção aos rios maiores; águas constantemente renovadas pelas regas sucessivas no Verão. Faz-se hoje alguma coisa?
Não havia uma preocupação ambientalista consciente. Havia sim, um equilíbrio entre o que a Natureza dava e o que o Homem precisava no seu dia-a-dia. Por isso pensar que se resolvem problemas ambientais por decreto ou injectando capital no problema é um erro. Voltaremos a ter um ambiente equilibrado quando o Homem voltar a respeitar a Natureza e voltar a ver o que a terra dá como uma dádiva, porque só se cuida daquilo que se gosta.
Claro que no caso da poluição do rio Noéme o problema é muito mais complexo. Constata-se que faliram as leis e os que deveriam ser os seus aplicantes. O que resulta do capital investido no problema (tarde e a más horas) continua sem estar em funcionamento. Em relação às questões da gestão da água voltarei novamente ao tema.