terça-feira, 30 de dezembro de 2014

2015

Na apresentação do livro "Guarda os produtos de cá", o meu amigo Mário Martins dizia a dada altura "não há causas perdidas enquanto se luta por elas". Isto porque com frequência apresento-me blogger de causas sem efeito. Em 2015 este blogue fará 6 anos e o rio Noéme continuará poluído. Está assim desde finais da década de 80 é preciso realçar. Os que lutam por este Rio não são culpados: há poluidores e entidades incompetentes, que fazem e deixam acontecer.

Em 2015 podem esperar que esta luta continue. No terreno e neste espaço. Mais, vou iniciar em 2015 a pesquisa para um livro em que este processo ficará devidamente registado sem estar sujeito à efemeridade das páginas de um blogue. Sei o que quero fazer, embora não tenha ainda uma metodologia bem definida, nem sequer a certeza de puder aceder às fontes que pretendo consultar. Há-de se resolver, aliás como sempre.

Conta-se que Mozart, numa carta dirigida a seu filho a propósito de música, dizia que "a cada 10 conhecedores haveria 100 ignorantes e que por isso devia tentar falar para todos". Respondeu-lhe o filho, que não se preocupasse, que a sua música chegava a todos inclusive aos que tinham "orelhas longas". Não fossem essas orelhas metafóricas e muito chapéu andaria no ar por estas terras. Mas mais ainda que ignorantes, há os que escondem a cara com o chapéu. Aqueles que não tomam partido ou o tomam de forma incoberta, procurando agradar a uns e outros. Escondidos num silêncio que de tão ruidoso se torna cúmplice não têm o respeito de ninguém, talvez às vezes umas migalhas do que julgam ser o poder. Aos "murmuradores, mordedores e maldizentes (...) os quais são prasmadores do bem feito e nenhuma coisa boa sabem fazer", nas palavras de Duarte Pacheco Pereira*, o desprezo.

Nesta questão do rio Noéme não há lugar a posições dúbias: ou se é favor de um rio despoluído ou se é contra. Os que optam por silêncios e omissões várias entram no lote dos que preferem manter o rio tal como está agora. Lá saberão de si. "Pensar incomoda mais que andar à chuva" dizia o poeta. Nesta luta é preciso pensar, escrever, agir, andar à chuva: pelo Noéme, pelas nossas terras... Só é derrotado quem desiste de lutar e porque a razão está do nosso lado, o rio Noéme vai voltar a ser o que era.

Um bom 2015 para os leitores e amigos.


*Duarte Pacheco Pereira foi um navegador e cosmógrafo português nascido em 1460, autor da obra "Esmeraldo de Situ Orbis". Luís de Camões dedicou-lhe os seguintes versos n' Os Lusíadas: 
"E vereis em Cochim assinalar-se
Tanto um peito soberbo e insolente,
Que cítara jamais cantou vitória,
Que assim mereça eterno nome e glória"

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Feliz Natal

Desejo a todos os leitores e amigos um Feliz Natal!



A imagem foi retirada do blogue "O Homem que Sabia Demasiado" e, conforme é explicado, foi pintada por Salvador Dalí no âmbito de uma colecção de postais de Natal.

Basta seguir o rasto do efluente

Ainda acerca da notícia da semana passada, para se descobrir o que polui, basta seguir o rasto da..., em palavras mais bonitas, do efluente.



A notícia é esta:

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A Câmara da Guarda e a Águas do Zêzere e Côa não comentam as declarações?

Colocados os argumentos nestes termos, a Câmara Municipal da Guarda deve destruir a conduta que despeja os efluentes no rio, a Águas do Zêzere e Côa deve vir a público explicar se as ETAR funcionam ou não bem e a Cidade deve ter maior consciência ambiental e voltar a adoptar o penico de loiça ou de esmalte.

Notícia completa aqui:

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Respostas da Águas do Zêzere e Côa no dia 10 de Dezembro de 2014

A ETAR de S. Miguel ainda não se encontra a receber efluentes da EEAR da Quinta da Granja, pelo que, os efluentes industriais, libertados pela Têxtil Manuel Rodrigues Tavares, SA (TMRT), não estão a ser tratados na referida ETAR de S. Miguel, explorada pela Águas do Zêzere e Côa, SA (AdZC).

Conforme informado em 18/06/2014, em 28/02/2014, foi realizada uma reunião entre as três entidades (além da AdZC e da TMRT, a Câmara Municipal da Guarda (CMG)), na qual ficaram definidos os passos seguintes do processo e a quem os mesmos incumbem.

A TMRT informou que tinha novos dados de caudal e carga poluente, tendo-se comprometido a fornecê-los, o que aconteceu em 29/04/2014.

Com os novos dados, a AdZC comprometeu-se a consultar o projetista para reavaliação da capacidade de receção da ETAR de S. Miguel, tendo este apresentado proposta, para efetuar o novo estudo, em 16/05/2014.
Nos termos da reunião de fevereiro de 2014, em 21/05/2014, a AdZC enviou, à TMRT (cc/ CMG), a proposta do projetista, para pronúncia.

Estando dependente da pronúncia da TMRT, a realização do novo estudo, a AdZC continua a aguardar indicação da TMRT, para esse efeito.

Além do supramencionado, para que a EEAR da Granja, entre em funcionamento, também é necessário instalar equipamento de monitorização e controlo de poluição (na referida EEAR), cujo custo, no entendimento que tem sido expresso pela AdZC, deve ser suportado pela entidade poluidora.

Não estando reunidas as condições para a receção, pela ETAR de S. Miguel, de tais afluentes, a EEAR da Granja ainda não entrou em serviço, não havendo, para já, data prevista para esse evento.

Questões colocadas à Águas do Zêzere e Côa no dia 26 de Novembro de 2014

Exmo Senhor Administrador da Águas do Zêzere e Côa

Em relação ao encaminhamento dos efluentes industriais da Fábrica Têxtil Manuel Rodrigues Tavares para a ETAR de São Miguel através da Estação Elevatória Quinta da Granja e a poluição do rio Noéme, e face às recentes declarações do sr. presidente da Câmara Municipal da Guarda na Rádio Altitude de dia 21/11/2014, gostaria de colocar as seguintes questões:

1. Há alguma data prevista para o início desta operação para o encaminhamento dos efluentes da empresa Têxtil Manuel Rodrigues Tavares para a ETAR de São Miguel através da Estação-Elevatoria Quinta da Granja? O que falta fazer?

2. Qual o ponto de situação deste processo?

3. Já foi feito o estudo sobre o tipo de efluentes que serão tratados e em que quantidades? 

4. Nessas declarações o sr presidente da Câmara Municipal da Guarda refere que está em articulação com a Águas do Zêzere e Côa para encontrar uma solução. A empresa Têxtil Manuel Rodrigues Tavares já cumpriu as suas obrigações decorrentes do protocolo assinado entre as 3 partes?

5. Nas mesmas declarações,  o sr presidente da Câmara Municipal da Guarda refere que o protocolo tem "terras de ninguém" e que foi necessário voltar a negociar com a empresa Águas do Zêzere e Côa alguns pontos. De que se trata? O que falta fazer? Que equipamentos são esses e estamos a falar de que custos?

6. Desse protocolo, que responsabilidades estão atribuídas a cada uma das partes? O que falta cumprir por parte de cada uma das partes?

7. Os protocolos assinados entre a Águas do Zêzere e Côa, Câmara Municipal da Guarda e Fábrica Têxtil Manuel Rodrigues Tavares são públicos? Como posso obtê-los para divulgação pública?


As resposta a estas questões serão publicadas no blogue Crónicas do Noéme

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

"Memória doutro Rio", Eugénio de Andrade


São muito vastas as noites de insónia, quase sempre atravessadas por um rio. Quando não chove, confusamente dispo-me atrás dos amieiros e abandono-me à corrente. Sigo para o sul, que é para onde correm todos os rios, pelo menos os meus. 

Um dia, numa língua de areia, avistei dois corpos que se penetravam exasperados. Fiquei aterrado: primeiro pensei que ele a estava a matar, a seguir que ambos estivessem a morrer, só depois percebi o que se passava, e o meu próprio corpo se exasperou. Quando acabaram, a mulher chorava e o homem quase lhe mijava em cima. Afastaram-se cada um para seu lado, sem trocarem palavra. 
Contei o que vira a um pastor que encontrei mais abaixo. Pouco mais velho era do que eu, mas mostrou-me como o prazer não tem forçosamente que ver com a culpa. Quem não sabe que os corpos também podem ser conjunção de águas felizes?

Eugénio de Andrade

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Carta aberta ao presidente da Câmara Municipal da Guarda

Exmo senhor presidente da Câmara Municipal da Guarda

Venceu por estes dias o primeiro ano do contrato que estabeleceu com os Cidadãos da Guarda. Neste ano de mandato, referiu-se por uma vez à poluição do rio Noéme em Março de 2014 no âmbito de uma reunião de Câmara que realizou na freguesia de Panóias. Não tem o SMAS, serviço que tutela, respondido às questões que lhe são colocadas sobre a data de entrada em funcionamento da Estação-Elevatória Quinta da Granja. Por estes dias, em declarações à Rádio Altitude referiu que há "terras de ninguém" no protocolo e dinheiro a menos para resolver o problema. Refere bastas vezes nessas declarações que conversa com a Águas do Zêzere e Côa sobre o assunto mas nunca refere o causador das descargas poluentes.

Não lhe vamos perguntar o que fez este ano para resolver o problema. Sabemos a resposta: nada de prático! Sabemo-lo nós e os que conhecem o rio Noéme. No dia 1 de Novembro ocorreu uma descarga poluente; no passado dia 15, quando foi ao Rochoso, se o tivessem levado à ribeira ou tivesse querido ver, testemunharia o mesmo que nós: um manto de espuma a cobrir as águas do rio. Não se evitam as descargas poluentes para minimizar o problema:  proíbem-se, intervém-se, chama-se a polícia quando ocorrem.

Continua a menorizar os Cidadãos com expressões como "não vou entrar aqui em discussões técnicas". Entre, apresente os factos, torne público esse protocolo e deixe os Cidadãos avaliar o problema. Não se escude em quadros comunitários. Não espere que haja dinheiro para a despoluição do Rio. Impeça as descargas poluentes destruindo a canalização que despeja no Rio. Resolva o problema que foi para isso que foi eleito. Até quando deixará que isto continue a acontecer?


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O que é isto?

Opção A - O banho do presidente
Opção B - Poluição no rio Noéme
Opção C - Festa da espuma numa discoteca