A 12 de Maio de 2009 criei o blogue "Crónicas do Noéme". "Tenho esperança que este espaço sirva de denúncias, desperte consciências e seja consequente na resolução deste grave problema ambiental que afecta o nosso concelho" escrevi então.
Hoje, passados quatro anos, mais de quinhentos posts publicados, milhares de visitantes, dezenas de artigos na imprensa e... continua tudo na mesma. Pode dizer-se muita coisa mas o rio Noéme continua igual. Pode ter passado muita água debaixo das pontes mas o que acontecia em 2009 continua. Acreditei que a força da razão que tínhamos (temos!) chegaria para vencer esta guerra. Não se pede nada de extraordinário: apenas que deixem de poluir o nosso rio. O rio Noéme é de todos, e fazia (faz!) todo o sentido que não seja usado como recurso particular.
Foi-nos prometido, que seria resolvido o problema rapidamente. Até foi dado a entender que seria fácil de resolver. Não o foi. Fomos enganados. Por fraqueza, desinteresse, cumplicidade ou má-fé as autoridades que nos representam não resolveram o problema. Resumi todo o processo neste post. Em 2011, a poluição do rio Noéme chegou à Assembleia da República através do Partido Ecologista Os Verdes. Em resposta, o Ministério do Ambiente disse: "O Município da Guarda está (...) notificado para fazer cessar de imediato a rejeição de águas não tratadas...".
O local das descargas poluentes está à vista de todos. Conhecido, documentado, denunciado. Dezenas de vídeos e fotografias foram aqui publicados e enviados para todas as entidades oficiais. É conhecida a origem dos detritos. No entanto, continuam os poluidores a achar que podem continuar a fazê-lo e que, pasme-se, é normal. Que por força de lei e de não sei que papéis assinados é legal. Está visto que não é. E ainda que o fosse, provando-se como se prova que é prejudicial, não deveriam pôr os interesses particulares à frente dos interesses comuns da sociedade. Mas isso da responsabilidade social das empresas é discurso demasiado elaborado para os nossos empresários. A suspeita, o rumor, de que haverá outras fontes de poluição só servem para desviar as atenções. Se as há, identifiquem-nas claramente e denunciem-nas. Podem ter a certeza que percorrerei tantas vezes quanto necessário o rio Noéme em busca de detritos despejados no rio.
Se fôssemos uma sociedade mais exigente e interventiva estou em crer que este problema já estaria resolvido. Também estou consciente que numa sociedade mais exigente e interventiva este problema nem existiria. Neste momento estão esgotadas todas as alternativas. Não há qualquer horizonte temporal para a resolução do problema. Se a Câmara Municipal da Guarda não consegue arranjar uma solução (se existe estação-elevatória o que falta para que se ligue à ETAR?), se a fonte poluidora não consegue tratar dos seus detritos resta uma solução: destruir a conduta que despeja no rio Noéme. Assim as populações não terão de suportar mais prejuízos causados por terceiros.