Somos bombardeados por esta altura do ano com toda a espécie de balanços do ano que passou. Este espaço, que apareceu na blogosfera a 12 de Maio não será excepção.
É certo que o Rio Noéme não se encontra ainda despoluído (longe disso, como facilmente verifica quem passa junto a ele). Contudo, o tema saiu do esquecimento, entrou no debate público e tem promessas de resolução para o primeiro semestre de 2010.
Alguma Comunicação Social pegou no tema e trouxe-o para a praça pública (em baixo um quadro resumo das notícias que surgiram). E até foi tema de debate nas últimas autárquicas (!!!)
Por último, uma palavra de agradecimento aos blogs amigos que adoptaram a luta como sua. Em particular, o Café Mondego onde o assunto foi por diversas vezes debatido.
Em 2010, que esperamos seja o ano da despoluição do Noéme, continuaremos a defesa intransigente do Rio.
Convite para Apresentação de Pré-Candidatura: 1. Âmbito A Administração da Região Hidrográfica do Norte torna público que considera submeter uma candidatura ao Fundo de Protecção dos Recursos Hídricos, instituído no âmbito da Lei nº 58/2005, de 29 de Dezembro (Lei da Água) e resultante da Taxa de Recursos Hídricos criada pelo Decreto-Lei nº 172/2009, de 3 de Agosto, para apoiar a concretização de intervenções de protecção e valorização de recursos hídricos
4. Tipologia de operações 1. Projectos tendentes a minorarem a carga poluente objecto de rejeição nos meios hídricos; 2. Projectos tendentes a melhorarem os ecossistemas hídricos; 3. Projectos que contribuam para o controlo de cheias e outras intervenções de sistematização fluvial; 4. Outros projectos que contribuam para a protecção e valorização dos recursos hídricos no âmbito das competências da Autoridade Nacional da Água e das Administrações das Regiões Hidrográficas.
É o braço do abeto a bater na vidraça? E o ponteiro pequeno a caminho da meta! Cala-te, vento velho! É o natal que passa. A trazer-me da água a infância ressurecta. Da casa onde nasci via-se perto o rio. Tão novos os meus Pais, tão novos no passado! E o Menino nascia a bordo de um navio Que ficava, no cais, à noite iluminado... Ó noite de Natal, que travo a maresia! Depois fui não sei quem se perdeu na terra. E quanto mais na terra a terra me envolvia E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra. Vem tu, Poesia, vem agora conduzir-me À beira desse cais onde Jesus nascia... Serei dos que afinal, errando em terra firme, Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?
David Mourão-Ferreira Obra Poética 1948-1988
Retirado do "Contexto - Boletim do Agrupamento de Escolas de S. Miguel", Nº 1, Dezembro 2009, distribuído com "O Interior" de 17/12/2009
No Noéme dos Verões da minha infância recordo-me de três sons característicos: o coachar das rãs, o chilrear dos guarda-rios e os motores de rega a trabalhar.
Canoagem no Rio Maçãs - a notícia descreve-nos uma descida do rio em kaiak que contou com a presença de 120 participantes.
Já falei neste espaço no Rio Maçãs situado no concelho de Bragança. É um rio agradável, limpo, onde o homem convive em perfeita harmonia com a Natureza. Parece evidente que um Noéme despoluído e devolvido às populações seria uma mais-valia para o turismo e a imagem do concelho. Quando se fala em afirmar e vender a marca "Guarda" é necessário aproveitar todas as potencialidades existentes. Neste momento o rio é, em linguagem bancária (e em sentido literal), um "activo tóxico".
Cheguei a pensar que a delegação da RTP na Guarda tivesse deixado de funcionar. Ou que tivesse sido deslocalizada. Ou que não existissem notícias relevantes na Guarda. Mas na semana passada fiquei mais sossegado: no dia da inauguração da intervenção na Torre de Menagem lá vi uma reportagem sobre o tema no programa "Portugal em Directo".
Então porque é que nunca vimos na RTP uma notícia sobre a poluição no Noéme? Não sei. A existência de delegações nas diversas regiões deveria aproximar o repórter da notícia, falar do que de bom e de mau acontece a nível local. E como serviço público que é (seja lá o que isso signifique, porque para mim o exercício do jornalismo é serviço público por definição) deveria ter mais obrigações. Mas não tem tido. Para os que insistem em encarar o jornalismo numa óptica empresarial (como muito se ouve hoje em dia) seria bom que no final de cada ano houvesse um balanço da actividade noticiosa onde se justificaria o porquê da publicação ou rejeição de certas notícias. A bem da transparência.
Sou dos que gostam de acreditar num jornalismo independente, curioso, de investigação, que procura respostas, que questiona, que não se acomoda, que não se deixa enganar, que não engana, irreverente, imaginativo - com o objectivo de Informar. O jornalismo não pode ser nunca um exercício de vaidade. Nem estar preso a nada que não seja a consciência do jornalista.
Vi este cartaz em Lisboa junto a uma árvore perto do escritório onde trabalho. No nosso caso, poderíamos colocar junto às fábricas que poluem um muito semelhante: "Resíduos, no Noéme NÃO"
Na primeira reunião do novo executivo camarário o problema o Noéme foi debatido, conforme nos relata a imprensa local desta semana:A Guarda,Nova Guarda e O Interior
Sopram ventos de esperança.
Nota 1: Critiquei neste espaço a candidatura do PSD à Câmara Municipal da Guarda durante a campanha eleitoral por esta não incluir no seu programa qualquer referência à despoluição do Rio Noéme. Tenho agora que elogiar o comportamento dos seus vereadores trazendo o assunto à discussão. Nota 2: Parece-me haver boa-vontade por parte da Câmara Municipal da Guarda na resolução do problema. Vamos aguardar que as promessas sejam cumpridas. Nota 3: Estranho que ao longo de todo este tempo não tenha havido no jornal "O Interior" e no "Terras da Beira" qualquer referência à poluição do Noéme ("O Interior" refere o que foi dito sobre o assunto na cobertura que fez da reunião camarária desta semana). Interesse jornalístico?
"É o dia 10 de Janeiro (...) do quadragésimo nono ano antes do nascimento de Cristo. O Sol escondera-se havia muito por detrás dos montes Apeninos. No escuro, os soldados da 13ª Legião mantinham-se concentrados e alinhados à espera da ordem de marcha. (...) Ao longo de oito anos e de sucessivas campanhas sangrentas tinham seguido o governador da Gália (...) Regressados agora dos ermos bárbaros do Norte, davam consigo alinhados junto a uma fronteira muito diferente. À frente deles espraiava-se um estreito riacho. Do lado dos legionários situava-se a provínciada Gália e no extremo mais recuado (...) a estrada que conduzia a Roma. Porém se a 13ª Legião enveredasse por esse caminho cometerial uma ofensa mortal, transgredindo (...) as leis mais severas do povo romano. Com efeito, isso equivaleria mesmo a declarar uma guerra civil. (...) Levar as armas à posição de ombro, avançar... e atravessar o Rubicão." "Rubicão", de Tom Holland
O crime ambiental continua. O Noéme tem sido constantemente atacado, sendo a situação verificada dia 21 de Outubro mais um exemplo. Todos os dias, desde a rotunda da A23 até à Gata cheira a podre, cheira a morte. As populações continuam a ser expoliadas de um bem que é de todos. Alguns usufruem, destroem, matam impunemente como se fossem donos dos lugares. São uma espécie de novos senhores feudais que tudo fazem e tudo podem.Isto tem de ter um fim. Arregimentemos tropas. Revoltem-se os servos da gleba. Atravessemos nós também o nosso Rubicão.
Ouvi que a Rádio Altitude noticiou hoje de manhã que o presidente da Câmara Municipal da Guarda assumiu em reunião de Câmara que o problema do Rio Noéme ficará resolvido no primeiro semestre de 2010.
Nas últimas semanas o Rio Noéme esteve na agenda noticiosa. É bom sinal após tantos anos de esquecimento.
Seguindo as regras do bom jornalismo há uma das partes que tem sido pouco ouvida: os poluidores. Tirando a peça que a SIC emitiu em Agosto, poucas são as declarações de quem comete o crime. Não lhes perguntam? Não querem prestar declarações? Não sei.
Mas seria interessante perceber que argumentos empregariam para a sua defesa:
A criação e manutenção de postos de trabalho? A legalidade? A convicção de que se não forem eles a poluir outros o farão? Que a ecologia e a defesa dos valores naturais são coisas para desocupados e para quem nunca produziu um euro para o PIB nacional? Que a ética e a moral são conceitos ultrapassados? Que a gestão moderna defende que todos os recursos devem ser explorados e aproveitados até ao limite, mesmo aqueles que não são nossos? Que as populações afectadas pela poluição do rio venham viver para a cidade, trabalhar nas fábricas e assim deixam de ser incomodados com o mau cheiro da água? Que as pessoas que queiram nadar no rio venham para as piscinas municipais?
Esta entrevista tem de ser feita para sabermos com quem lidamos. Estas pessoas têm de ser confrontadas com perguntas incómodas e assumir as suas responsabilidades.
O Presidente da Câmara Municipal da Guarda tomou a si o pelouro do Ambiente. Significará este gesto que as questões do Ambiente vão ganhar efectivo peso político, ou pelo contrário essa pasta ficará arrumada numa qualquer gaveta junto de outros processos?
O problema da poluição do Noéme foi ontem motivo de reportagem na Rádio Altitude. Hoje está na primeira página do Nova Guarda. Poderão ainda sair novas reportagens nos outros órgãos de Comunicação Social.
Em virtude do que se verificou a 21 de Outubro na zona do Rochoso (e divulgado aqui), a Junta de Freguesia emitiu um comunicado de imprensa (onde relatava o sucedido) e distribuiu as fotografias do crime. Para além disso, e mais uma vez, contactou as entidades competentes.
Este tema não pode sair da agenda enquanto não for resolvido.
O artigo do Terras da Beira publicado em Junho de 1999 descreve uma iniciativa que as escolas de Vila Fernando organizaram. Uma iniciativa ecológica que ocorreu em 1999 mas que infelizmente permanece actual: "limpar a ribeira que está poluída, por causa dos esgotos e dos lixos das fábricas"; "agora a água cheira mal" - nada mudou entretanto. Se as crianças das escolas das nossas aldeias tivessem oportunidade de passar um dia na ribeira, escrevendo, desenhando, tirando fotografias, observando as plantas, certamente sentiriam o mesmo. E teriam contacto com problemáticas que acabam por conhecer só dos livros e que para elas são uma simples abstracção.
A escola é um espaço de aprendizagem. De formação de pessoas e cidadãos. De consciencialização. É importante o ensino do Português, do Inglês, da Matemática, da Filosofia.... mas é preciso sair da sala de aula, relacionar as matérias que se estão a expôr com a cidade/aldeia onde se vive, incutir o espírito crítico, levar as crianças a exposições, museus ou ao teatro (ainda hoje me lembro de ter visto no Auditório da Câmara Municipal da Guarda, o "Auto da Barca do Inferno" numa iniciativa dos professores de Português do Liceu)...
A escola deve formar cidadãos. E levar as crianças ao Noéme vai de certeza contribuir para a formação de cidadãos ecologicamente conscientes.
1. A propósito do post "As lavadeiras do Noéme" quero deixar duas notas adicionais:1. No dia em que fui à Ponte de Ferro encontrei junto ao local onde estava a casa do guarda da passagem de nível, um pial onde se esfregava a roupa mais sofisticado que o barroco da Laje de Marco. A água vem de um poço na ribeira e extraída com recurso a uma nora.
2. Na Sexta-Feira Santa não se estendia roupa na ribeira porque se acreditava que nela apareceriam as gotas de sangue da Paixão de Nosso Senhor.
"Na Ribeira das Cabras e em especial no Rio Noéme, existem velhos moinhos ou azenhas que durante séculos moeram farinhas não só para a freguesia do Rochoso como também para outras limítrofes (...) No rio Noéme, na margem direita, situam-se os moinhos dos "Ritas" e na margem esquerda os moinhos dos "Quintais" cujo último moleiro foi Manuel Fonseca, e o moinho "Andrade". No entanto o moinho mais típico e característico do Rochoso fica situado a dois passos do Apeadeiro do Caminho de Ferro, junto à E.M. 230 e ao novo pontão sobre o Noéme. Trata-se do moinho "Pires", o único que continua em laboração, moendo farinhas não só para a freguesia do Rochoso, mas também para o Monte Margarida e Penedo da Sé. O actual proprietário Joaquim Pires, não obstante contar aproxidamente 80 anos, tem um espírito muito jovem e, mercê da sua modéstia e bondade, é uma figura quase carismática das gentes do Rochoso e terras circunvizinhas.
Velho moinho do Apeadeiro Continuas moendo com alegria. Trigo, milho e centeio Sem descansar noite e dia."
* Texto retirado do livro "Vida e obra do Comendador Mons. Cónego José Lourenço Pires" de Manuel Joaquim Barroco, 1984
Realizou-se no passado dia 07 de Outubro, no Pequeno Auditório do Teatro Municipal da Guarda, um colóquio subordinado ao tema "A Água" seguido da apresentação da curta-metragem de animação "O Poder da Água". Um e outro são merecedores de elogio.
Os especialistas convidados para o colóquio falaram sobre ambiente, importância da água, poluição... o problema do Noéme não foi esquecido: um responsável pela ETAR de S. Miguel explicou que as descargas poluentes ocorrem a jusante da ETAR, portanto, salvo alguma ruptura pontual, esta não contribui para o problema. Houve alturas em que as rupturas eram frequentes porque a infra-estrutura não tinha capacidade suficiente (agora isso foi solucionado com a remodelação efectuada). Salienta contudo que a ETAR foi concebida para tratar águas residuais urbanas (não resíduos industriais). Em relação à fábrica poluidora, terá de tratar as suas águas residuais e só posteriormente fazer a tal ligação à ETAR. Foi dito ainda que deixando de haver descargas poluentes há espécies que recuperam logo. Foi uma sessão esclarecedora, em que os temas foram apresentados de forma clara (mesmo para leigos na matéria) e onde foram discutidos assuntos de grande relevância. Os decisores políticos têm muito a ganhar se ouvirem quem realmente percebe do assunto antes de tomar medidas. Cidadãos esclarecidos são também cidadãos conscientes.
O filme "O Poder da Água" foi realizado por alunos do IEFP da Guarda, com o apoio do Serviço Educativo do TMG, ao abrigo do programa "Aqua Criativa". A curta-metragem de animação aborda a temática da água e dos ecossistemas. Será brevemente lançado em DVD. Está envolvida no projecto a empresa "Águas do Zêzere e Côa". Para além do filme, é mostrado o processo criativo e as técnicas envolvidas.
Por esta iniciativa (serviço público de excelência), o TMG, os alunos envolvidos, os coordenadores do projecto estão de parabéns.
No domingo passado foram eleitos novos executivos para a Câmara e Assembleias de Freguesia. Parabéns aos vencedores. Esperemos que trabalhem bem em prol das populações e que seja neste mandato que se possa celebrar a despoluição do Noéme.
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassosegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz, Nem invejas que dão movimento demais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos, Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as No colo, e que o seu perfume suavize o momento — Este momento em que sossegadamente não cremos em nada, Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova, Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio, Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim — à beira-rio, Pagã triste e com flores no regaço.
- Não poluem as suas águas - No âmbito das suas competências ajudam a valorizar o Rio - Fiscalizam e punem os infractores - Lutam e reclamam do poder a resolução do problema - Aprenderam a nadar nas suas águas e quando candidatos ao poder não se esquecem dele - Participam nas actividades organizadas em favor do Rio e contra a poluição - Limpam as suas margens - Contam as histórias do antigamente com nostalgia e tristeza com a transformação que ocorreu - Mesmo sem conhecer o Noéme, se mostram a solidários e tentam colaborar com vista à resolução do problema - Se indignam com o crime miserável continuadamente repetido
O programa eleitoral do engenheiro Crespo de Carvalho não faz qualquer referência ao problema do Noéme. Fala do ar da Guarda e de bioclimatismo, mas não refere a má qualidade das águas deste rio. Nem no capítulo da valorização do mundo rural existe qualquer referência implícita ou explícita a este problema.
Será que o conhece? Será que o considera pouco importante? Nas reuniões com os candidatos das suas listas, nomeadamente os das aldeias afectadas pelo problema, ninguém lhe falou no assunto?
Na sua visita ao Rochoso, nas entrevistas que deu à comunicação social, nos debates, nunca ouvi a sua posição sobre o assunto (corrijam-me se estou enganado). Outros candidatos falaram no tema (não tanto quanto se desejaria) e apresentaram a solução para o problema (não sabemos se a mais adequada).
Nem uma proposta, nem uma ideia, nem uma simples crítica... Assim, nem em 2020 o problema se resolve.
Saíam da povoação com os cestos carregados de roupa, rumo à ribeira. Mulheres, de cestos à cabeça em equilíbrio absoluto. A roupa, tão diferente da usada em hoje em dia ("camisas de riscado, ceroulas em sarja.."), encardida, negra, grossa, dura como as mãos que tratavam os campos naqueles tempos. Chegadas à ribeira, era tudo espalhado nas barrancas e depois ("compunha-se peça por peça, tudo calcadinho naqueles cestos e colocávamos um pó de oiro, um pano, e por cima a cinza para tirar as nódoas") - estava feita a "barrela". Iam depois aos cabeços buscar feixes de lenha para a fogueira onde, num caldeiro, ferviam a água com sabão. Aí ficava a roupa a amolecer, escondida num qualquer buraco da parede do moínho.
No dia seguinte, esfregava-se a roupa ("havia antigamente um pial junto à Laje de Marco") e era estendida ao sol nas barrancas. Muitas vezes sem companhia, o silêncio só era interrompido pelo movimento de um guarda-rios ou o coaxar de alguma rã. De vez em quando lá se juntava algum rebanho, limpando as fartas margens e quebrando a monotonia do local.
O engenheiro Crespo de Carvalho e a sua equipa estiveram ontem no Rochoso a apresentar a candidatura à Câmara e Assembleia Municipal. Expôs o seu programa e, terminado o discurso, foi pregar para outra freguesia. Nenhum dos protagonistas falou da poluição do Noéme.
Antes de ser do monte, os homens pensaram construir a ermida junto ao Rio Noéme. Um pastor teria encontrado nas suas margens uma imagem de Nossa Senhora feita a partir de um "seixo rolado de forma oblonga onde foram acrescentados, sem obra alguma d'arte, e cavado por um lado (onde lhe fingiram as costas) mas também obra da natureza. N'ella adoptaram uma cabeça, braços e mãos que tudo vestiram (Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal)". Conta a lenda, que os materiais de construção desapareciam misteriosamente da localização incialmente planeada e apareciam no cimo do monte donde se avistam os concelhos da Guarda, Almeida e Sabugal. Certos do milagre e da vontade divina, resolveram construir a capela no local onde hoje se encontra. A imagem original terá sido trazida para a Igreja Paroquial do Rochoso.
No debate com os candidatos do PS, BE e CDU sobre "Ambiente, Território e Urbanismo" e relativamente "à chaga que é o Rio Diz" ficou o seguinte:
- O engenheiro Joaquim Valente diz que o pré-tratamento dos efluentes da fábrica é insuficiente, embora em termos de legislação tenha os parâmetros aferidos. Na prática não tem resultados satisfatórios. Existe acordo com essa empresa para que os efluentes sejam drenados para a ETAR de S. Miguel. Convicto, afirmou que com essa obra o problema fica resolvido. Ninguém lhe perguntou "quando?".
- O candidato Jorge Noutel, assumiu a defesa das populações afectadas a quem "o cheiro nauseabundo retira qualidade de vida". Afirmou ainda que a ETAR de S. Miguel está em ruptura, e que isso se faz sentir pelos moradores do Bairro da Nossa Senhora de Fátima e junto ao Parque Urbano. Não ficou claro se isso é ou não verdade.
- Do candidato da CDU não retive nenhuma palavra sobre este problema em concreto.
Nota: Não encontrei online o Manifesto Eleitoral do PSD...
Uma das ideias veiculadas no programa eleitoral do PS ("Palavra de Honra") é a criação de um Museu da Água. Tendo o concelho um importante curso de água vergonhosamente poluído a ideia dá que pensar.
O mesmo programa eleitoral omite qualquer referência explícita à resolução do problema do Rio Noéme (remetendo para um vago "prosseguir a limpeza e manutenção das linhas de água"), embora as declarações do engenheiro Joaquim Valente indiciem que o assunto se possa resolver brevemente.
Ora o que o Noéme tem tido nas últimas décadas é tudo menos limpeza e a haver manutenção, só se for do crime continuamente cometido contra as suas águas. Acabando-se com a poluição, o Museu da Água poderia ter no seu espólio um garrafão das "Águas do Noéme" (já referido neste espaço) como símbolo de um tempo que já passou. Até lá seria uma vergonha abrir esse espaço ao público.
"Um rapaz afogado. No domingo último deu-se um lamentável desastre na ribeira do Noéme, no sítio da Laje de Marco onde o infeliz Armindo de 13 anos, filho de Joaquim Amarelo Carreira e Dona Antoninha Diniz se andava banhando com mais três ou quatro companheiros. A chave do caixão foi entregue ao professor Francisco António Sanches. O colega Luciano da Cruz Sanches fez um discurso de homenagem." in "A Guarda", 5 de Agosto de 1916
Ontem resolvi procurar o sítio onde o Noéme deixa de existir e se junta ao Rio Côa. Indicaram-me que seria no Jardo, uma aldeia do concelho de Almeida (também conhecido pelo "fim do Mundo"). Lá nos indicaram o caminho para o sítio que procurávamos. Fomos alertados que o único caminho possível se fazia a pé e se demorava 10 minutos a chegar lá (na realidade 20 minutos). Chegados ao Côa, descendo uma vereda íngreme, vimos os moinhos (abandonados) e as "chancas" (uma espécie de pontão, que não atravessámos). Alguns metros abaixo, ali estava o Noéme seco, só pedra à vista e cujo braço que entra no Côa tapado pelos salgueirais. Na outra margem do rio uma quinta com grande casario e a capela de S.Caetano abandonados. Um passeio longo mas com paisagens admiráveis.
No regresso, já em Porto Ovelha explicaram-nos que se poderia ter ido de carro (ou de comboio). Bastava ter ido até ao Preizal e a partir da "estação de comboio do Noéme" andar 50 metros para chegar ao Rio. Mas sem direito a paisagem!!
Noutros tempos havia nas zonas ribeirinhas o guarda-rios. Tinha como função apanhar quem pescasse ilegalmente ou extraísse areia do rio sem autorização. Também havia um pássaro assim chamado (e também por pica-peixe) que vivia junto aos rios e se alimentava de peixes. Actualmente, essa ave só se encontra em rios despoluídos.
Ambos desapareceram do Noéme.
[Mais informação sobre o guarda-rios nesta página]
Na ribeira do Rochoso alguém encheu um garrafão de 5 litros com água do Noéme (amarela e malcheirosa).Não sei qual o motivo de tão invulgar iniciativa. Mas sugiro a seguinte utilização: que se registe a marca "Águas do Noéme" e se desenhe o respectivo rótulo para colar nos garrafões.Esse e outros garrafões que se viessem a encher deveriam ser posteriormente entregues aos poluidores. Para que vissem!! E sempre que houvesse reunião de Câmara ou de Assembleia Municipal também deveriam ser entregues a vereadores e deputados. Para que se lembrassem!!
[Outra uso possível seria obrigar os poluidores a um banho purificador com "Águas do Noéme" por cada descarga venenosa efectuada no Rio.]
Do candidato Crespo de Carvalho também não se conhece a estratégia para o concelho nem o seu programa eleitoral. No passado domingo terá havido a Convenção Autárquica (http://www.aguardaquer.net/noticias.asp) mas não saíram ainda as conclusões...
No site (ultrapassado no tempo) encontramos o Hino de Campanha e um contador "Tempo que falta para mudarmos a Guarda" que se parece com aqueles que assinalavam o fim das obras do Polis (esperemos que este não pare no tempo).
"Depois de percorrer a freguesia, aproveitando para se embrenhar em alguns dos anseios da população, a candidatura do PS foi recebida com ovação pela população de Vila Fernando. Foi em ambiente de festa que se apresentaram os candidatos PS à Assembleia de Freguesia de Vila Fernando".
Sabe-se que o candidato tem andado em digressão, apresentando as listas do PS às freguesias. E é sempre recebido em festa!!...Neste aspecto o site da candidatura do engenheiro Joaquim Valente representa o estado da arte no que diz respeito à utilização das plataformas electrónicas na política. Grafismo adequado e uso das redes sociais para transmitir a mensagem. Nos slides-show, fotografias de gente anónima junto do candidato. E passo a passo, o que vai fazendo o candidato. Mas no site não encontrei uma estratégia para a Guarda e o concelho. Hoje apareceu muito discretamente o programa eleitoral como anexo da notícia da sua apresentação no seu blog (http://emnomedaguarda.joaquimvalente.com/profiles/blogs/palavra-de-honra-candidatura). Por seu lado estão bem destacados os banhos de multidão, vários álbuns de fotografias (incluindo um de "Caritas Larocas") e em todos os sítios onde vou o omnipresente aviso: "Precisa de ser membro da rede social da Candidatura de Joaquim Valente para adicionar comentários". Nem no "Fórum de discussão" os "membros da rede social da Candidatura de Joaquim Valente" discutem ideias. Tudo muito socrático. Espero ao menos que em Vila Fernando alguém tenha levado o engenheiro Joaquim Valente ao Rio Noéme.
Quantos mais formos, mais ouvidas serão as nossas palavras. Precisamos combater os poluidores, denunciá-los e envergonhá-los publicamente. E que as entidades oficiais façam o seu papel também.
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios E navega nele ainda, Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, A memória das naus. O Tejo desce de Espanha E o Tejo entra no mar em Portugal. Toda a gente sabe isso. Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia E para onde vai E donde ele vem. E por isso, porque pertence a menos gente, É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo. Para além do Tejo há a América E a fortuna daqueles que a encontram. Nunca ninguém pensou no que há para além Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
Deixo aqui o desafio aos candidatos autárquicos (Juntas de Freguesia e Câmara Municipal): exponham neste espaço as vossas ideias para o Rio Noéme e as iniciativas que pretendem empreender.
E agora um desafio aos eleitores: contribuam para o debate com as vossas opiniões.
Pode ser que deste debate resulte um memorando de entendimento para uma luta conjunta (concerteza mais eficaz) e um plano (uma estratégia) para o Rio.
Do que se vai sabendo, do correcto funcionamento da ETAR de S. Miguel depende a despoluição do Rio. Aquando da criação do Parque Urbano do Rio Diz alguma coisa foi feita (ainda permanecerá bem feita?) não se percebendo porque foi descurado um plano de despoluição completo. Assim sendo deixo aqui algumas questões:
- Como foi feita a despoluição do Rio Diz? Quais as zonas garantidamente despoluídas? Que processos foram usados?
- Que resíduos está a ETAR de S. Miguel a tratar? Há a total garantia que esteja a funcionar correctamente?
- Como é feito o tratamento de resíduos do Parque Industrial? E como serão os da PLIE quando estiver a funcionar?
- Tirando "os que cumprem a lei", há poluidores (ocasionais ou permanentes) a descarregar no Noéme? Há queixas apresentadas às autoridades competentes?
Era vê-los divertidos à procura de gambozinos nas margens da ribeira, nalguma cova, aqueduto ou outro local de difícil acesso. Desse misterioso animal, com descrições quase mitológicas, ouviam sobretudo mirabolantes histórias de quem tinha ousado procurá-lo. Quase sempre sem sucesso (embora houvesse quem afirmasse ter conseguido encarcerá-lo por breves instantes nos grossos sacos de serrapilheira que antigamente se usavam).
Hoje ninguém procura gambozinos no Noéme. Tempos modernos.
O Rio Maçãs (ou Massanas dependendo do lado da fronteira onde se esteja) passa em Vila Meã, uma aldeia do concelho de Bragança. Verdadeiramente situado no "Reino Maravilhoso" de Miguel Torga, para se chegar a esse pequeno paraíso toma-se um caminho velho por entre a floresta (que ainda existe e cuja casa do guarda foi reconvertida em albergue) e as fragas habitadas por moiras encantadas.
Tenho inveja que o Noéme já não seja assim e já não se possa nadar nas suas açudes.
Na Guarda os poluidores assumem o crime que praticam em frente à televisão. Mesmo que "cumpram a lei" deviam desenvolver a sua actividade tendo por base a ética, a moral e os bons princípios. Ser "ecologicamente e socialmente responsáveis", como ora se diz.
Todos (conhecidos, públicos ou anónimos) devem ser denunciados e punidos severamente. É preocupante quando na reportagem, o responsável de uma fábrica diz "eu não sou o único culpado".
É preciso verificar e resolver de vez o problema da ETAR de S. Miguel e do saneamento e tratamento dos resíduos do Parque Industrial. E agora pergunto eu: como é feito o tratamento dos esgotos da Plataforma Logística (PLIE)?
Conforme prometido aqui fica o link para o Jornal da Tarde da SIC, a notícia começa ao minuto 21:51: "Poluição na Guarda"
A reportagem está bastante completa e são ouvidos todos os envolvidos. A história é por demais conhecida e envolve lodo, colectores, etar's e descargas poluentes que estando mal ligadas entre si causando um enorme problema às populações.
Fala o poluidor (um dos poluidores) que até se presta a comparticipar os custos da construção da estação elevatória.
Fala o vereador responsável pelos saneamentos que promete o lançamento do concurso da estação elevatória e até promete esperançado que em 2010 começam as obras. A ETAR de S. Miguel trata ou não os esgotos do Parque Industrial?
Fala a vereadora do ambiente que afirma com clareza "cumpre a lei". Na Guarda os crimes ambientais cumprem a lei. Desde que ditos assim com certeza.
Queixam-se as populações (neste caso de Vila Fernando, mas podiam ser as do Rochoso, Cerdeira, Gata, Albardo ou Vila Garcia) do mau-cheiro, do mau-aspecto, da morte das suas hortas...
Fui alertado assim de repente para uma reportagem sobre a poluição no Rio Noéme que estava a ser transmitida no Jornal da Tarde da SIC. Apanhei a meio a reportagem pelo que não posso fazer ainda comentários. Talvez a repitam no Jornal da Noite. Entretanto vou ver se o vídeo já está disponível.
Realço o facto de o tema voltar a ser notícia, praticamente um mês depois do artigo no jornal A Guarda, o que dá mais força à luta que temos vindo a desenvolver.
"Abrantes pretende criar nos próximos anos um Centro de Conhecimento do Tejo Ibérico. (...) O Tejo é uma realidade complexa e a autarquia está interessada em torná-lo agora num objecto de conhecimento e interesse turístico, recorrendo às novas tecnologias e a soluções multimédia para o apresentar nas suas mais diversas facetas, seja a fauna e a flora, a história, as barragens ou a própria qualidade de água" in Público (02/08/2009)
Uma proposta semelhante para o Rio Noéme faria todo o sentido. Um projecto deste tipo envolvendo a Câmara, as Juntas de Freguesia, as Associações e as populações locais não me parece difícil de concretizar. Basta um pouco de criatividade e começar de imediato a trabalhar.
Aqui ficam algumas acções prioritárias: despoluir o Rio para garantir a existência de fauna e flora para estudo; ouvir as pessoas e recolher as suas histórias e fazer o levantamento fotográfico e/ou em vídeo de todos os monumentos existentes na área do Noéme.
Agora que estamos em vésperas de novas eleições, vamos ver as ideias (se é que as há) que os protagonistas têm para a política ambiental do concelho.
Esta foto foi tirada perto de Vila Garcia. Quando falamos em recuperar o Noéme, não nos referimos apenas ao Rio, à Fauna, à Flora... queremos também que a Memória seja preservada.
"Entretanto, a segunda etapa desta requalificação ambiental, entre os lugares dos Galegos e o Rio Noéme, fica a aguardar pela entrada em funcionamento de uma nova ETAR."
Dra. Lurdes Saavedra, vereadora do Ambiente da Câmara da Guarda, in "Jornal de Notícias" (18/01/2007)
Nota: Em 2007 já se falava na construção da ETAR que ia resolver o problema. Passaram dois anos e conforme as declarações do vereador Vítor Santos ao jornal "A Guarda" que aqui reproduzimos ela ainda não existe.
"O rio está limpo até ao Parque Urbano na zona da Estação, tendo sido seladas 10 ligações clandestinas, que eram grandes focos de poluição, e retiradas algumas toneladas de detritos acumuladas ao longo destes anos"
Dra. Lurdes Saavedra, vereadora do Ambiente da Câmara da Guarda, in "Jornal de Notícias" (18/01/2007)
O Parque Urbano do Rio Diz foi inaugurado em 2007. Pela sua importância e pela sua grandeza arrisca-se a ser considerada a grande obra de regime deste executivo camarário. Antes de me alongar no texto quero deixar bem claro que sou absolutamente a favor da criação deste espaço. A sua implementação veio colmatar uma lacuna evidente no que se refere a espaços verdes na cidade da Guarda.
Aquando do lançamento do projecto e porque o espaço pressupunha a requalificação do Rio Diz julgou-se que seria dado um grande passo para a resolução do problema do Noéme. Limpando-se o Rio Diz e deixando de haver descargas poluentes, estaria a limpar-se também o Noéme (independentemente de qualquer outra intervenção). Não se verificou isso. Ao abrigo de acordos existentes, uma fábrica foi deslocalizada para a Gata e em vez de despejar no Rio Diz passou a fazê-lo directamente e sem qualquer tratamento no Noéme. Foi como varrer o lixo para debaixo do tapete.
O Parque Urbano perdeu com isto a oportunidade de se tornar o ponta de lança de uma verdadeira estratégia ambiental para o concelho. Ficou um simples "parque urbano" onde se pode tomar café ao domingo enquanto as crianças brincam nos baloiços. Com o Noéme despoluído, este parque seria a porta de entrada para um "mundo maravilhoso" onde haveria concerteza plantas e animais, moinhos e azenhas, numa zona ribeirinha de 18 km's de extensão. Imagine-se entrar no Parque Urbano do Rio Diz para um passeio de domingo e acabá-lo, algumas horas depois, no Rochoso, sempre sem perder de vista a ribeira...
Mais do que criar o parque na cidade (repito, sou absolutamente favorável à sua existência) porque não associar a esta obra a preservação do ambiente com o objectivo de criar um verdadeiro "parque natural" na zona ribeirinha do Noéme? Com uma vantagem adicional: o Parque Natural do Noéme tem memórias, enquanto que o Parque Urbano ainda está na primeira infância.
"Agora a poluição não é de hoje, não é de ontem, não é de há três anos, é muito anterior. Aquilo que se pôde fazer nos últimos três anos, fez-se. O rio já tem vida. Até ao Polis, até à Gata, a partir daí não. Foi permitida a ligação ao rio da Fábrica Tavares, é um assunto polémico, que não me agrada falar nele, não vou esconder. "
Dra. Lurdes Saavedra, vereadora do Ambiente da Câmara da Guarda, in "Nova Guarda" (01/04/2009)
O munícipio quer dar dignidade ao Rio Noéme. Um cenário vergonhoso que a Autarquia quer alterar, de forma a valorizar esse curso de água que os detritos domésticos e industriais têm assassinado.
Garantida a despoluição do Rio Diz, a intervenção no Noéme preconiza uma completa limpeza do leito e da sua envolvente, de forma a devolver o rio aos cidadãos. Talvez num futuro próximo venham a existir pequenas praias fluviais como existiam antigamente.
Os poluidores passarão a ser exemplarmente multados se insitirem em praticar este grave crime ambiental.
*O artigo não é real. Nem se sabe infelizmente quando o poderá vir a ser.
Aguarda-se a divulgação dos programas eleitorais para ver o que pensam os candidatos à presidência do Município sobre o ambiente do concelho da Guarda. E o que pretendem fazer.
"Enquanto a obra não é executada, para minimizar o problema (...) o que fazemos é sensibilizar os proprietários da fábrica para minimizarem as descargas directas no afluente que depois entra no Noéme."
Vereador Vítor Santos, responsável pelo SMAS, in "A Guarda" (09/07/2009)
Do depoimento que prestei ao jornal "A Guarda" ficaram por publicar dois pontos que julgo importante realçar e que por isso reproduzo aqui na íntegra. Já foram neste espaço manifestado estas preocupações mas era necessário esclarecer que não foram esquecidas.
1. Quando me perguntaram sobre os culpados pela poluição do Rio Noéme:
Esta pergunta deve ser colocada aos responsáveis da Câmara Municipal da Guarda. Ao longo de todos estes anos haverá diversos culpados: em 1999, um estudo do Centro de Conservação da Energia divulgado no jornal "Terras da Beira" (Julho de 1999) apontava como principais agentes poluidores os resíduos industriais, os esgotos domésticos e os fertilizantes agrícolas. Em entrevista recente ao jornal "Nova Guarda" (Abril de 2009), a Sra. Vereadora do Ambiente da Câmara Municipal da Guarda dizia que os problemas de poluição são muito antigos e que há ligações para descargas poluentes contratualizadas em mandatos anteriores. A pergunta que se impõe é: quando e com que legitimidade alguém permitiu que se usasse o rio, um recurso que é de todos, como esgoto de fábricas? E hoje em dia faz sentido que situações destas ainda persistam?
2. Questionado sobre as medidas a tomar e a quem cabe resolver o problema:
A Câmara Municipal e/ou o Ministério do Ambiente. Os eleitos têm o dever de servir os cidadãos e resolver os problemas existentes. Não podem ser cúmplices deste crime ambiental por acção ou omissão. E não basta que a requalificação seja só na nascente do Rio Diz porque é bonito ter um grande parque na cidade; essa obra é concerteza importante e de elogiar mas é necessário que a requalificação siga uma lógica mais abrangente e um verdadeiro projecto de valorização ambiental. É muitas vezes referido que a Guarda tem boas condições para turismo de ambiente. Por este país fora, em terras porventura com menos recursos que os nossos, vamos tomando conhecimento de iniciativas que promovem o ambiente, valorizam os seus monumentos, as suas tradições, a sua história... Aqui não só não aproveitamos o que temos como ainda permitimos que seja destruído. É imprescindível que se impeçam as descargas poluentes, fiscalize e punam os infractores para se garantir que o rio não continua a ser agredido; depois proceder à limpeza do seu leito para eliminação dos resíduos; podar as árvores existentes, eliminar as que estão mortas e plantar novas espécies; proceder à limpeza das suas margens. Julgo que feito isto, o ecossistema recuperar-se-ia naturalmente. Não há nada de novo nem muito complexo neste conjunto de medidas e de certeza que há muitas intervenções semelhantes que possam servir de exemplo.
Este blog foi notícia na edição de 09 de Julho passado no semanário "A Guarda". Mas o blog não é a notícia. O blog é uma arma. A poluição do Rio Noéme é um facto conhecido. As medidas para resolver este problema tardam. A luta continua.