Aprecio em geral o trabalho do Ministro do Ambiente. Esta entrevista mostra-o conhecedor dos temas prementes, dos dossiers e do que tem de ser feito. A sua acção sofre contudo do mesmo problema existente nas políticas ambientais a nível global: demoram décadas a produzir efeito.
Medidas positivas, como o fim dos plásticos, o fim dos carros a gasóleo, o aumento dos impostos sobre produtos petrolíferos, as apostas governamentais em energias limpas e renovavéis... têm um impacto financeiro muito elevado e atingem sobretudo os mais desfavorecidos da sociedade e as classes médias. Penalizando-as, deixam a causa ecológica. Por outro lado, as notícias dão-nos conta todos os dias de poluição a sério, de grandes poluidores e a percepção que fica é que com esses ninguém se mete. Veja-se o caso do rio Noemi.
Os Governos e as Câmaras Municipais precisam dar o exemplo. Antes de proibir a entrada de carros nas cidades, deve ser configurada uma rede eficiente de transportes públicos. Se é para se acabar com o gasóleo então que os autocarros e as frotas governamentais sejam eléctricas. Se é para se penalizar um particular que deita lixo na floresta ou que não tem os seus terrenos limpos então que os grandes poluidores sejam severamente punidos. Defendo as revoluções tranquilas no dia-a-dia e as medidas radicais contra aqueles que pudendo fazer de outro modo, deliberadamente destroem o Ambiente (porque se sente protegido). Por último, acabar com afirmações patetas como estas do secretário de estado Galamba: se tornar a repeti-las na Guarda é levá-lo a banhos ao Noéme.