"A OCDE recomenda os governos que fechem a torneira dos apoios públicos a empresas que não cumpram objectivos climáticos.", lê-se na notícia.
Ainda não lemos o relatório, mas estamos globalmente de acordo com as declarações de Jorge Moreira da Silva. Contudo, tal como o Governo, parte de um princípio errado e incompleto: estamos em emergência climática, mas esse não é único problema. Há ainda rios poluídos em Portugal. Há ainda empresas que poluem à moda antiga. Acaba por ser também hipócrita: que alternativas existem hoje, por exemplo, ao transporte de mercadorias sem recurso a combustíveis fósseis em Portugal? Sabemos a anedota que é o transporte ferroviário em Portugal. Não me refiro sequer aos países subdesenvolvidos, com populações elevadas a viver na miséria. Que alternativas económicas têm para dar a volta a isso sem ficarem ainda mais pobres.
Existem questões de definição e de semântica por clarificar: para o Governo, as organizações internacionais, Jorge Moreira da Silva, empresas poluentes são aquelas que não cumprem objectivos climáticos. Que usam combustíveis fósseis na sua actividade.Que eventualmente servem carne aos trabalhadores nos seus refeitórios. Poluentes dirão, somos todos nós.
É uma visão que olha para o Mundo a partir do hemisfério norte e que nem aí é rigorosa. Saindo das capitais, há actividades poluentes que o são, por uma questão de modelo de negócio. Por falta de investimento, por ganância ou porque sempre fizeram assim. O que se deveria questionar é se assim fará sentido o negócio que as suporta. Que alternativas existem.
E essas, podem ter apoios públicos? Defendemos que não.
Devem fechar portas? Defendemos que já passou o tempo da reconversão. As que não se adaptaram devem fechar portas. Já não lugar para empresários do século XIX que vivem à custa do Ambiente.
E quanto a multas? Devem ser muito pesadas e aplicadas a sério. Mas esse dinheiro não pode ir para nenhum cofre, deve ser aplicado na hora na reconversão dos prejuízos causados no local. Deve retornar às populações que foram prejudicadas.