Faz sentido nos tempos incertos em que
vivemos reclamar a despoluição do rio Noéme?
Faz sentido investir recursos e mobilizar
meios tendo em vista uma solução para este grave problema?
Faz sentido as pessoas defenderem aquilo que
é seu?
A resposta é sim.
O património natural e paisagístico que
constitui o rio Noéme tem vindo a ser destruído desde a década de oitenta. Os
detritos domésticos deixaram de ser despejados directamente no rio, mas o mesmo
não aconteceu aos efluentes industriais. As populações do concelho da Guarda,
Sabugal e Almeida têm vindo desde essa altura a ser privadas de um recurso que
é seu por direito.
O que as populações reclamam não é um luxo
ou uma mordomia! As gentes destes lugares lutam por um património que lhes foi
deixado pelos seus avós e pelas memórias dos locais onde um dia aprenderam a
nadar ou apanharam os primeiros peixes.
À luz daquilo que é a modernidade, e tomando
como exemplo aquilo que se faz no grupo dos países desenvolvidos onde nos
inserimos, esta questão nem se deveria colocar. Este atentado é inqualificável
e envergonha-nos. Noutros sítios procuram-se formas de melhorar a qualidade de
vida das pessoas, rentabilizar os recursos naturais e sensibilizar as
populações para a defesa do meio ambiente. Aqui presenciamos diariamente a
morte de um rio.
Foi anunciado recentemente a construção de
uma infra-estrutura que conduzirá os efluentes industriais poluentes para uma
ETAR. A concretizar-se, poderá estar próximo o fim da poluição do rio Noéme. Em
breve voltaremos a ver peixes na ribeira. Em breve voltaremos ao nosso Rio.
Márcio Fonseca
Autor do blogue “Crónicas do Noéme”
(Texto escrito a propósito da Caminhada Pelo Interior, organizada pela freguesia
de Cerdeira e que se realizou ontem)
de Cerdeira e que se realizou ontem)
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