segunda-feira, 25 de junho de 2012

Caminhada pelo Interior


Faz sentido nos tempos incertos em que vivemos reclamar a despoluição do rio Noéme?
Faz sentido investir recursos e mobilizar meios tendo em vista uma solução para este grave problema?
Faz sentido as pessoas defenderem aquilo que é seu?
A resposta é sim.
O património natural e paisagístico que constitui o rio Noéme tem vindo a ser destruído desde a década de oitenta. Os detritos domésticos deixaram de ser despejados directamente no rio, mas o mesmo não aconteceu aos efluentes industriais. As populações do concelho da Guarda, Sabugal e Almeida têm vindo desde essa altura a ser privadas de um recurso que é seu por direito.
O que as populações reclamam não é um luxo ou uma mordomia! As gentes destes lugares lutam por um património que lhes foi deixado pelos seus avós e pelas memórias dos locais onde um dia aprenderam a nadar ou apanharam os primeiros peixes.
À luz daquilo que é a modernidade, e tomando como exemplo aquilo que se faz no grupo dos países desenvolvidos onde nos inserimos, esta questão nem se deveria colocar. Este atentado é inqualificável e envergonha-nos. Noutros sítios procuram-se formas de melhorar a qualidade de vida das pessoas, rentabilizar os recursos naturais e sensibilizar as populações para a defesa do meio ambiente. Aqui presenciamos diariamente a morte de um rio.
Foi anunciado recentemente a construção de uma infra-estrutura que conduzirá os efluentes industriais poluentes para uma ETAR. A concretizar-se, poderá estar próximo o fim da poluição do rio Noéme. Em breve voltaremos a ver peixes na ribeira. Em breve voltaremos ao nosso Rio.

Márcio Fonseca
Autor do blogue “Crónicas do Noéme”


(Texto escrito a propósito da Caminhada Pelo Interior, organizada pela freguesia
 de Cerdeira e que se realizou ontem)

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