domingo, 13 de fevereiro de 2011

Carta aberta ao Governador Civil da Guarda

Exmo. Senhor Governador Civil da Guarda

A poluição do Rio Noéme é um assunto grave que continua sem resolução. Arrasta-se há demasiado tempo em prejuízo das populações. É um crime ambiental e sobretudo um atentado a saúde pública. Não é possível determinar as consequências na saúde das gerações vindouras. No entanto sabemos as consequências na actualidade: um rio morto, sem qualquer tipo de vida animal, um ecossistema, outrora rico, completamente destruído, terrenos agrícolas que não podem ser rentabilizados por ser impossível semeá-los... toda a memória de uma população que se perde.

O Rio nasce em Vale de Estrela (no concelho da Guarda) e grande parte do seu leito atravessa aldeias deste concelho. Mas continua também nas aldeias do concelho do Sabugal e de Almeida. As entidades oficiais (Câmara Municipal da Guarda logo em primeiro lugar) têm-se demitido de intervir, quer punindo devidamente os infractores , quer garantindo de uma forma pro-activa a defesa do rio construindo as infraestruturas necessárias para que os efluentes domésticos e/ou industriais não contaminem o ambiente. Mas não é só a Câmara Municipal da Guarda: ARH Norte e Centro, CCDR Centro, Ministério do Ambiente... todos estas entidades têm conhecimento do problema e até hoje nada fizeram para o resolver. Todos são cúmplices deste crime e todos vão um dia responder por ele.

"Para mim, um político é alguém que, acima de tudo, tem de estar sempre disponível para servir, para estar ao serviço da sua terra e dos seus conterrâneos" - V. Exa. proferiu estas palavras na tomada de posse do cargo que hoje ocupa. Acredito que o seu passado de autarca cujas funções implicaram proximidade com as populações o sensibilize para este problema. Sei que se preocupa com os problemas do mundo rural e a desertificação do Interior. As populações do Interior têm direito a usufruírem dos seus recursos e vão endurecer as formas de luta. Peço a V. Exa que reúna as entidades locais e nacionais e se chegue a uma solução para o problema.

Este crime ambiental é um dos mais graves problemas do Distrito da Guarda. Deve ser tratado com a máxima prioridade. Esta situação é indigna de um país que se diz civilizado e envergonha o nosso Distrito. Acredito que com a boa-vontade de todos se resolva dentro de portas sem necessidade de recorrermos a instâncias comunitárias.

Os mais respeitosos cumprimentos,

Márcio Fonseca

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