quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Queixa no Tribunal Europeu

"Crimes graves contra o Ambiente


Por crimes graves contra o ambiente entende-se os actos que causam ou podem causar prejuízos importantes ao ambiente através :

  • Da poluição do ar, da água, do solo ou subsolo.
  • Do armazenamento ou eliminação de resíduos ou substâncias análogas."

Se o problema não for resolvido, esta pode ser a solução para que este crime ambiental tenha fim.

Toda a informação está disponível aqui.

domingo, 20 de outubro de 2013

O que é que as Juntas de Freguesia podem e devem fazer

Em relação ao problema do rio Noéme, as Juntas de Freguesia agora eleitas têm a obrigação de se bater pela rápida resolução do problema. Sem medo.

Há várias coisas que podem e devem fazer:

- Apoiar as manifestações que se realizem pelas populações em favor da resolução do problema.

- Cuidar da limpeza e requalificação da envolvente ao rio nas suas freguesias.

- Questionar, forçar, insistir com a Câmara Municipal da Guarda para que esta faça o que lhe compete.

- Levar o assunto à Assembleia Municipal (onde os presidentes têm assento por inerência de função) e forçar que se tomem deliberações para a resolução do problema.

- Se necessário levar esta questão à Justiça, denunciando no Ministério Público o crime ou avançando para os Tribunais Europeus contra a Câmara Municipal da Guarda, a ARH Norte e os poluidores.

Dá trabalho e é preciso coragem? Sim. Mas para isso é que foram eleitos.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Estado do rio

Na semana passada, a ribeira do Rochoso estava no estado que as fotografias ilustram:




quarta-feira, 9 de outubro de 2013

"Da mais alta janela da minha casa" de Alberto Caeiro

Da mais alta janela da minha casa 
Com um lenço branco digo adeus 
Aos meus versos que partem para a Humanidade. 

E não estou alegre nem triste. 
Esse é o destino dos versos. 
Escrevi-os e devo mostrá-los a todos 
Porque não posso fazer o contrário 
Como a flor não pode esconder a cor, 
Nem o rio esconder que corre, 
Nem a árvore esconder que dá fruto. 

Ei-los que vão já longe como que na diligência 
E eu sem querer sinto pena 
Como uma dor no corpo. 

Quem sabe quem os terá? 
Quem sabe a que mãos irão? 

Flor, colheu-me o meu destino para os olhos. 
Árvore, arrancaram-me os frutos para as bocas. 
Rio, o destino da minha água era não ficar em mim. 
Submeto-me e sinto-me quase alegre, 
Quase alegre como quem se cansa de estar triste. 

Ide, ide de mim! 
Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza. 
Murcha a flor e o seu pó dura sempre. 
Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua. 

Passo e fico, como o Universo.


Alberto Caeiro

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

"Rio Noéme", de José Marques Valente

Rio Noéme

Ladeando a cidade da Guarda pelo sul, vem lá da Serra da Estrela, onde nasce, com caudal frágil e diminuto, a mil metros de altitude.

Ao contrário dos irmãos mais fortes e alentados – Mondego e Zêzere – toma o rumo de Leste e, após poucos quilómetros na zona serrana, percorre, lenta e calmamente, já na companhia do Rio Diz, o Planalto Beirão, para, após os últimos 30 Kms, junto da aldeia do Jardo, se misturar com o Rio Côa e seguirem para Norte, até ao Douro.

Os 400 metros de declive entre a nascente e a foz do Noéme que, embora sem grande pressa não se esquece da sua condição de rio de montanha, são percorridos em terrenos pedregosos, desfrutando um vale ancho, ladeado por barrocos graníticos e espraiando-se, a espaços, em verdadeiras praias cercadas de lameiros e veigas férteis, emolduradas por freixos e salgueiros.

Entre as aldeias que ao longo do Noéme se foram desenvolvendo falamos, hoje, do Rochoso.

A meio caminho entre Vale de Estrela e Jardo, a “ribeira do Rochoso” foi paraíso de muitas gerações e gáudio de muitos jovens que ali se banharam, por lá confraternizaram repartindo as merendas, ou meditaram e se inspiraram, lendo e escrevendo nos períodos de ócio, ou férias.

As palavras e expressões como doçura, suavidade, graça, alegria…vêm do antigo hebraico –no’ami -, de onde, segundo os etimologistas, provém Noemi, ainda em uso pelos menos novos, que viria a dar origem ao nome actual: Noéme.

Compreende-se, pois, todo o bucolismo, saudade e bairrismo de quem nasceu naquelas terras, ou a elas se sente ligado.

É que a maior parte daquelas aldeias, perdidas por montes e vales, hoje quase abandonadas, foram alfobres de gentes de rija têmpera, que no seu País ou espalhadas pelo Mundo, sofreram, lutaram e triunfaram, sem nunca esquecerem as suas origens e a ligação à terra que as viu nascer e crescer. 

Porém, que maior maldade se poderia fazer a estas gentes e às suas memórias que matar o seu rio; acabar com as águas límpidas e serenas em que se reviram e refrescaram nos quentes verões da sua meninice; expulsar ou extinguir os peixinhos que serviram de pretexto a uns belos copos com os amigos? 

As novas estradas, comodidades, conforto, nível de vida, educação, instrução, etc, etc… tudo não passará de nada, quando comparado com a morte da “sua ribeira”, o remanso dos seus moinhos, as sombras dos seus freixos, a lembrança de tempos difíceis, mas…felizes.

O nosso apelo é muito simples:

Não nascemos no Rochoso, mas somos de lá; não temos, por isso, receio de falta de legitimidade, pedimos às autoridades competentes que façam aquilo que há-de perpetuar a sua lembrança junto dos vindouros: realize, sr. Presidente da Câmara da Guarda, um milagre – salve o rio Noéme, ressuscitando-o




Publicado originalmente aqui.






terça-feira, 1 de outubro de 2013