sexta-feira, 28 de setembro de 2018

À espera de...

...Godot!

"O senhor Godot manda dizer..."
"Já sei, já sei... já me disse ontem"
"O senhor Godot manda dizer que chega amanhã"


(Foto de Filipe Ferreira publicada no site do Teatro Nacional Dona Maria II)


Um rio poluído há mais de 30 anos: "Vamos impedir as descargas poluentes e punir os infractores"; "amanhã... lembra-te que esperamos Godot".

A complacência das autoridades: "Vamos cumprir o nosso dever e fazer o que os Cidadãos esperam de nós"; "mais tarde... lembra-te que esperamos Godot".

A falta de vergonha e de ética dos poluidores: "Havíamos de acabar com isto"; "um dia, logo vai, lembra-te que esperamos Godot".

Um Rio, destruído, lança um grito de desespero à Humanidade pela sua salvação. "Mas só estamos nós aqui. Temos hoje, aqui neste lugar, a oportunidade de representar toda a Humanidade". Mas esperamos Godot. Ficamos de braços cruzados à espera de Godot. 

Talvez o humor seja a solução perante as anedotas que burocratas nos servem todos os dias sob a forma de esclarecimentos (quando se dão ao trabalho de os prestar, mesmo nos dias em que esperam/esperamos Godot), mas...

"Proibiram-nos de rir".
"Olha que grande privação".
"Só podemos sorrir... mas não é a mesma coisa"

A peça está em cena até dia 7 de Outubro no Teatro Nacional Dona Maria II.

sábado, 22 de setembro de 2018

Esclarecimentos da CMG à Quercus

Passaram alguns meses desde que a Quercus questionou a Câmara da Guarda... eis os esclarecimentos:


quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Sobre os "esclarecimentos"

Quando algum responsável político faz uma declaração tem em mente passar aos remetentes uma determinada mensagem comunicacional. Que pode ser apreendida ou não. Que pode ser directa ou não. Que pode ter ou não entrelinhas e notas de rodapé. Resumindo: nem tudo o que é dito pode querer exactamente dizer aquilo que aparenta.

Quando um vereador questiona um responsável político tem como objectivo obter respostas.

Ora bem, da notícia da Rádio F que referi neste post, não entendemos se o tema foi abordado na reunião de Câmara por iniciativa da oposição ou da situação e se a oposição ficou devidamente esclarecida. Por exemplo, a notícia faz referência à ETAR do Mileu. Pressuponho que seja um lapso e que se refira à ETAR de São Miguel e nesse caso devemos perguntar: quando vai ser aumentada a sua capacidade? A notícia não refere. Terá o presidente referido na sua comunicação? Provavelmente só se saberá quando tivermos acesso à acta da reunião... quando aparecer, pois parece que estão atrasadas.

Nós não ficámos esclarecidos e parece-nos haver aqui um ensaio de discurso nas entrelinhas. A ver vamos. Aproveito para solicitar publicamente o estudo de despoluição referido e a pedir mais uma vez que respondam aos emails que estão na caixa de correio do SMAS e do vereador responsável.



segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Poluição no rio Noemi

5 de Setembro 2018
Gata, no colector do costume.




sexta-feira, 14 de setembro de 2018

"Estudos para a despoluição dos rios Diz e Noéme, já começaram a ser feitos", in Rádio F

Aguardamos a explicação "em breve". Aguardamos também a acta da reunião para termos acesso ao detalhe das intervenções dessa reunião de Câmara.

Pode ler-se aqui a notícia da Rádio F.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

terça-feira, 4 de setembro de 2018

"Os ecossistemas subterrâneos estão ameaçados e com eles a água que bebemos", in Expresso

Nunca se falou tanto de Água e lançaram tantos alertas para a falta dela.

Por cá, não se dá a mínima atenção e continuamos a poluí-la. Destruímos o rio Noemi com leviandade e a impunidade total. E quem deveria fazer alguma coisa, deixa! Andamos há anos a chamar a atenção para a necessidade de uma Cartografia da Água do concelho da Guarda... rios, ribeiros, lagos, presas, lençóis friáticos, nascentes, fontes... todos devidamente documentados para que se possam acautelar.

Lembro-me que antigamente ninguém fazia um poço numa propriedade sem antes chamar o vedor que com auxílio da sua vara indicava o sitio onde estava a nascente e consequentemente se deveria escavar. Um dia destes, bem poderemos procurá-la mas já não existirá.

domingo, 2 de setembro de 2018

Monsieur Hulot, o progresso e a Guarda

Em "Mon oncle" e mais evidente em "Playtime", o realizador francês Jacques Tati fez uma crítica à sociedade capitalista, ao consumo desenfreado, às novas organizações da sociedade e, se quisermos, ao progresso. Não ao progresso que proporcionou a melhoria da qualidade de vida das pessoas, mas aquele que acabou com as experiências autênticas e transformou (destruiu?) os lugares, as memórias, as cidades, tornando-as todas iguais. Monsieur Hulot, o protagonista dos filmes, está lá para nos mostrar isso mesmo. 


É ponto assente que o progresso trouxe, por exemplo, saneamento básico e água canalizada à casa das pessoas, retirou gente da pobreza, permitiu o aumento da esperança média de vida ou a circulação rápida de pessoas, bens e ideias. Por outro lado, intensificou a destruição dos recursos naturais e dos ecossistemas com as consequências que hoje estamos a sentir. Destruímos para produzir mais e nem o maior conhecimento que hoje existe parece fazer aumentar a consciência ecológica no sentido de uma mudança efectiva de comportamentos.

E a Guarda? Do ponto de vista ambiental sabe-se que continua a poluir um rio; como cidade comporta-se seguindo lógicas que fizeram moda nos anos 80 sem um bocadinho que seja de inovação. Nas rotundas, iguais em todas as cidades deste país, na manipulação da comunicação, na inauguração com pompa e circunstância das obras para inglês ver, dos sunset e noites brancas... Era, por exemplo, notícia por estes dias de estio, o anúncio da chegada da água a alguns lugares do concelho. Não o deveria ser em 2018!!! Poder e oposição não têm uma ideia que puxe a Guarda para cima e que galvanize os Cidadãos.

Por outro lado, despreza-se o antigo, a memórias, as tradições, aquilo que verdadeiramente nos torna único. Foi também notícia, que o presidente Amaro andava à procura da gastronomia da Guarda ou do padroeiro da cidade. Ele que vá à Biblioteca e consulte os livros e as publicações que em tempos a Câmara Municipal editou e talvez encontre respostas aos seus anseios. Já agora, porque deixou a autarquia de produzir conhecimento? Mas há pedradas no charco: veja-se o intenso e sério trabalho que pessoas como Américo Rodrigues, César Prata e todos os que colaboram no Teatro do Calafrio têm feito na busca das nossas tradições e na sua adaptação à contemporaneidade. Genuínos, sem nostalgia, sem naftalina e sem modernismos bacocos. A não perder o espectáculo "Os Romances da Menda" que irão apresentar em Castelo Mendo no próximo dia 15. 

Despertemos enquanto sociedade, sejamos mais exigentes e críticos com o que nos propõem caso contrário acabarão por nos tentar (e conseguir) vender aspiradores com faróis como no filme.