sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo!


Este espaço vai entrar no seu terceiro ano de existência sem que o rio Noéme esteja limpo. É muito tempo e a resolução do problema não surgiu ainda. Mas foram dados novos passos e espera-se que o seja em 2012. Esperamos.

Seria inadmissível que as obras prometidas não fossem concluídas este ano. Seria inadmissível que ao abrigo das dificuldades financeiras do país e da crise não se resolvesse esse problema e fosse adiado por mais algum tempo. Gostaria mesmo de ver as obras começar já no segundo dia de Janeiro. Este blogue continuará atento e a lutar por um rio Noéme despoluído. Como até agora.

Desejo aos amigos e leitores do blogue um óptimo 2012 (e que seja realmente o Melhor Ano, não "o melhor quanto possível" que ouvimos no outro dia o presidente desejar aos portugueses na televisão)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

"Estragar o pouco que resta", de Pacheco Pereira

Subscrevo totalmente este texto de Pacheco Pereira publicado no blogue Abrupto e no jornal Público de 10 de Dezembro.

domingo, 18 de dezembro de 2011

"Começava pela defesa das potencialidades do espaço rural, do espaço natural do país" - entrevista de Gonçalo Ribeiro Telles ao jornal i

Uma entrevista para ler, ler e voltar a ler. E pôr em prática. 

Entrevista na edição de 17 de Dezembro do jornal i

sábado, 17 de dezembro de 2011

A Guarda precisa

A Guarda precisa de de boas ideias como esta; boas notícias como esta e de um rio Noéme de águas limpas.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Portagens para ver o rio Noéme (2)

Qualquer decisor com a quarta classe antiga conseguirá provar que despoluir o rio Noéme é um mau negócio. Mas será mesmo assim?
Vejamos: a parte pública do projecto de construção da estação elevatória tem o custo estimado de 143600,81 euros (pode acrescer a este valor custos de capital se for necessário recorrer a algum tipo de empréstimo; da mesma forma este valor pode ser menor se for financiado em parte por outra entidade). Os valores da parte privada não são conhecidos mas para este exercício não interessam. Assumindo que ao longo destes anos não foram pagas multas (os dados recolhidos ao longo deste processo assim o indicam) manter a situação actual custa zero (essas contas fazem-se facilmente num guardanapo de papel). 

Qualquer decisor mal intencionado ou querendo justificar o injustificável pode apresentar estes dados assim em bruto, escondendo-se atrás dos grandes números, do que é tangível, e concluir que é mais rentável não fazer este projecto. Dependendo da plateia pode receber uma salva de palmas, ser elogiado pela comunicação social porque é rigoroso (ao contrário daqueles políticos despesistas, os malandros) e agradecer mil vezes ao mestre-escola que lhe dava reguadas sempre que se enganava na tabuada (lamentando ao mesmo tempo o facto de não ter mais de dez dedos na mão para o auxiliar nas contas).

Se esse decisor estiver mesmo empolgado na apresentação ainda vai atirar para a mesa argumentos como: quantas pessoas serve o rio? não podemos aglomerar essas pessoas à volta doutro rio? para que é que elas querem o rio? em tempos de crise e de austeridade ter um rio é um luxo e é preciso apertar o cinto no que diz respeito a rios. E dependendo da plateia mais e mais palmas. E se disser isso na Europa dos tecnocratas então é o maior.

Mas nessas contas não entram as questões intangíveis para as quais são mais difíceis de calcular as mais-valias. Que benefícios pode trazer este projecto? Como podemos fazer dinheiro com este projecto? Quanto nos custa a má-imagem e a publicidade negativa que esta situação nos traz? (e diga-se, o cumprimento da lei, pois houve um tempo em que se investiram recursos e mais recursos na defesa do Ambiente e se tomou consciência que este era um recurso que se devia proteger e valorizar) Quanto vale a qualidade de vida? E a felicidade? Para esse tipo de análise são necessários decisores com mais do que dois dedos de testa. E boa-vontade.


Os decisores de hoje refugiam-se na prova dos noves para tomar decisões pouco fundamentadas e ocultar assim o fartar-vilanagem que todos os dias vem a público. Só é possível aceitar aumentos de impostos ou o cortes de régua e esquadro depois de eliminados quaisquer vestígios de despesismo, de desleixo ou quem sabe de crime. Só depois de feito esse trabalho, os decisores podem chegar às populações e dizer: "não temos dinheiro, não nos podemos endividar, e como sabem já fizemos tudo o que podíamos para eliminar despesas desnecessárias. Vamos ter de esperar algum tempo para fazer essa obra". E as populações compreenderão. Até esse trabalho estar feito, não.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

No sítio do costume, o mesmo de sempre

Com o fim didáctico de ver o que é poluição, quem quiser pode deslocar-se ao sítio do costume e assistir a uma grande descarga no rio.

Está a ocorrer desde pelo menos as 08:20 e diz que o cheiro quase chega à Guarda.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Portagens para ver o rio Noéme (1)

Quem a partir de agora quiser vir à Guarda assistir a um bom espectáculo no Teatro Municipal da Guarda (TMG), apreciar o rio Noéme (despoluído, espera-se no próximo ano) ou comer enchidos da região terá de pagar 38 euros e 60 cêntimos mais combustível. Os empresários sediados na região que queiram a partir de agora trazer a Lisboa as boas batatas, os bons enchidos e o bom queijo da Serra (os espectáculos do TMG e o rio Noéme não podem sair da Guarda) se o fizerem com veículos de classe 2 custará sensivelmente o dobro.

O que há em comum entre as portagens da A23 (e A25 e A24), a supressão de linhas de comboio ou a poluição do rio Noéme? Um total desinvestimento nas regiões encostadas a Espanha em favor das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e a política de concentração da população (e com isso os serviços e as infra-estruturas) em duas zonas do país. Guarda e Lisboa pertencem ao mesmo país e por isso é natural que os impostos pagos por todos sejam distribuídos pelo todo nacional. Porque a Guarda tem menos população ou contribui com menos percentagem de impostos para o Orçamento de Estado não significa que valham menos ou que por isso não têm direito ao desenvolvimento. Caso contrário, não faria sentido que os impostos gerados na Guarda fossem utilizados em hospitais de Lisboa ou redes de metropolitano que não são usados pela população da Guarda. A Guarda também paga impostos que são usados em frotas automóveis ministeriais.

Dos Governos que me lembro, o único que teve uma ideia de consistência do território português foi o do engenheiro António Guterres. Onde o professor Cavaco Silva e o seu ministro das estradas deixou um IP5 mal amanhado e extremamente inseguro, o governo socialista fez por cima (neste caso inevitavelmente porque estava mal feito) a A25. A A23 foi feita por cima de troços do IP2 e da estrada nacional que ligava a Guarda a Lisboa pela Beira Baixa. Critica-se hoje o facto de se terem construído estradas em cima das supostas vias alternativas. Num caso e noutro, nenhuma das vias que existia seria hoje uma alternativa própria de um país da Europa Ocidental. Noutros casos, eliminaram-se completamente os itinerários principais e complementares em favor de um novo-riquismo-pedante-próprio-de-quem-não-vai-pagar e fizeram-se auto-estradas (várias até com a mesma origem e destino. E essas têm de ser pagas e se calhar alguns decisores deviam pagar com os costados na cadeia. Até essas são pagas com impostos). A A23, que percorro com muita frequência, é uma estrada estruturante que liga a Europa a Lisboa e no contexto das trocas comerciais atrevo-me a dizer uma das mais importantes vias da Península Ibérica. É uma auto-estrada de qualidade média, não é nenhum luxo, mas é a suficiente para as necessidades actuais. Hoje é a mais cara do país.

Os que defendem o princípio do utilizador-pagador merecem o meu respeito e defendem o seu argumento com base no custo e no dinheiro. Esquecem-se que a maior parte da obra foi paga com fundos comunitários destinados a desenvolver regiões ditas "deprimidas" (a terminologia é infeliz, mas é essa a usada) numa altura em que a UE era uma ideia política de união entre os povos e não só números. São argumentos muito estimáveis mas se a política fossem só números então não havia necessidade de eleições e os decisores seriam seleccionados e contratados como se estivéssemos a falar de cargos superiores de empresas. Se fosse assim fechavam-se as aldeias e a meia dúzia de pessoas que lá vivem seriam deslocadas para bairros sociais nos arredores das cidades. Era mais barato. E não se despoluía o rio Noéme. Para quê? Era mais barato. E vendia-se a Sé Catedral, o TMG e a Torre de Menagem a chineses, brasileiros ou russos.

Dos suburbanos das áreas metropolitanas que vociferam boçalmente que não pagam o que não usam tenho pena. Se saíssem mais do seu subúrbio (sobretudo mental) espaireciam a cabeça e viam novas realidades. Tenho-lhes a dizer que vão deixar de ter em casa alguns bons produtos ou então pagá-los muito mais caros (ainda me dizem que não utilizam as auto-estradas?).

A partir de agora vai pagar-se mais para ir da Guarda a Lisboa do que da Guarda a Madrid. No contexto de uma integração de regiões europeias não há mal nenhum nisso. Pode até ser mais vantajoso para uma empresa da Guarda comercializar para Espanha do que para Portugal. As tapas vão ser feitas com enchidos da região da Guarda e com queijo da Serra. Não há mal nenhum nisso, bem pelo contrário.

Nos túneis da A23, na Gardunha ou no Barracão, podem ser colocadas cancelas e cobrar portagem extra para se entrar na Beira (assim como se fazia na Idade Média). Mas só a políticos e decisores mal amanhados. Não há mal nenhum nisso, antes pelo contrário.


Nota 1: Escrevia em cima que os espectáculos do TMG não se podiam levar para Lisboa. É pouco rigoroso. A partir de hoje será possível. Veja como, aqui.

Nota 2: Pode saber-se mais sobre a Torre de Ucanha, na foto, consultando este link.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

"Nanocor", programa Mundo Novo na TSF

Diariamente a TSF apresenta no programa Mundo Novo iniciativas de empreendedores portugueses. Na edição de ontem divulgou uma tecnologia ecológica.

Pode ouvir-se o podcast aqui.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O meu rio é de ouro

Roubo o titulo deste texto a um livro de Manuel António Pina, beirão, escritor e jornalista. Os seus rios (Côa e Douro) são de ouro diz: "Nasci numa terra com um grande castelo, nas margens de um rio onde, no Verão, passeávamos de barco e nadávamos nus. (...) Assim, apesar de ter nascido numa terra com um grande castelo, nas margens de um pequeno rio, não pertenço a lugar nenhum, ou pertenço a muitos lugares ao mesmo tempo."

Houve um tempo em que Homens e Natureza eram um só. Não havia ambientalistas e o próprio conceito de ecologia só passou a ter real sentido depois de ter começado a haver poluição. Aquilino Ribeiro apreciava as trutas do rio Paiva e as lebres e perdizes que caçava nas "Terras do Demo". Torga, também caçador, recolhia-se nas fragas transmontanas. Os rios estavam lá e as pessoas naturalmente iam lá lavar a roupa ou as tripas do porco em tempos de matança; regavam os campos e em Verões de maior seca, se fosse necessário racionar a água, não se poupavam umas sacholadas a quem regasse fora do seu dia; as rodas do moinho funcionavam com a força das águas. Mas os rios também podiam ser maus, como naquele Inverno de 1990 (ou seria 1991?) em que o rio Noéme derrubou várias pontes ao longo do seu percurso e causou grandes prejuízos. A modernidade e o progresso (?) alteraram essa ordem estabelecida e as pessoas abandonaram as suas aldeias, as suas origens, as suas memórias. Algumas não mais voltaram. Pode ser romântica e bela a ideia dos paraísos idílicos e da ruralidade mas esses tempos eram de pobreza e sem qualquer espaço para os sonhos.

Hoje os rios são de ouro (mais pela escassez de rios absolutamente impolutos do que propriamente pela qualidade das suas águas). Hoje há uma consciência colectiva que nos faz cuidar da Natureza. Como se durante anos e anos tivéssemos estado a derrubar uma casa e, a partir de certa altura, voltássemos a reconstrui-la com materiais novos. Em tempos de crise vinga a ideia que os recursos devem ser explorados, aproveitados, "vendidos"... Em tempos de crise não há lugar para os sonhos e a imaginação, a única forma de encontrar as soluções, é esmagada pelo pragmatismo e pela "racionalidade".

O rio Noéme limpo servirá para tudo o que se quiser. Voltará a ter açudes onde se apanharão peixes com as mãos. No rio Noéme limpo voltarão a ouvir-se rãs a saltar para a água e guarda-rios a cantar. Voltará a ser de ouro. E no meu rio de ouro poder-se-à voltar a sonhar!