segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Romance do Galo em três actos (O Testamento)

Acto 3 - O Testamento

Em cima do chafariz
Ouviu sentença o fanfarrão
Bem falante e vistoso como sempre
Lançou ainda último pregão:

"Ouvi vossas queixas
Razão tendes, povo da aldeia
Mas se falam todos ao mesmo tempo
Mais parece a minha capoeira"

"A sentença já ouvi,
Aceito, tranquilo vou morrer
Mas peço ao senhor juíz,
Que me deixe o Testamento ler"

"Aos poluidores do Noéme
Coxas e peito vou deixar
Cumpriram a vingança que prometi
Sem eu ter de trabalhar"

"Aos que mandam na Câmara
Deixo minhas penas vistosas
Os de agora e de antigamente
Para mim, foram almas caridosas"

"Aos senhores do Governo
Que no alto do poleiro o crime permitiram
Dou-lhes o pescoço e as patas
Mas não se esqueçam, que o povo traíram!"

"Os ovos da capoeira
Dou ao presidente da freguesia
Para que chateie os governantes
E continue a actuar com mestria"

"Aos jornalistas da Guarda
As unhas vou deixar
Para delas fazerem canetas
E o crime denunciar"

"Os miúdos vou deixar
Áquele rapaz do Rochoso
O problema não se resolve
Não interessa ser teimoso"

"Ao blogue Crónicas do Noéme
Já não tenho nada para dar
Despeço-me, povo valente
Podeis vir para me matar!"

"Já li o testamento
Pode terminar a sessão
Mas povo valente não vos esqueçais
De às vossas coisas, dar atenção!"

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