Se noutros tempos era comum beber água em qualquer sítio, hoje é completamente impossível. A dita "da rede" que oferece as condições sanitárias e é bacteriologicamente testada, ganhou (nuns sítios mais, noutros menos) o gosto do "tratamento".
"Água corrente não mata a gente" dizia-se. Fruto das mudanças climáticas, das transformações na paisagem, do fim de uma certa agricultura e respectiva consequência nos solos, enfim, do "progresso", as águas estão cada vez mais paradas, escassas e sujas.
Deixámos de tratar as águas circulantes (à superfície e no subsolo) como o sangue que se movimenta nos nossos corpos. Nalguns casos não sabemos onde estão essas águas, noutros esquecemo-nos, perdemos essa sabedoria milenar. Mais grave ainda, em muitos casos o "progresso" cortou as nascentes onde não deveria ter sido permitido, só para se construir, só para se ganhar dinheiro... e deixámos.
Estranho desenvolvimento este que nos venderam. Alegam agora que a água chega a todas as torneiras e o saneamento é uma realidade em todos os lugares. Sem dúvida, dizemos, aqui o progresso escreve-se sem aspas. Mas este progresso, este que chega a todos não é incompatível com o que defendemos antes.
"Não bebas na fonte, nem no ribeiro, muito menos na ribeira" mas procura a água. Aproxima-te, contempla-a. Umas vezes calma, outras furiosa. Não a percas nunca de vista.
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