"O senhor Godot manda dizer..."
"Já sei, já sei... já me disse ontem"
"O senhor Godot manda dizer que chega amanhã"
(Foto de Filipe Ferreira publicada no site do Teatro Nacional Dona Maria II)
Um rio poluído há mais de 30 anos: "Vamos impedir as descargas poluentes e punir os infractores"; "amanhã... lembra-te que esperamos Godot".
A complacência das autoridades: "Vamos cumprir o nosso dever e fazer o que os Cidadãos esperam de nós"; "mais tarde... lembra-te que esperamos Godot".
A falta de vergonha e de ética dos poluidores: "Havíamos de acabar com isto"; "um dia, logo vai, lembra-te que esperamos Godot".
Um Rio, destruído, lança um grito de desespero à Humanidade pela sua salvação. "Mas só estamos nós aqui. Temos hoje, aqui neste lugar, a oportunidade de representar toda a Humanidade". Mas esperamos Godot. Ficamos de braços cruzados à espera de Godot.
Talvez o humor seja a solução perante as anedotas que burocratas nos servem todos os dias sob a forma de esclarecimentos (quando se dão ao trabalho de os prestar, mesmo nos dias em que esperam/esperamos Godot), mas...
"Proibiram-nos de rir".
"Olha que grande privação".
"Só podemos sorrir... mas não é a mesma coisa"
A peça está em cena até dia 7 de Outubro no Teatro Nacional Dona Maria II.
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