terça-feira, 10 de junho de 2014

o meu 10 de junho


No fim-de-semana passado fui à Guarda. Não fui participar nas comemorações do 10 de Junho, nem tão pouco pelos preparativos da festa, fui porque sim. No sábado andavam os trabalhadores numa azáfama de última hora, mas ainda assim já se podiam ver arranjadas as ruas, limpas as fachadas, enfeitados os canteiros. Ao ver aquilo tive, nostálgico, a mesma sensação que experimentei quando em criança, fui a Coimbra ver pela primeira vez o Portugal dos Pequenitos. Vi na Guarda de sábado passado uma cidade "alindada" mas a fingir. 

Do programa das festas propriamente dito, fui vendo e ouvindo ao longe. Sobre o hastear da bandeira na Praça Velha e a cerimónia no Jardim José de Lemos ouvi que as ruas e o jardim foram fechados ao público e cito (de cabeça) o repórter da Rádio Altitude "o povo não participa na festa, o povo veio ver a festa". Vi hoje que foi destruído o muro do Teatro Municipal da Guarda para se abrir uma porta para o Quartel da GNR (será inaugurada a tão ansiada Praça do Teatro?!) para os convidados entrarem discretamente. Mais valia terem trazido a chaimite que levou Marcello Caetano. Mas o que me incomodou mesmo foi ver, ontem, crianças de balões na mão a abrir alas ao presidente. Pareceu, e não gosto de usar a palavra nem tenho idade para isso, tão fascista.

De resto, o que fica para a Guarda? Um mês de boa publicidade para a Guarda, ruas alindadas (por quanto tempo?), uma parada militar para povo ver e uma medalhita para o presidente-mestre-de-cerimónias. O presidente Santos Amaro escreveu uma carta aos Guardenses onde insiste em capitalizar a palavra "Cidade". Mas que tem feito ele para trazer os Cidadãos para a Cidade? A notoriedade de uma marca não se constrói com cerimónias avulsas por muita visibilidade que tenham. Quem vier à Guarda daqui por um mês (oxalá me engane!) sentir-se-à defraudado.


Nota de rodapé: A Rotunda da Ti' Jaquina está bonita mas... inaugurar rotundas é tão anos 90. Guarda, cidade de futuro?!



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