sábado, 16 de abril de 2011

Empresas, demagogia, emprego

Poluir um rio (ou outro qualquer recurso natural) é o equivalente a:
- Roubar matérias-primas e com isso diminuir os custos de produção;
- Não pagar a fornecedores;
- Retirar o salário aos trabalhadores;
- Eliminar a concorrência com práticas menos lícitas;

Qualquer dos exemplos acima é reprovável à luz da "ética dos negócios" e punível por lei. São crimes portanto. Os tribunais devem ser utilizados quando a ética e o bom-senso dos homens falha e prejudica os outros.

Ora, se qualquer dos exemplos acima não são tolerados nas sociedades modernas e ditas civilizadas (imagine-se o alvoroço que seria se uma empresa não pagasse o salário aos trabalhadores ou roubasse as matérias-primas) porque é tolerado o crime de "usurpação de recurso natural"?

Quando as empresas dizem que continuam a poluir para manter postos de trabalho, estão a chantagear trabalhadores e poderes públicos. E a assustar os primeiros e a enganar os segundos. E a tentar lançar poeira para os olhos da opinião pública. É demagogia e permite às empresas ganhar algum tempo (e dinheiro). No fundo o que as empresas poluidoras fazem é concorrer de forma desleal com as empresas cumpridoras e a impedir que essas empresas cresçam.

Está provado em qualquer parte do Mundo que ambiente sustentável/empresas/lucro não é um trinómio incompatível entre si. Pelo contrário, as práticas sustentáveis do ponto de vista ambiental podem potenciar os lucros e o crescimento das empresas. Porque não há-de ser assim na Guarda?


Nota: Durante algum tempo, foram publicados no blogue comentários pró-poluidores e isso proporcionou algum debate e apresentação de vários pontos de vista. Pontos de vista que não partilho. Entretanto deixaram de aparecer esses comentários. Terão deixado de ler o blogue?


7 comentários:

  1. Há algum tempo enviei alguns comentários, com a minha opinião sobre o assunto. Que era (e mantém-se) que a Câmara da Guarda é a principal responsável pelo que se passa no Noéme. Se são esses os comentários que refere, deixe-me dizer-lhe que percebeu tudo mal! Não são comentários pró-poluidores!!! Apenas, para mim, os poluidores não são os mesmos que para si. Eu não acho que os funcionários que comandam as máquinas sejam os responsáveis, embora seja a sua acção directa que resulta na vergonha em que se tornou o Noéme. Nem tão pouco acho que os empresários sejam os principais culpados, pelos motivos que na altura expliquei. Se cabe à Câmara tratar os resíduos industriais, é ela a primeira responsável - admitindo que outros tenham também alguma responsabilidade. Para mim são os decisores políticos os verdadeiros criminosos!
    Deixo um desafio: no dia em que quiserem responsabilizar judicialmente a Câmara, contacto-o para contribuir para essa responsabilização - que é a que acho essencial no problema.
    Quanto à sua questão final, digo-lhe que não deixei de ler o blogue e que o assunto me continua a interessar. Apenas não tenho nada a acrescentar ao que já disse, pelo que não sinto qualquer necessidade de alimentar com isso o blogue; essa é a sua responsabilidade, enquanto blogger.
    Para terminar, quero manifestar-lhe que apesar de discordar consigo nalguns pontos, considero que tem feito um óptimo trabalho mantendo o assunto na ordem do dia! E por isso, faço votos que continue o bom trabalho.

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  2. Boa tarde,

    Houve vários comentários com sentido semelhante ao seu nos últimos tempos.

    Não compreendo porque a Câmara Municipal tem a obrigação de tratar efluentes industriais privados. A sua principal responsabilidade neste problema (e vai ser responsabilizada por isso) é em pactuar com o problema e não agir em conformidade na defesa do bem público.

    Os funcionários que lidam com as máquinas também não são responsáveis e não devem ser usados como escudo para que não se resolva o problema.

    Há poluição porque há empresas, ETAR's, sabe-se lá mais o quê que despejam os seus resíduos no rio. Uns mais conhecidos que outros, eventualmente uns a aproveitarem-se de outros. E essa situação é que é insustentável. Não fulanizo nunca a questão. O problema e o foco aqui é: lutar por um Rio limpo.

    Se um dia isto chegar aos tribunais não será só a CMG a sentar-se no banco dos réus. Haverá poderes públicos e privados a justificar porque acontece este problema.

    Todos os comentários são bem-vindos a este espaço mesmo que não concorde com alguns. Se alguma coisa de positiva este blogue conseguiu, foi a possibilidade de se debater livremente o problema e informar a população. E vai continuar enquanto o problema não for resolvido. Isso posso garantir. Obrigado por ser um leitor deste espaço.

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  3. Pode não compreender por que é que a Câmara tem responsabilidade no tratamento de efluentes industriais privados. Mas, à luz da legislação, tem essa obrigação. Como tem a de tratar os efluentes domésticos. Até cobra por isso - quer num caso, quer noutro.

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  4. Caros conterrâneos:
    Desde tempos imemoriais que o poder sempre se deliciou e até incentivou as dissidências dentro de movimentos que de um modo ou de outro pugnavam por defender ideias, situações, coisas, etc. Sempre assim foi e continuará a ser sempre que quem nos governa seja em que nível for, já não tenha argumentos para defender situações menos agradáveis.
    Nem me passa pela cabeça que seja essa a situação que esteja por detrás desta aparente discordância de pontos de vista entre o autor do blog e um dos comentadores que tem colocado posts. Na verdade, o problema do Noémi é para quem nos governa demasiado pequeno para que merecesse uma intervenção desse tipo. Por outro lado, estou certo que nenhum dos conterrâneos de posições aparentemente discordantes “embarcaria”, a não ser que estivesse distraído, em alimentar tal repugnante método.
    Assim sendo e não tendo quaisquer duvidas sobre a defesa das raízes de cada um de vós, não posso deixar de vos incentivar a prosseguir, unidos, naquilo que nos une a todos. ACABAR COM A POLUIÇÂO DE UM RIO
    QUE NOS VIU NASCER A TODOS
    QUE VIU NASCER OS NOSSOS PAIS
    E QUE NENHUM QUER QUE VÊ-LO MORRER.
    Por isso, discutamos pontos de vista, formas de actuar, mas, por favor não nos desviemos do objectivo que nos motiva.
    Será que não seria interessante convidar os diferentes candidatos pelo circulo da Guarda a deputados a pronunciarem-se no BLOG sobre o que pretendem fazer e, mais ainda qual a sua posição sobre o problema?
    Jfernandes (Pailobo)

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  5. Caro Amigo

    Não pertenço (nem nunca pertenci) em nenhum partido político. Não vivo do (para o) poder (nem dos poderes) envolvidos neste problema. Vivo fora da Guarda e apenas dependo do meu trabalho. Não conheço muitos dos que comentam neste blogue (infelizmente a maioria deles são anónimos). Não há aqui dissidências ou estratégias ou divisões. Há partilhas de ideias e pontos de vista diferentes.

    Sou o único responsável por este blogue. Os comentários são todos publicados desde que feitos com respeito, sem ofensas pessoais ou calúnias. Preferencialmente assinados, embora nem sempre isto tenha sido possível. Ocasionalmente publico conteúdos de outras pessoas sempre com autorização das mesmas e identificando-as.

    Posto isto (e assim espero esclarecer todas as dúvidas até mesmo as que chegam por email e que são impublicáveis): o foco deste blogue e da luta é pela despoluição do rio Noéme, o rio que passa pelas nossas terras. Como já tenho afirmado não acabará enquanto o problema não for resolvido. E vai ser!

    Quanto à sua sugestão: é muito pertinente e interessante. No entanto, temo que os candidatos pelo círculo da Guarda à Assembleia da República terão poucas ideias sobre o assunto, quanto mais uma posição. Já me daria por contente se eles manifestassem uma estratégia para o desenvolvimento do Interior. Mas fica o espaço aberto (como tem sido no passado) e continuará a ser no futuro.

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  6. Falando nos deputados pelo círculo da Guarda, é necessário destacar o envolvimento do professor João Prata, deputado do PSD na Assembleia da República e presidente da Junta de Freguesia de S.Miguel da Guarda, na denúncia e tentativa de resolução do problema.

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  7. Caro amigo:
    Não duvido da suas intenções e objectivos quanto a este assunto em particular. Aliás todo o texto do comentário que fiz foi elaborado com essa convicção. E o mesmo se aplica ao outro conterrâneo comentador. Certamente que todos vós e eu também não temos outros objectivos que não sejam a resolução deste problema.
    Mas... estando nós a celebrar o 25 de abril e como eu já tenho uns anos a mais do que o autor do blog, e estava na tropa no 25 de abril, não resisti a imaginar situações antigas e não me inibi de convosco partilhar.
    Pelos vistos de forma injustificada o que me satisfaz de sobremaneira.
    Também eu, não pertenço nem nunca partenci a nenhum partido politico, vivo do meu trabalho que na zona de Lisboa. Não estou na terra que me viu nascer ou perto dela em virtude de, desde há largos anos o interior ter sido esquecido quando se falou de desenvolvimento. Houvesse um equilibrio entre as regiões e provavelmente nem o Marcio, nem eu nem muitos outros teriamos tido necessidade de ter "imigrado" para o local onde trabalhamos.
    Mas nós, os beirões, e em geral os naturais do interior não somos capazes de nos esquecer das terras onde nascemos e muito menos quando elas são objecto de ataques de vandalismos.
    Por isso não vamos deixar arrefecer esta luta e pelo contrário devemos encarniçá-la contra os responsáveis pelo estado de coisas a que este asssunto chegou.
    Um abraço
    Jfernandes

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