terça-feira, 1 de outubro de 2019

Sociedade PAN-queque

Na última sessão legislativa o PAN conseguiu eleger um deputado no círculo de Lisboa e, segundo dizem as sondagens, pode aumentar este número nas eleições que se avizinham. Este partido, urbano, fundamentalista da causa animal, não tem uma ideia para o País, muito menos para o profundo e distante de Lisboa, nem sequer uma visão ecologista global onde o conjunto "Homem", "Animais", "Natureza" coexistem. A sua proposta eleitoral pode ler-se aqui.

E antes que comecem os ataques, pois a máquina mediática do PAN e a vigilância permanente nas redes sociais, estão bem afinados, que fique bem claro: qualquer pessoa que maltrate animais deve ser exemplarmente punido e, quem o faz, não hesitará em fazê-lo também a qualquer ser humano. A menos que seja cobarde. É também muito claro que entre homens e animais se desenvolvem laços afectivos. 

Nada melhor que verificar no site do Parlamento a actividade do deputado André Silva no último mandato. E trazendo ao assunto deste blogue, que preocupações ambientais relacionadas com os rios portugueses, motivaram intervenções do deputado. Identificámos duas: a participação numa delegação que visitou o rio Tejo  e uma pergunta relacionada com o rio Sorraia. Não falo sequer do do nosso rio Noemi pois, não se localizando nos arredores da malha urbana de Lisboa, não é do conhecimento do PAN. A própria cabeça de lista do partido pelo círculo da Guarda respondeu neste questionário apenas saber do problema pela comunicação social.

O PAN não conhece o país, fora das áreas metropolitanas, e as suas tradições. País esse onde homens e animais coexistem e se respeitam desde tempos milenares. Trata a caça e a matança do porco, por exemplo,  como barbárie animal. Nem se preocupa em analisar as diferenças: move-o a uniformização dos comportamentos e a imposição de estilos de vida (o vegano por exemplo), se for preciso de forma autoritária. Se um dia tiver poder para isso fá-lo-à. Não é verdadeiramente um partido ecologista porque a ecologia é mais que isso e necessita que se compreenda o contexto que nos trouxe até aqui. Não tem, por exemplo, uma ideia para a produção local, a agricultura familiar, as espécies autóctones... 

A ecologia estuda a relação entre seres vivos, homem incluído, e meio ambiente. Para se ser ecologista em 2019 não basta declarar guerra ao plástico, repetir ao acordar e ao deitar a palavra "descarbonização" e fazer greve climática. Este fundamentalismo propaga-se depois pela sociedade do politicamente correcto, na prática e no discurso, sendo o último exemplo a declaração do magnífico reitor de Coimbra que proclamou abolir a carne de vaca das cantinas da Universidade.

Dou um exemplo: o meu avô punha a burra a tirar água da nora para regar, não hesitava em usar o aguilhão se a vaca à frente do arado se desviasse do rego ou bater com o cajado no chão se algum cão se aproximasse a ladrar. À luz da ideologia PAN seria certamente condenado e acusado de ser um perigoso delinquente e inimigo dos animais. Alguém que nunca tenha saído de Lisboa e do Porto diria horrores se soubesse. Mas o mesmo homem do campo, trabalhador e com poucos estudos, se intuísse que uma vaca estava para parir naquela noite, ia dormir para o estábulo para ajudar o bezerro a nascer. Haverá maior prova de amor? É a riqueza e a ternura desta relação Homem/Animal que os defensores da causa animalista não entende e que os mais fundamentalistas atacam. 

Vi recentemente em Nova York carrinhos de bébé, onde na alcofa estava, no lugar da criança, um cão. Esta moda ainda não chegou cá, mas logo vai, é uma questão de tempo, porque em matéria de palermices somos, enquanto sociedade, geralmente rápidos a aderir. Da mesma forma que o cãozinho não deve ser o brinquedo do bebé, não é por se lhe vestirem umas ceroulas e o porem num berço que se deva tornar o príncipe lá de casa. 

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