domingo, 10 de março de 2013

O falhanço do mandato autárquico

2013 volta a ser ano de circo autárquico.
Os candidatos voltarão a andar de terra em terra a prometer tudo e o seu contrário; os candidatos voltarão a andar de terra em terra de discurso ensaiado mostrando conhecer as preocupações dos cidadãos; os candidatos voltarão a andar de terra em terra preocupando-se com os votos das pessoas e os seus problemas.

A poluição do rio Noéme continuou a estar na ordem no dia nos últimos quatro anos. Quatro anos! Mais quatro anos a juntar as décadas de crime ambiental em curso. O então candidato Joaquim Valente, hoje presidente da Câmara Municipal da Guarda mostrou-se bem preparado quando, no comício do Rochoso em Setembro de 2009 e antes sequer de ser questionado, afirmou ter sido assinado um protocolo entre a Câmara Municipal da Guarda e a Fábrica Têxtil Tavares para que os esgotos industriais passassem a ser reencaminhados para a ETAR de São Miguel. E reafirmava no debate sobre Ambiente promovido pela Rádio Altitude "que o pré-tratamento dos efluentes da fábrica é insuficiente, embora em termos de legislação tenha os parâmetros aferidos. Na prática não tem resultados satisfatórios. Existe acordo com essa empresa para que os efluentes sejam drenados para a ETAR de S. Miguel. Convicto, afirmou que com essa obra o problema fica resolvido." Já o programa eleitoral era menos claro em relação a este assunto e no capítulo do Ambiente aparecia um ambíguo "prosseguir a limpeza e manutenção das linhas de água". Mais destacado no documento a criação do "Museu da Água" (!!!!). Palavra de Honra.

Ganhas as eleições e composto o executivo autárquico soube-se que o presidente da Câmara Municipal da Guarda tinha ficado com o pelouro do Ambiente. Mas foi sempre o vereador Vítor Santos quem assumiu a comunicação deste problema. E começaram as promessas:

- No pós-eleições, a 26 de Novembro de 2009 apontando a resolução do problema para o primeiro semestre de 2010.

- A 14 de Junho de 2010, em reunião de Câmara: "usou da palavra o vereador Vítor Santos (...) Referiu ainda, que o PEAASAR tem duas componentes, a componente alta e a baixa. A componente alta, só no final do ano corrente estará concluída, a componente baixa, prevê-se ser iniciada somente depois do segundo semestre de 2011". E assim passou para o segundo semestre de 2011.

- Em reunião de Câmara de 31 de Janeiro de 2011 o prazo previsto passou para "muito breve".

- A 26 de Outubro de 2011 a Câmara Municipal da Guarda abria finalmente o concurso para a despoluição do rio Noéme. "Para ficar despoluído no próximo ano" (2012).

- A 25 de Maio de 2012, o vereador Vítor Santos anunciava o início da construção da estação-elevatória Quinta da Granja com prazo de execução de 180 dias.

Palavra de honra. Estamos em 2013 e não se vislumbra um rio Noéme limpo. Este executivo falhou porque não resolveu o problema e foi incapaz de impedir as descargas poluentes no rio Noéme. Não teve força para ser consequente e destruir a conduta que descarrega efluente tóxicos directamente no rio. Não se preocupou nem representou os cidadãos como é sua obrigação. Hoje, ao contrário do que acontece quando em campanha os candidatos se deslocam às freguesias pedindo o voto, este executivo não tem uma palavra para os cidadãos acerca do estado das obras, uma justificação qualquer para o atraso e o incumprimento das promessas repetidas, não tem sequer uma nova data que se transformará em promessa não cumprida. Este executivo desrespeita as populações que lhe confiaram o voto para resolver este problema.

Mas acredito que em breve, quando regressar o circo autárquico, os candidatos voltarão a ter uma palavra de conforto e compreensão, um gesto simpático, um abraço no intervalo de uma mini e uma sandes de presunto. viva! Em breve se seguirá o anúncio que o rio Noéme será despoluído quem sabe em 2014, para não o ser durante mais quatro anos.

Termino com uma citação que me tem acompanhado: "Temos a responsabilidade de sermos os guardiões do ambiente, dos recursos quer do ar quer da água, nomeadamente dos rios, em termos ambientais". O presidente Joaquim Valente pronunciou esta frase em entrevista à Rádio Altitude no dia 23 Novembro de 2010. Palavra de honra.


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