domingo, 18 de março de 2012

Reorganizar para nada mudar

Sou contra a proposta que diz ser de "reorganização administrativa do território". Porque não é uma reforma. Por ser uma machadada (não um corte) na representatividade das populações, que não resolve qualquer tipo de problema e por ser feita por quem só conhece o país das campanhas eleitorais, das reuniões de militantes ou das feiras do queijo.

Insere-se na lógica de extinção de serviços e de desinvestimento no território. Puro e duro.

Não é possível fazer isto desta forma num país com oito séculos de história e com relacionamentos e afinidades sociais e culturais entre freguesias. Uma reforma a sério (e com essa eu concordaria) passaria porventura pela extinção das unidades administrativas "distrito" e "concelho" e pela valorização de novos agrupamentos (que não sei como se chamariam ou que identidade jurídica teriam) mas que permitiria às freguesias juntarem-se com base nos laços sociais e de geografia para o governo dos territórios comuns e fronteiros e com competências bem alargadas. Menos do que isto é retirar coisas às populações sem coragem para se mexer naquilo que se deve.

No contexto actual defendo que se mantenham as freguesias tal como estão e que os recursos sejam geridos e partilhados da melhor forma. O que pensam fazer com esta reorganização é como podar uma árvore jovem com machado.

4 comentários:

  1. Estes politicos mediocres, a grande maioria foram fabricados nas ESE - Escolas superiores de educação, não têm miolos nem se rodeiam de quem sabe para poderem fazer um trabalho de qualidade .- Trablham para a fotografia e retórica, e nisso são excelentes.
    j. v

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  2. Todas as reformas da administração local ao longo dos tempos sempre foram impostas. Foi assim na última, em 1885 e nas anteriores.
    É óbvio que qualquer que seja a forma de alterar territórios e competências de orgãos locais nunca terá o acordo de todos.
    Porém o que estão a fazer tem necessariamente a discordância de todos.
    Esta gente, que foi formada já no priodo pós 25 de Abril, deveria ter vergonha das atitudes prepotentes que toma como se essas fossem as únicas formas de resolver problemas que eles ou outros da mesma laia criaram.
    Está a chegar a hora de as populações do interior dizerem a sério a quem quer numa planta em Lisboa, dividir o território com uma regua e um esquadro, que, como um célebre escritor referindo-se ao Marão:
    Para cima da Malcata ninguém põe a pata.
    Tenham vergonha, será que não vos passa sequer pela cabeça ouvir as pessoas? É certo que elas são cada vez menos por aquelas (as minhas) paragens. Será que estão a apostar na desertificação total?
    Por hoje chega. Mas amanã há mais.
    JFernandes (Pailobo)

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  3. Não concordo Márcio. Penso sinceramente que se está a perder uma oportunidade histórica de cortar com uma tradição autárquica que nada acrescenta em termos de valorização do território.

    Acho que se devia ir mais longe criando novas unidades com maior dimensão em termos populacionais e territoriais. É óbvio que não concordo com os critérios utilizados, que por serem numéricos, são demasiado abstractos para compreenderem os anseios da população. Mas a verdade é que o sistema que temos não serve e em nada contribuiu para o desenvolvimento dos territórios e das próprias freguesias. Anos e anos de obras "para inglês ver".

    Tiago Gonçalves

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  4. Viva Tiago!

    Julgo que no mais importante partilhamos a mesma opinião: estas medidas não são uma reforma e obedecem a critérios meramente contabilísticos e sem ter em conta o interesse público. Não valorizam nem contribuem para o desenvolvimento do território.

    Tens razão, quando falas em obras "para inglês ver": muitos poli-desportivos e salões de utilidade duvidosa que todas as nossas freguesias fizeram, em muitos casos não contribuíram para o desenvolvimento do território mas são fruto de uma época e tiveram o aval de quem as financiou e das próprias populações.

    Porque não se redesenha o mapa autárquico?

    Porque não se partilham recursos e meios de forma eficiente?

    Porque se retira às populações representatividade?

    Vale a pena cortar e colar "a cuspo" realidades que por vezes não têm afinidades, por vezes até rivalidades históricas, mesmo que geograficamente contíguas?

    Tudo isto pelos tostões que supostamente se poupam em salários e nas transferências para as freguesias?

    Concluindo e na minha opinião: se esta reforma não é boa nos moldes em que é apresentada prefiro que não se faça e se mantenha um sistema que tem funcionado... pelo menos até que alguém tenha visão e estratégia para as nossas terras.

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