terça-feira, 4 de dezembro de 2012
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
"Guarda: e agora?"
“No cimo de monte
inhospito,
junto da nevada Estrella,
se ergue uma cidade. É n’ ella
que
vamos, leitor entrar.
É fria, ventosa
e húmida
feia, denegrida e forte,
que o reino, contra a má sorte,
era obrigado a guardar."
Tomás Ribeiro
Vivemos tempos de
crise. Dizem-nos isso os economistas; dizem-nos isso os políticos; diz-nos isso
a opinião publicada. Interiorizámos. Também se vivia em crise quando em 1384,
Dom Álvaro Gil Cabral se recusou entregar as chaves da Cidade aos castelhanos.
Também se vivia em crise quando as tropas francesas invadiram e pilharam a
Cidade. Vivia-se em crise quando, numa Guarda paroquial e conservadora, José
Augusto de Castro lutava por uma República (e Carolina Beatriz Ângelo exigia
apenas: Votar!). Em todos os períodos de crise (e este é-o, e não só económica
ou financeira) existiram sempre homens e mulheres capazes de intervir, liderar
e superar as dificuldades. Não será diferente agora.
A Guarda da
actualidade vive resignada, apática e sem esperança num qualquer e
incompreensível sentimento de inferioridade face a cidades vizinhas. Como que
assumindo um qualquer medo de existir (ou pior, uma vergonha de existir).
Desistindo de ser a Capital e desresponsabilizando-se da sua condição. Essa
liderança foi-lhe confiada por Dom Sancho I quando em 1199 atribuiu a Carta de
Foral e foi reforçada em 1202 com a transferência da Diocese Egitaniense.
Aceitar ser a Capital não é uma escolha que a Guarda possa fazer: é uma obrigação
histórica. Tirando partido de uma posição geográfica excepcional, tornou-se por
essa altura um centro administrativo, comercial e de defesa de grande
importância. Já no século XX não podemos esquecer o papel importante que teve
no tratamento da tuberculose em Portugal. A 18 de Maio de 1907 foi inaugurado o
Sanatório Sousa Martins, o primeiro do país. O estudo das potencialidades do
clima e ar da Guarda no tratamento dessa doença começou no século XIX na
célebre expedição científica à Serra da Estrela. Mas a Guarda da actualidade
parece de costas voltadas para a Serra. Incompreensivelmente de costas voltadas
para “a força polarizadora da Beira” nas palavras de Miguel Torga. Quando a
Guarda se menoriza está a diminuir todo um território geográfico, social e
afectivo que espera muito dela.
A Guarda da
actualidade tem alguns momentos de criatividade e de arrojo que a colocam no
lugar onde deve (e pode) estar e às vezes mais além ainda. Mas são apenas
rasgos na manta pesada de resignação e de conservadorismo que cobre a Cidade.
Uma manta que desconfia do que é bem feito como se de pecado se tratasse. Uma
manta que pesa demasiado nos ombros dos Guardenses em vez de os abrigar. Esses
momentos singulares têm de ser a regra, a matriz e o motor da Guarda. Têm de ser
a toalha de linho. Porque a Guarda até tem a originalidade de ter tido um
criativo à frente dos seus destinos. Do doutor Alberto Diniz da Fonseca
(presidente da Câmara Municipal entre 1947 e 1953) conhece-se o exagero: “Foi
na Guarda que nasceu o Império Romano” ou “São Francisco de Assis esteve na
Guarda”. Dizer “Até o Anjo é da Guarda”, mais do que um delírio bairrista é um
delírio de imaginação (e nos dias de hoje de marketing e de comunicação) que
deveria ser a marca da Cidade. A Guarda da actualidade não tem de ter pudor ou
vergonha de pronunciar a palavra - Cultura! E tem essa tradição: a Sé Catedral
acolheu ao longo dos tempos os melhores compositores da época (lembro João José
Baldi) e foram muitos os poetas que cantaram a Cidade.
Por vezes a falta de
imaginação não é mais que falta de memória. Para se afirmar, a Guarda tem de
resolver os permanentes equívocos em que vive. Porque está tão distante da
Serra da Estrela? Porque não promove o seu fantástico clima? Porque não
valoriza o Ambiente, o Património e a História? Porque não acarinha a Cultura?
Porque não tira partido da sua extraordinária localização geográfica e
estratégica para atrair investimentos? A Guarda tem os recursos para
ultrapassar o momento de crise que vivemos. Não pode continuar a adiar o
futuro. Mas temos a certeza, relembrando o nosso Eduardo Lourenço, que seja o
que for que aí venha, para o ano ainda haverá Guarda.
Márcio
Fonseca
(Texto publicado no GuardaViva - Boletim Municipal comemorativo dos 813 anos da Cidade da Guarda e disponível aqui para download)
domingo, 25 de novembro de 2012
"Implementação de novas dinâmicas no que concerne às políticas ambientais"
"Implementação de novas dinâmicas no que concerne às políticas ambientais". Retiro a frase do título, da entrevista que o presidente Joaquim Valente deu ao jornal Terras da Beira (publicada na edição desta semana e na anterior).
A frase que cito foi proferida quando questionado sobre as obras que marcam o seu mandato. A frase em si é totalmente vazia de sentido e conteúdo. A frase é totalmente inexpressiva. Não sei (haverá alguém que saiba?) o que quer dizer.
Independentemente disso, e não querendo parecer chato, devo relembrar que o rio Noéme continua poluído, que as descargas poluentes continuam conforme tem sido aqui documentado e que ainda hoje a água corria com um manto de espuma à superfície. Até hoje, não houve qualquer dinâmica que mudasse isto.
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Resultado da sondagem "Acredita que o Rio Noéme estará despoluído em 2013?"
A sondagem terminou. O universo de votantes é pequeno mas números são números: 75% dos votantes não acredita na despoluição do rio Noéme no próximo ano.
Avanço várias hipóteses:
- Será devido a possíveis atrasos na construção da estação elevatória da Quinta da Granja?
- Será por temerem a existência de outros focos poluidores?
- Será por este processo se ter arrastado por demasiado tempo?
- Será por este assunto ser tratado pelo vereador responsável pelo saneamento, como se de um simples problema de canalizações se tratasse, em vez de se lhe atribuir a importância e prioridade que deveria ter?
domingo, 11 de novembro de 2012
Sondagem: "Acredita que o rio Noéme estará despoluído em 2013?"
Deixo aqui uma pergunta muito simples e directa aos leitores das Crónicas:
"Acredita que o rio Noéme estará despoluído em 2013?"
Quem diz que sim? Quem diz que não? A sondagem ficará disponível até ao próximo domingo, no canto superior direito da página.
"Acredita que o rio Noéme estará despoluído em 2013?"
Quem diz que sim? Quem diz que não? A sondagem ficará disponível até ao próximo domingo, no canto superior direito da página.
sábado, 10 de novembro de 2012
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Moderno vs Antigo
Portugal era, na opinião do professor Viriato Soromenho-Marques, um país que podia lutar pela liderança no domínio das tecnologias ligadas ao cluster ambiental. A aposta que já vinha dos anos 90 foi interrompida por causa da crise deitando fora trabalho de décadas com consequências ambientais e económicas.
Ao mesmo tempo que Portugal desenvolvia tecnologia de ponta nesse sector, permitia (permite ainda) que se destruíssem rios com descargas poluentes a céu aberto e sem qualquer tipo de tratamento.
Ao mesmo tempo que Portugal desenvolvia tecnologia de ponta nesse sector, permitia (permite ainda) que se destruíssem rios com descargas poluentes a céu aberto e sem qualquer tipo de tratamento.
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