quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A caneta que assina a lei pode ser tão criminosa como o isqueiro que acende o fogo


Vem isto a propósito de um projecto-lei que o Governo pretende apresentar, que permite a plantação de eucaliptos como se de uma outra árvore se tratasse. Devido às especificidades do eucalipto, hoje em dia é necessário licenciamento para reflorestar áreas ardidas com este tipo de árvore. Isto porque o eucalipto  consome mais água, degrada os solos e permite a propagação de incêndios com facilidade. 

Se este projecto-lei for aprovado estaremos perante o maior retrocesso na política florestal em Portugal com consequências graves em termos de ambiente e ordenamento do território. Significará a curto prazo o fim da floresta tradicional. Em breve desaparecerão da nossa paisagem os carvalhos, os sobreiros, os castanheiros e outras espécies existentes no nosso território. E é totalmente contrária aquilo que se tem feito em termos de legislação da floresta no resto da Europa.

Sabe-se que o eucalipto é uma espécie rentável no curto prazo. A visão e a estratégia dos nossos governantes não lhes permite ver mais que isso - o imediato. O crime que estão prestes a cometer irá destruir a floresta que ainda existe e pôr em causa a viabilidade de outros sectores como a agricultura ou o turismo.

Defender a floresta portuguesa, e agora está visto que a ameaça não vem só dos incêndios florestais, passa por ordenar a floresta, encontrar os seus donos, mantê-la limpa, defender as espécies endógenas... Legislar e actuar nesse sentido tem efeitos a longo prazo. Muito além da vista dos nossos governantes.

Notas:
1. Pode ler-se no Diário de Notícias um interessante artigo sobre a floresta em Portugal.
2. O comunicado de imprensa da Liga para a Protecção da Natureza pode ler-se aqui.

1 comentário:

  1. Está a decorrer uma petição contra a liberalização do plantio de eucaliptos:


    http://www.avaaz.org/po/petition/Contra_a_liberalizacao_das_plantacoes_de_eucalipto_em_Portugal/?tta

    mário

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