Li estes dois artigos sobre as amoras silvestres e os cogumelos de Bragança e veio-me à lembrança que na minha infância havia quem apanhasse estes produtos nas silvas e nas matas e os vendesse.
Quando se diz que a agricultura para ser produtiva tem de ser feita em muitos hectares de terreno e altamente mecanizada esquecemo-nos por vezes, que tal como em outras actividades também aqui é preciso imaginação e memória. E por vezes a imaginação não é mais do que falta de memória.
Se olharmos para trás e pensarmos como tiravam rendimento da terra os nosso avós, que produtos tratavam e aonde e de que forma os vendiam, e lhe juntarmos tecnologia actual e ideias novas talvez encontremos algumas respostas. Não concordo com os que defendem que política e economia têm de estar completamente afastadas. Política e economia andam de mãos dadas, da mesma forma que não existe um bom texto sem uma boa bebida. Política é visão e estratégia e pode (deve) dar sinais aos agentes económicos e às populações.
Imagine-se o seguinte cenário: em alternativa à cobrança de impostos extraordinários pelas propriedades que não são cultivadas (cenário que parece estar na cabeça de alguns governantes) porque não se pensa em incentivar (atribuir um preço quase simbólico por metro quadrado cultivado) quem trate pequenas áreas de terreno? E assim em vez de se cultivar só para gasto de casa, tentar também vender o excedente para além do pequeno incentivo que já se recebeu...
Estes "pequenos agricultores" levariam esse excedente para armazéns e mercados locais ou tentariam vender a escolas, particulares, lares... O mesmo modelo de negócio se poderia aplicar aos resíduos da limpeza das florestas. Poderiam, com uma pequena medida a montante, surgir micro-empresas e alguns postos de trabalho nas actividades de transporte, na gestão do armazenamento, na limpeza das florestas, na própria venda. Esta medida simbólica de atribuir um valor ao metro quadrado cultivado, seria um investimento na natureza, no ambiente e nalguma actividade económica. Todos ganharíamos.
Resultante ainda dessa pequena medida, haveria também lugar para que politécnicos e universidades estudassem os produtos endógenos e as espécies que se dão nos nossos terrenos. Recuperada a paisagem e também porque estes territórios recuperados iriam atrair visitantes poderiam ser criados unidades de turismo rural e empresas promotoras de actividades ao ar livre. O próprio território voltaria a ser atractivo para as pessoas e este seria repovoado. etc. etc. etc.
Estamos a caminhar nesse sentido.
ResponderEliminarEspera dois anos e sessas ideias podem ser aplicadas.
j.v