terça-feira, 27 de setembro de 2011
A acontecer agora... no sítio do costume
Está neste momento a decorrer uma descarga poluente no rio Noéme. Para quem quiser ver. No sítio do costume.
Pedido de entrevista ARH Norte
Dias antes do anúncio da extinção (fusão?) da ARH Norte enviei um email a esta entidade com o objectivo de colocar um conjunto de questões sobre a poluição no rio Noéme e saber o que está a ser feito por essa entidade para resolver o problema. As respostas iriam ser publicadas sob a forma de entrevista e indiquei isso no email. Não tive resposta. Pelo andar das coisas já não terei.
domingo, 25 de setembro de 2011
"A Côa", in Capeia Arraiana
Muitas àguas leva a Côa,
Junto à vila do Sabugal;
Quando as àguas vão crescidas,
Ninguém passa no pontal.
Junto à vila do Sabugal;
Quando as àguas vão crescidas,
Ninguém passa no pontal.
O meu rio vai tão cheio,
Que não o posso atravessar!
Vai cheio de mil dores…
Ninguém o póde passar!
Foje a Côa, fujo eu,
Cada um com o seu fado,
Sempre em direcção ao mar,
Qual de nós o mais pesado?
Eu levando meus desgostos;
Ele, a rama dos salgueiros…
Qual de nós o mais pesado,
Correndo ambos ligeiros?
Mas debaixo da velha ponte,
Onde a àgua faz remanso,
Quando beija os salgueiros,
Tem a Côa bom descanso.
As àguas do arco grande,
Aos pés da velha muralha,
Em noite de lua cheia,
Há lá melhor mortalha?
O luar batendo nas àguas,
E nos salgueiros como ladrão,
Assim me roubou a Côa,
A alma e o coração.
Estas àguas da velha ponte,
Por querer seus amores,
Na alma me deixaram,
Mil penas e mil dores.
Mansas àguas tem a Côa,
E salgueiros ao Luar!
Mas quando a cheia é de máguas,
Ninguém as póde passar!
João Valente
Que não o posso atravessar!
Vai cheio de mil dores…
Ninguém o póde passar!
Foje a Côa, fujo eu,
Cada um com o seu fado,
Sempre em direcção ao mar,
Qual de nós o mais pesado?
Eu levando meus desgostos;
Ele, a rama dos salgueiros…
Qual de nós o mais pesado,
Correndo ambos ligeiros?
Mas debaixo da velha ponte,
Onde a àgua faz remanso,
Quando beija os salgueiros,
Tem a Côa bom descanso.
As àguas do arco grande,
Aos pés da velha muralha,
Em noite de lua cheia,
Há lá melhor mortalha?
O luar batendo nas àguas,
E nos salgueiros como ladrão,
Assim me roubou a Côa,
A alma e o coração.
Estas àguas da velha ponte,
Por querer seus amores,
Na alma me deixaram,
Mil penas e mil dores.
Mansas àguas tem a Côa,
E salgueiros ao Luar!
Mas quando a cheia é de máguas,
Ninguém as póde passar!
João Valente
Poema publicado no Capeia Arraiana aqui.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
domingo, 18 de setembro de 2011
Centralizar, Fundir, Extinguir... e descomplicar?
O Governo parece estar a querer levar a cabo uma reestruturação dos organismos do Estado. O objectivo é poupar e cumprir as metas de redução das despesas. A análise do que pode (deve) ser eliminado terá de ser bem feita e não poderá ser feita às cegas sob pena de se eliminarem entidades que realmente fazem falta e cumprem bem o seu papel. Na área do Ambiente noticiava o Público na terça-feira passada iria vai nascer uma "mega agência ambiental". A notícia foi confirmada na sexta-feira pela Governo e irá agora surgir a "Agência Portuguesa para o Ambiente, Água e Acção Climática".
Sou observador atento da actuação de alguns organismos que actualmente actuam na órbita do Ambiente e em particular os que tutelam as Águas. Desde o início da minha intervenção neste blogue contactei algumas delas e tenho conhecimento das diligências efectuadas pelas Juntas de Freguesia junto destas entidades. A saber: ARH Centro, ARH Norte, CCDR Centro, IGAOP, INAG, Direcção Regional do Ambiente... Desse contacto, aponto as seguintes críticas ao seu trabalho (algumas serão por sua culpa outras por falta de uma estratégia da respectiva tutela, o Ministério do Ambiente, e foco-me aqui nos exemplos relacionados com a poluição do rio Noéme): ausência de informação centralizada, falta de comunicação entre entidades da mesma tutela, competências comuns a vários organismos, demora na resposta às solicitações pedidas (e quando surge é demasiado vaga e por vezes imprecisa), negligência e inércia na resolução dos problemas conforme se pode facilmente constatar no caso concreto do rio Noéme. Creio mesmo, que existe desresponsabilização na sua actuação.
No caso destas agências a descentralização não foi uma vantagem (estão sediadas em Lisboa, Coimbra, Porto e Castelo Branco): a suposta proximidade com os problemas não fez com que se resolvessem mais rapidamente. Tem-se também verificado que não existe nesta área uma estratégia de longo prazo para o Ambiente: mudam os Governos, mudam as ideias e mudam os institutos que vão pôr em prática essas ideias (muitas vezes não fazem sequer isso). Mudam os institutos, criam-se novos mas raramente se extinguem os antigos. Por exemplo, as competências da gestão dos rios passaram das CCDR para ARH (criadas há poucos anos) e agora estas são extintas (ou fundidas) e regressam algumas dessas competências à entidade anterior ou para a nova "Agência Portuguesa para o Ambiente, Água e Acção Climática". O rio Noéme foi gerido até 2008 pela ARH Centro e a partir dessa altura passou para a órbita da ARH Norte por ser um afluente do rio Côa. Esse tipo de divisão territorial faz com que a Câmara Municipal da Guarda tenha de se desdobrar em contactos com a CCDR, AHR Centro (rios Zêzere e Mondego) e ARH Norte (rio Noéme) para resolver questões relacionadas com a gestão do território. A Câmara, ou os cidadãos, como se verifica agora com a poluição do rio Noéme. Uma baralhada total!
Não estou em condições de dizer se a solução proposta por este Governo é a melhor. Mas sei uma coisa: o que existe actualmente não funciona bem e não serve as populações. É quase criminosa a inacção destas entidades. Por isso pensem bem o que vão fazer, ouçam especialistas, organizem as coisas com clareza, definam competências e dêem estabilidade ao sector. Quando a "mega agência ambiental" for criada, uma das primeiras cartas que receberá será uma denúncia sobre a poluição do rio Noéme. E espero que desta vez seja resolvido o problema de vez!
Sou observador atento da actuação de alguns organismos que actualmente actuam na órbita do Ambiente e em particular os que tutelam as Águas. Desde o início da minha intervenção neste blogue contactei algumas delas e tenho conhecimento das diligências efectuadas pelas Juntas de Freguesia junto destas entidades. A saber: ARH Centro, ARH Norte, CCDR Centro, IGAOP, INAG, Direcção Regional do Ambiente... Desse contacto, aponto as seguintes críticas ao seu trabalho (algumas serão por sua culpa outras por falta de uma estratégia da respectiva tutela, o Ministério do Ambiente, e foco-me aqui nos exemplos relacionados com a poluição do rio Noéme): ausência de informação centralizada, falta de comunicação entre entidades da mesma tutela, competências comuns a vários organismos, demora na resposta às solicitações pedidas (e quando surge é demasiado vaga e por vezes imprecisa), negligência e inércia na resolução dos problemas conforme se pode facilmente constatar no caso concreto do rio Noéme. Creio mesmo, que existe desresponsabilização na sua actuação.
No caso destas agências a descentralização não foi uma vantagem (estão sediadas em Lisboa, Coimbra, Porto e Castelo Branco): a suposta proximidade com os problemas não fez com que se resolvessem mais rapidamente. Tem-se também verificado que não existe nesta área uma estratégia de longo prazo para o Ambiente: mudam os Governos, mudam as ideias e mudam os institutos que vão pôr em prática essas ideias (muitas vezes não fazem sequer isso). Mudam os institutos, criam-se novos mas raramente se extinguem os antigos. Por exemplo, as competências da gestão dos rios passaram das CCDR para ARH (criadas há poucos anos) e agora estas são extintas (ou fundidas) e regressam algumas dessas competências à entidade anterior ou para a nova "Agência Portuguesa para o Ambiente, Água e Acção Climática". O rio Noéme foi gerido até 2008 pela ARH Centro e a partir dessa altura passou para a órbita da ARH Norte por ser um afluente do rio Côa. Esse tipo de divisão territorial faz com que a Câmara Municipal da Guarda tenha de se desdobrar em contactos com a CCDR, AHR Centro (rios Zêzere e Mondego) e ARH Norte (rio Noéme) para resolver questões relacionadas com a gestão do território. A Câmara, ou os cidadãos, como se verifica agora com a poluição do rio Noéme. Uma baralhada total!
Não estou em condições de dizer se a solução proposta por este Governo é a melhor. Mas sei uma coisa: o que existe actualmente não funciona bem e não serve as populações. É quase criminosa a inacção destas entidades. Por isso pensem bem o que vão fazer, ouçam especialistas, organizem as coisas com clareza, definam competências e dêem estabilidade ao sector. Quando a "mega agência ambiental" for criada, uma das primeiras cartas que receberá será uma denúncia sobre a poluição do rio Noéme. E espero que desta vez seja resolvido o problema de vez!
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
"O menino que carregava água na peneira"
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.
Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro
botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.
Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro
botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos.
Manoel de Barros
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Cantar de galo
O rio Noéme continua poluído, no entanto, parece haver cada vez menos quem cante de galo.
domingo, 11 de setembro de 2011
Falar grosso
No Congresso do PS o presidente Mário Soares disse no seu discurso que os socialistas deviam "falar grosso" na Europa. Terminado o discurso, apelou também às gentes da Guarda que falem grosso com com as autoridades que deixam poluir o Noéme.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
E assim acontece
O Público noticia que Portugal foi multado pelo Tribunal de Justiça Europeu por "faltas no tratamento de águas". Pode-se ler a notícia aqui.
Inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, acontecerá o mesmo por causa da poluição do rio Noéme.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
"Porque na ribeira é que se está bem", in Capeia Arraiana
Retiro o título deste post de um texto publicado por José Carlos Mendes no blogue Capeia Arraiana sobre a Ribeira do Casteleiro. Subscrevo-o na totalidade e também era assim na ribeira do Rochoso (rio Noéme). Memórias!
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Pôr o selo (2)
Constou-me que a hipótese levantada aqui já foi considerada no passado por responsáveis da Câmara Municipal da Guarda mas acabou por não acontecer, não sei porque razões.
domingo, 4 de setembro de 2011
Pôr o selo
Sobre a poluição do rio Noéme já se puseram muitos selos (a poluidores e autoridades): falta de autoridade, incompetência, crime, negligência, ilegalidade,atentado...
Falta contudo pôr um ainda:
Falta selar esta conduta até que todas as infra-estruturas necessárias à resolução do problema do Noéme estejam construídas. Esta é a única forma de garantir que não haverá mais descargas poluentes no rio e assim, com as chuvas deste Inverno, começarmos a recuperar o rio.
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