Volto a publicar um comentário de um leitor que vem no seguimento da opinião expressa aqui. Não sei se trata da mesma pessoa ou não. Respeito a opinião mas não concordo com ela na totalidade:
"Portanto, comprova-se que a empresa tem a sua situação regular: despeja os seus efluentes num colector municipal, que é aquilo a que todos estão obrigados, empresas e particulares. Contrariamente à ideia que muitas vezes se quer passar, a empresa não despeja os seus efluentes no rio, em domínio público; fá-lo num colector municipal, gerido pela Câmara. A empresa deve até pagar uma taxa mensal para lá poder despejar os seus efluentes. E o que é que a Câmara faz aos efluentes por cujo tratamento assumiu a responsabilidade? Para os quais cobra taxas? Despeja-os no Noéme, que é a via mais fácil.
Isto, meus amigos, é um crime. E só quando quem o comete fôr criminalmente responsabilizado as coisas mudarão. Continuem a pôr as culpas na empresa, que o crime ficará por resolver..."
Há aqui diversos pontos de análise:
1. A Câmara Municipal da Guarda é responsável pela poluição do Rio. No passado porque "autorizou"; no presente porque não faz o que lhe compete para resolver o problema. É criminosa esta postura. E vai contra o prometido em campanha eleitoral, nomeadamente quando o então candidato Joaquim Valente se deslocou ao Rochoso.
2. São também culpadas, as diversas entidades oficiais sobre as quais recaem a gestão e preservação dos nossos rios: ARH's, CCDR's, Ministério do Ambiente, IGAOP, SEPNA's. Todas conhecem o problema, provavelmente todas conhecem as causas, nenhuma fez qualquer coisa para pôr cobro ao crime. Se localmente já vimos que não há competência para resolver o problema esperava-se que alguém de Lisboa ou Porto viesse deitar mão a isso. Alguém completamente independente dos (pequenos ou grandes) pod(e)res locais.
3. Sugiro que qualquer pessoa faça a seguinte experiência: em dia de descarga do colector municipal junto à Gata dirija-se à ponte e espreite o Rio Diz. Sentirá um cheiro tão intenso, tão forte que não aguentará mais de 5 minutos sem que lhe comece a doer a cabeça e terá de sair dali. Não sabemos ainda que matérias assassinas ali são deitadas (já estão a ser analisadas amostras dessa água). O Rio está completamente morto até que desagua no Côa. Se algum dia alguém sofrer consequências directas na sua saúde ficarão os poluidores tranquilos que tudo fizeram para que os efluentes que despejam nos efluentes fossem tratados? Fingirão que não sabem onde realmente despeja o colector municipal? É a velha história do ladrão, da vinha e daquele que fica à porta..
4. E porque não aplicar lógica inversa neste problema? Ou seja, se todos os poluidores do Rio sabem que a Câmara Municipal não é entidade de bem porque não cumpre os compromissos assumidos, porque não tomam cada um deles individualmente a iniciativa (e até para evitar má-publicidade) de fazer os tratamentos necessários e exaustivos para que os efluentes que saem das fabricas sejam inofensivos?
5. Sobre a responsabilidade criminal: espero que ninguém julgue que pode dormir descansado.