segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Memórias Paroquiais - Vila Garcia

Do rio desta terra, corre por este vale perto da igreja paroquial a ribeira chamada Noeime, que nasce nas  serras junto ao lugar de Porcas, que dista légua e meia, de cujas águas se não aproveitam os moradores para a cultura dos campos, cujo curso, no tempo do Inverno e parte do ano é copioso e muito arrebatado, e conserva o seu nome até se meter no Rio Coa no lugar de Porto Ovelha. Esta freguesia não tem mais que uma ponte de pau, que na ocasião das cheias o passa, pelo que aos caminhantes que vão para a província do Alentejo, comarca de Pinhel, província do Minho ou outras partes deste Reino tem sucedido perigarem muitos. 
Esta ribeira corre nesta freguesia de Poente a Nascente.
Os peixes que produz são bordalos e outros mais pequenos que chamam sardas, e algumas enguias.
Os arvoredos de suas margens são amieiros e salgueiros.
Tem moinhos de moer pão, e não se aproveitam os moradores de outra coisa, somente (?) linhos.
Tem este rio desde o seu nascimento até se meter na Coa 6 léguas.
Não se diz mais aos interrogatórios porque não há o quê.

Vila Garcia, de Maio 18 de 1758.
Súbdito de Vossa Mercê
O Prior Mendo da Costa Saraiva

1 comentário:

  1. Que bela relíquia, pena que não seja muito conhecida. Não é preciso ir tão longe para nos lembrarmos dos peixinhos do rio, apesar de, no passado, não haver tratamento de esgotos (eles não eram lançados em quantidade no rio). Quem não deu uns mergulhos e umas braçadas na água... Pois é, pode ser que dentro de alguns anos ainda se possam voltar a ver os tais peixinhos do rio, os moinhos a moer o pão e as velhas pontes de pau ou as poldras de pedra que, aparentemente foram levadas ( claro que não foi pelas cheias)...

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