terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Parangonas (2)

Outra forma de comunicação (política? técnica?) bastante usado consiste no uso das siglas indecifráveis. Tal como os chavões vazios de conteúdo que referi no post anterior também dão óptimas parangonas.



Atente-se no "penuea" - Programa Nacional de Uso Eficiente da Água. "O PENUA tem como principal objectivo a promoção do Uso Eficiente da Água em Portugal, especialmente nos setores urbano, agrícola e industrial, contribuindo para minimizar os riscos de escassez hídrica e para melhorar as condições ambientais nos meios hídricos, sem pôr em causa as necessidades vitais e a qualidade de vida das populações, bem como o desenvolvimento socioeconómico do País". (transcrevo do artigo redigido por Manuel Lacerda, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente I.P. e Director Nacional da Água, publicado na revista Ingenium).

Chega a ser ridículo falar-se em grandes planos quando a questão mais simples - impedir que a indústria faça descargas a céu aberto num pequeno rio - não é resolvida. É ridículo falar em "redução das pressões quantitativas e qualitativas sobre as massas de água" (a menos que para fins puramente de humor e ironia) quando constatamos que existe um pequeno rio, a algumas centenas de quilómetros do edifício onde está sediada a Agência Portuguesa do Ambiente e a Direcção(?) Nacional da Água, sem vida porque sofre de "pressões quantitativas e qualitativas" por parte da indústria. 

Quem elaborou o documento não terá certamente saído do gabinete. Provavelmente   desconhece que ainda há (em 2012!!!) rios poluídos em Portugal (alguns da forma mais básica possível e perfeitamente consentida pelas autoridades). Termino com uma expressão usada no artigo: "A melhoria da eficiência do uso da água é necessária porque: é um imperativo ético. A água é fundamental para a vida, precisa de ser gerida tendo em conta as gerações seguintes."


1 comentário:

  1. Caro Márcio:
    Parece que os poderes públicos e principalmente os eleitos por nós continuam a fazer orelhas moucas aos apelos de um Rio que apesar de doente ainda não morreu. E, mesmo que tivesse morrido, os que se lembram do Rio Vivo, não deixarão de continuar a sua luta até que ele venha a ressuscitar. Não desistiremos. Responsabilizaremos, pelas formas que nos for possivel, incluindo as eleitorais, os mentores deste verdadeiro crime ambiental.
    Não estranhem os senhores eleitos que apareçamos nas suas campanhas lembrando aos que os ouvem aquilo que eles fizeram ou permitiram que se fizesse.

    Jfernandes

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