Regresso à Guarda e constato que voltam à ordem do dia temas recorrentes. Desta vez é a possível extinção da Culturguarda e o encerramento da Maternidade da Guarda.
Sobre o primeiro caso, a pretexto de uma regra calculada a régua e esquadro (ter 50% de receitas próprias) para todas as empresas municipais independentemente da actividade a que se dedicam, pode destruir-se uma equipa muito competente, empenhada e com provas dadas ao longo de sete anos. Sem avaliação do trabalho efectuado. Destrói-se o capital humano que colocou a Guarda no mapa da Cultura em Portugal e pode estar em causa a manutenção do Teatro Municipal.
O encerramento da Maternidade vem de encontro ao propósito de encurtar um país já de si geograficamente pequeno. Concentrar as pessoas à volta das grandes cidades do Litoral e se possível enviar algumas para fora do país (convite reiterado por diversas vezes por elementos do Governo). O que é pequeno controla-se, digo, governa-se, mais facilmente.
A propósito de amores, dizia uma personagem de Gil Vicente "Mais quero um asno que me carregue, que cavalo que me derrube". É simplista dizer que neste e noutros casos temos burros a quererem derrubar-nos. Sabemos que uma população sem acesso à Cultura, Educação ou Saúde é uma população que tem menos capacidade de intervir, reivindicar e exercer o seu direito de Cidadania. Os resultados (as receitas) nestas áreas não se medem necessariamente em dinheiro nem de imediato. Estes resultados têm um prazo de validade mais amplo e tornam as pessoas mais exigentes com aqueles que nos governam. Tornam as pessoas mais livres, e é disto que aqui se trata.
Nota 1: Sobre a extinção da Culturguarda pode ler-se mais no Café Mondego e no Sobre o Risco.
Nota 2: Aos asnos, perdão, tecnocratas que nos governam faço o convite de visitarem a Guarda. O tempo está agradável e podem assim durante uns dias constatar a actividade da Culturguarda. Parem para beber uma bebida fresca no Café Concerto. Vão à Feira de São João. Participem nas Visitas Encenadas (este ano sobre a presença judaica na Guarda e uma subida ao Cabeço das Fráguas). Vão apreciar a exposição de Cesariny. Talvez no regresso tenham aprendido alguma coisa e pensem de modo diferente.
Nota 3: Aqui fica a programação do TMG até Julho.
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