Do depoimento que prestei ao jornal "A Guarda" ficaram por publicar dois pontos que julgo importante realçar e que por isso reproduzo aqui na íntegra. Já foram neste espaço manifestado estas preocupações mas era necessário esclarecer que não foram esquecidas.
1. Quando me perguntaram sobre os culpados pela poluição do Rio Noéme:
Esta pergunta deve ser colocada aos responsáveis da Câmara Municipal da Guarda. Ao longo de todos estes anos haverá diversos culpados: em 1999, um estudo do Centro de Conservação da Energia divulgado no jornal "Terras da Beira" (Julho de 1999) apontava como principais agentes poluidores os resíduos industriais, os esgotos domésticos e os fertilizantes agrícolas. Em entrevista recente ao jornal "Nova Guarda" (Abril de 2009), a Sra. Vereadora do Ambiente da Câmara Municipal da Guarda dizia que os problemas de poluição são muito antigos e que há ligações para descargas poluentes contratualizadas em mandatos anteriores. A pergunta que se impõe é: quando e com que legitimidade alguém permitiu que se usasse o rio, um recurso que é de todos, como esgoto de fábricas? E hoje em dia faz sentido que situações destas ainda persistam?
2. Questionado sobre as medidas a tomar e a quem cabe resolver o problema:
A Câmara Municipal e/ou o Ministério do Ambiente. Os eleitos têm o dever de servir os cidadãos e resolver os problemas existentes. Não podem ser cúmplices deste crime ambiental por acção ou omissão. E não basta que a requalificação seja só na nascente do Rio Diz porque é bonito ter um grande parque na cidade; essa obra é concerteza importante e de elogiar mas é necessário que a requalificação siga uma lógica mais abrangente e um verdadeiro projecto de valorização ambiental. É muitas vezes referido que a Guarda tem boas condições para turismo de ambiente. Por este país fora, em terras porventura com menos recursos que os nossos, vamos tomando conhecimento de iniciativas que promovem o ambiente, valorizam os seus monumentos, as suas tradições, a sua história... Aqui não só não aproveitamos o que temos como ainda permitimos que seja destruído. É imprescindível que se impeçam as descargas poluentes, fiscalize e punam os infractores para se garantir que o rio não continua a ser agredido; depois proceder à limpeza do seu leito para eliminação dos resíduos; podar as árvores existentes, eliminar as que estão mortas e plantar novas espécies; proceder à limpeza das suas margens. Julgo que feito isto, o ecossistema recuperar-se-ia naturalmente. Não há nada de novo nem muito complexo neste conjunto de medidas e de certeza que há muitas intervenções semelhantes que possam servir de exemplo.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
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Como estas perguntas iam por o dedo na ferida ficaram de fora. Parece que o receio de censura paira sobre os jornalistas...
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