Fonte bem colocada em Belém confidenciou-nos que Marcelo Rebelo de Sousa faz depender a decisão da sua recandidatura a Belém da total despoluição do rio Noéme em 2020.
segunda-feira, 30 de dezembro de 2019
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
terça-feira, 24 de dezembro de 2019
Inspecção do Ambiente e tribunais
As notícias de ontem diziam que só 24% das coimas aplicadas pela Inspecção do Ambiente por crimes ambientais eram cobradas. A causa, referiam, seria a falta de sensibilidade ambiental dos juízes.
Nisto subscrevo a opinião de Miguel Sousa Tavares no seu comentário no jornal da TVI (cito de cor): “as multas já não resolvem nada. Se uma fábrica é predadora do Ambiente tem de ser encerrada.”
sexta-feira, 20 de dezembro de 2019
quarta-feira, 18 de dezembro de 2019
Estação do Noemi
A linha da Beira Alta e o rio Noéme caminham em boa parte do trajecto lado a lado, quase de mãos dadas. Muitos apeadeiros ficam muito perto da ribeira. Existe até a "Estação do Noemi" que segundo este artigo foi criada em 1917 com a particularidade de estar afastada de qualquer localidade.
No livro "Linha da Beira Alta - Viagem inaugural", escrito por Bronislaw Wolowski em 1883 e republicado em 2017 encontramos o olhar de um estrangeiro daquela época sobre Portugal, a Guarda, a nossa região... Por exemplo: "Esta parte de Portugal era, até ao presente, separada do resto do Mundo. À medida que nos afastamos do Oceano e nos aproximamos de Espanha, o país é menos cultivado; o solo é agora pedregoso, árido. De tempo a tempo, o olhar fica encantado por algum vale deslumbrante. Estes espectáculos são raros e, da Guarda a Vilar Formoso, o aspecto das encostas nada tem de agradável. As pequenas vilas ou os locais de habitação mais importantes encontram-se a uma distância de 4, 5 ou por vezes quinze quilómetros do traçado do caminho-de-ferro. O percurso é por isso monótono."
Concordando ou não com o carácter subjectivo e de gosto nas suas apreciações e comparações entre os vales e os cabeços, de 1883 até aos nossos dias pouco ou nada mudou nesta paisagem e quem fizer a viagem Guarda - Vilar Formoso poderá constatar isso mesmo. Atrevo-me mesmo a dizer, que desde a Idade Média a maior transformação física e social nestes locais se deveu precisamente ao comboio.
domingo, 15 de dezembro de 2019
O rapto do Noemi
Esta imagem faz parte de um mural que está na LxFactory em Lisboa e cujo nome do autor não consegui apurar.
Gosto de lhe chamar “O rapto do Noemi”. Está lá tudo: os poluidores e as entidades oficiais representados por um velho de longas barbas grandes roubando a Vida e o relógio questionando: "quanto tempo mais?".
sábado, 14 de dezembro de 2019
quinta-feira, 12 de dezembro de 2019
“Faltará o ar. Será importante?”, de Daniel Deusdado
Pode ler-se a crónica no sítio do Diário de Notícias.
terça-feira, 10 de dezembro de 2019
Sabedoria dos Clássicos
"Poucos rios, surgem de grandes nascentes, mas muitos crescem recolhendo a água que encontram pelo caminho", Ovídio
No seguimento do post anterior.
segunda-feira, 9 de dezembro de 2019
"Quando puderes beber na fonte não bebas no ribeiro"
Se noutros tempos era comum beber água em qualquer sítio, hoje é completamente impossível. A dita "da rede" que oferece as condições sanitárias e é bacteriologicamente testada, ganhou (nuns sítios mais, noutros menos) o gosto do "tratamento".
"Água corrente não mata a gente" dizia-se. Fruto das mudanças climáticas, das transformações na paisagem, do fim de uma certa agricultura e respectiva consequência nos solos, enfim, do "progresso", as águas estão cada vez mais paradas, escassas e sujas.
Deixámos de tratar as águas circulantes (à superfície e no subsolo) como o sangue que se movimenta nos nossos corpos. Nalguns casos não sabemos onde estão essas águas, noutros esquecemo-nos, perdemos essa sabedoria milenar. Mais grave ainda, em muitos casos o "progresso" cortou as nascentes onde não deveria ter sido permitido, só para se construir, só para se ganhar dinheiro... e deixámos.
Estranho desenvolvimento este que nos venderam. Alegam agora que a água chega a todas as torneiras e o saneamento é uma realidade em todos os lugares. Sem dúvida, dizemos, aqui o progresso escreve-se sem aspas. Mas este progresso, este que chega a todos não é incompatível com o que defendemos antes.
"Não bebas na fonte, nem no ribeiro, muito menos na ribeira" mas procura a água. Aproxima-te, contempla-a. Umas vezes calma, outras furiosa. Não a percas nunca de vista.
sexta-feira, 6 de dezembro de 2019
"What If We Stopped Pretending?", in New Yorker
Traduzo livremente o início do ensaio: "Existe uma esperança infinita”, diz Kafka, “só que, não para nós”. Esse é um epigrama apropriadamente místico de um escritor cujos personagens lutam por objectivos ostensivamente alcançáveis e, tragicamente ou divertidamente, nunca conseguem aproximar-se deles. Mas parece-me, que no nosso mundo que escurece rapidamente, o inverso da piada de Kafka é igualmente verdadeiro: não há esperança, excepto nós."
Jonathan Franzen (romancista, autor de "Purity") continua depois o texto que rapidamente se perceberá trata das alterações climáticas e da acção do Homem sobre o planeta. Uma excelente leitura para um dia de frio em frente à lareira.
Pode ler-se aqui o ensaio completo.
quarta-feira, 4 de dezembro de 2019
Geneanologia
Para se compreender na totalidade a complexidade do problema do rio Noéme e porque dura há tantos anos, talvez fosse necessário estudar a fundo a genealogia do poder na Guarda.
terça-feira, 3 de dezembro de 2019
Regionalização
A Regionalização poderá voltar à agenda política nesta legislatura. Aberto a todos os argumentos, deixo o meu contributo a partir das margens do Noéme:
- O rio já estaria despoluído com um poder regional, mais conhecedor do problema mas também mais próximo e possivelmente influenciável por circunstâncias locais?
- Ou será mais vantajoso para o rio, que a análise seja feita por um Poder distante, imparcial, totalmente desconhecedor das idiossincrasias regionais?
segunda-feira, 2 de dezembro de 2019
Entrevista ao Ministro do Ambiente na RTP
A entrevista foi transmitida no dia 27 de Novembro na RTP e foram abordados os seguintes temas:
- Exploração do lítio, tema que dominou grande parte do programa.
- Tratamento e recolha de resíduos.
- Estado das pedreiras, no rescaldo do acidente de Borba do ano passado.
- Água: abastecimento e escassez. "Nunca me verão optimista em relação a esse tema", disse o ministro. Não referiu nada acerca da qualidade das águas dos nossos rios.
Esperava uma entrevista mais baseada na discussão de políticas ambientais e de ideias, do que a olhar para factos da agenda.
Sobre a exploração do lítio em Portugal, deixo as minhas notas para discussão à margem da entrevista (talvez um dia lhe dedique um post):
- Assumindo que existe e em quantidades que justifiquem, Portugal quer ter uma economia do tipo extractivo?
- O que vão ganhar as populações dos sítios onde vai ser explorado? (E o que vão perder);
- Qual o melhor modelo de negócio (público, privado, público/privado)? O modelo de negócio implementado na Noruega em relação ao petróleo é aqui aplicável?
- Onde fica o valor acrescentado da exploração e os ganhos com a transferência de tecnologia? Ou o trabalho "limpo" irá para os países desenvolvidos?