"Inspecção do Ambiente sela conduta suspeita que ligava farmacêutica Cipan ao Tejo", in Público
"Houve uma denúncia indicando que a conduta permitiria descargas directas de esgotos no Tejo sem passar por qualquer tratamento." pode ler-se no texto.
Rio Noéme Ladeando a cidade da Guarda pelo sul, vem lá da Serra da Estrela, onde nasce, com caudal frágil e diminuto, a mil metros de altitude.
Ao contrário dos irmãos mais fortes e alentados – Mondego e Zêzere – toma o rumo de Leste e, após poucos quilómetros na zona serrana, percorre, lenta e calmamente, já na companhia do Rio Diz, o Planalto Beirão, para, após os últimos 30 Kms, junto da aldeia do Jardo, se misturar com o Rio Côa e seguirem para Norte, até ao Douro.
Os 400 metros de declive entre a nascente e a foz do Noéme que, embora sem grande pressa não se esquece da sua condição de rio de montanha, são percorridos em terrenos pedregosos, desfrutando um vale ancho, ladeado por barrocos graníticos e espraiando-se, a espaços, em verdadeiras praias cercadas de lameiros e veigas férteis, emolduradas por freixos e salgueiros.
Entre as aldeias que ao longo do Noéme se foram desenvolvendo falamos, hoje, do Rochoso. A meio caminho entre Vale de Estrela e Jardo, a “ribeira do Rochoso” foi paraíso de muitas gerações e gáudio de muitos jovens que ali se banharam, por lá confraternizaram repartindo as merendas, ou meditaram e se inspiraram, lendo e escrevendo nos períodos de ócio, ou férias.
As palavras e expressões como doçura, suavidade, graça, alegria…vêm do antigo hebraico – no’ami -, de onde, segundo os etimologistas, provém Noemi, ainda em uso pelos menos novos, que viria a dar origem ao nome actual: Noéme. Compreende-se, pois, todo o bucolismo, saudade e bairrismo de quem nasceu naquelas terras, ou a elas se sente ligado.
É que a maior parte daquelas aldeias, perdidas por montes e vales, hoje quase abandonadas, foram alfobres de gentes de rija têmpera, que no seu País ou espalhadas pelo Mundo, sofreram, lutaram e triunfaram, sem nunca esquecerem as suas origens e a ligação à terra que as viu nascer e crescer.
Porém, que maior maldade se poderia fazer a estas gentes e às suas memórias que matar o seu rio; acabar com as águas límpidas e serenas em que se reviram e refrescaram nos quentes verões da sua meninice; expulsar ou extinguir os peixinhos que serviram de pretexto a uns belos copos com os amigos?
As novas estradas, comodidades, conforto, nível de vida, educação, instrução, etc, etc… tudo não passará de nada, quando comparado com a morte da “sua ribeira”, o remanso dos seus moinhos, as sombras dos seus freixos, a lembrança de tempos difíceis, mas…felizes.
O nosso apelo é muito simples:
Não nascemos no Rochoso, mas somos de lá; não temos, por isso, receio de falta de legitimidade, pedimos às autoridades competentes que façam aquilo que há-de perpetuar a sua lembrança junto dos vindouros: realize, sr. Presidente da Câmara da Guarda, um milagre – salve o rio Noéme, ressuscitando-o.
Folhas soltas-139
ResponderEliminarProf. José Valente
Rio Noéme
Ladeando a cidade da Guarda pelo sul, vem lá da Serra da Estrela, onde nasce, com caudal frágil e diminuto, a mil metros de altitude.
Ao contrário dos irmãos mais fortes e alentados – Mondego e Zêzere – toma o rumo de Leste e, após poucos quilómetros na zona serrana, percorre, lenta e calmamente, já na companhia do Rio Diz, o Planalto Beirão, para, após os últimos 30 Kms, junto da aldeia do Jardo, se misturar com o Rio Côa e seguirem para Norte, até ao Douro.
Os 400 metros de declive entre a nascente e a foz do Noéme que, embora sem grande pressa não se esquece da sua condição de rio de montanha, são percorridos em terrenos pedregosos, desfrutando um vale ancho, ladeado por barrocos graníticos e espraiando-se, a espaços, em verdadeiras praias cercadas de lameiros e veigas férteis, emolduradas por freixos e salgueiros.
Entre as aldeias que ao longo do Noéme se foram desenvolvendo falamos, hoje, do Rochoso. A meio caminho entre Vale de Estrela e Jardo, a “ribeira do Rochoso” foi paraíso de muitas gerações e gáudio de muitos jovens que ali se banharam, por lá confraternizaram repartindo as merendas, ou meditaram e se inspiraram, lendo e escrevendo nos períodos de ócio, ou férias.
As palavras e expressões como doçura, suavidade, graça, alegria…vêm do antigo hebraico – no’ami -, de onde, segundo os etimologistas, provém Noemi, ainda em uso pelos menos novos, que viria a dar origem ao nome actual: Noéme. Compreende-se, pois, todo o bucolismo, saudade e bairrismo de quem nasceu naquelas terras, ou a elas se sente ligado.
É que a maior parte daquelas aldeias, perdidas por montes e vales, hoje quase abandonadas, foram alfobres de gentes de rija têmpera, que no seu País ou espalhadas pelo Mundo, sofreram, lutaram e triunfaram, sem nunca esquecerem as suas origens e a ligação à terra que as viu nascer e crescer.
Porém, que maior maldade se poderia fazer a estas gentes e às suas memórias que matar o seu rio; acabar com as águas límpidas e serenas em que se reviram e refrescaram nos quentes verões da sua meninice; expulsar ou extinguir os peixinhos que serviram de pretexto a uns belos copos com os amigos?
As novas estradas, comodidades, conforto, nível de vida, educação, instrução, etc, etc… tudo não passará de nada, quando comparado com a morte da “sua ribeira”, o remanso dos seus moinhos, as sombras dos seus freixos, a lembrança de tempos difíceis, mas…felizes.
O nosso apelo é muito simples:
Não nascemos no Rochoso, mas somos de lá; não temos, por isso, receio de falta de legitimidade, pedimos às autoridades competentes que façam aquilo que há-de perpetuar a sua lembrança junto dos vindouros: realize, sr. Presidente da Câmara da Guarda, um milagre – salve o rio Noéme, ressuscitando-o.