1. A propósito do post "As lavadeiras do Noéme" quero deixar duas notas adicionais: 1. No dia em que fui à Ponte de Ferro encontrei junto ao local onde estava a casa do guarda da passagem de nível, um pial onde se esfregava a roupa mais sofisticado que o barroco da Laje de Marco. A água vem de um poço na ribeira e extraída com recurso a uma nora.
2. Na Sexta-Feira Santa não se estendia roupa na ribeira porque se acreditava que nela apareceriam as gotas de sangue da Paixão de Nosso Senhor.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
"Os moínhos ou azenhas e os moleiros do Rochoso" *
"Na Ribeira das Cabras e em especial no Rio Noéme, existem velhos moinhos ou azenhas que durante séculos moeram farinhas não só para a freguesia do Rochoso como também para outras limítrofes (...)
No rio Noéme, na margem direita, situam-se os moinhos dos "Ritas" e na margem esquerda os moinhos dos "Quintais" cujo último moleiro foi Manuel Fonseca, e o moinho "Andrade". No entanto o moinho mais típico e característico do Rochoso fica situado a dois passos do Apeadeiro do Caminho de Ferro, junto à E.M. 230 e ao novo pontão sobre o Noéme. Trata-se do moinho "Pires", o único que continua em laboração, moendo farinhas não só para a freguesia do Rochoso, mas também para o Monte Margarida e Penedo da Sé. O actual proprietário Joaquim Pires, não obstante contar aproxidamente 80 anos, tem um espírito muito jovem e, mercê da sua modéstia e bondade, é uma figura quase carismática das gentes do Rochoso e terras circunvizinhas.
Velho moinho do Apeadeiro
Continuas moendo com alegria.
Trigo, milho e centeio
Sem descansar noite e dia."
* Texto retirado do livro "Vida e obra do Comendador Mons. Cónego José Lourenço Pires" de Manuel Joaquim Barroco, 1984
No rio Noéme, na margem direita, situam-se os moinhos dos "Ritas" e na margem esquerda os moinhos dos "Quintais" cujo último moleiro foi Manuel Fonseca, e o moinho "Andrade". No entanto o moinho mais típico e característico do Rochoso fica situado a dois passos do Apeadeiro do Caminho de Ferro, junto à E.M. 230 e ao novo pontão sobre o Noéme. Trata-se do moinho "Pires", o único que continua em laboração, moendo farinhas não só para a freguesia do Rochoso, mas também para o Monte Margarida e Penedo da Sé. O actual proprietário Joaquim Pires, não obstante contar aproxidamente 80 anos, tem um espírito muito jovem e, mercê da sua modéstia e bondade, é uma figura quase carismática das gentes do Rochoso e terras circunvizinhas.
Velho moinho do Apeadeiro
Continuas moendo com alegria.
Trigo, milho e centeio
Sem descansar noite e dia."
* Texto retirado do livro "Vida e obra do Comendador Mons. Cónego José Lourenço Pires" de Manuel Joaquim Barroco, 1984
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
terça-feira, 20 de outubro de 2009
A ribeira junto à Ponte de Ferro - Fotos
domingo, 18 de outubro de 2009
O Poder da Água - Colóquio
Realizou-se no passado dia 07 de Outubro, no Pequeno Auditório do Teatro Municipal da Guarda, um colóquio subordinado ao tema "A Água" seguido da apresentação da curta-metragem de animação "O Poder da Água". Um e outro são merecedores de elogio.
Os especialistas convidados para o colóquio falaram sobre ambiente, importância da água, poluição... o problema do Noéme não foi esquecido: um responsável pela ETAR de S. Miguel explicou que as descargas poluentes ocorrem a jusante da ETAR, portanto, salvo alguma ruptura pontual, esta não contribui para o problema. Houve alturas em que as rupturas eram frequentes porque a infra-estrutura não tinha capacidade suficiente (agora isso foi solucionado com a remodelação efectuada). Salienta contudo que a ETAR foi concebida para tratar águas residuais urbanas (não resíduos industriais). Em relação à fábrica poluidora, terá de tratar as suas águas residuais e só posteriormente fazer a tal ligação à ETAR. Foi dito ainda que deixando de haver descargas poluentes há espécies que recuperam logo. Foi uma sessão esclarecedora, em que os temas foram apresentados de forma clara (mesmo para leigos na matéria) e onde foram discutidos assuntos de grande relevância. Os decisores políticos têm muito a ganhar se ouvirem quem realmente percebe do assunto antes de tomar medidas. Cidadãos esclarecidos são também cidadãos conscientes.
O filme "O Poder da Água" foi realizado por alunos do IEFP da Guarda, com o apoio do Serviço Educativo do TMG, ao abrigo do programa "Aqua Criativa". A curta-metragem de animação aborda a temática da água e dos ecossistemas. Será brevemente lançado em DVD. Está envolvida no projecto a empresa "Águas do Zêzere e Côa". Para além do filme, é mostrado o processo criativo e as técnicas envolvidas.
Por esta iniciativa (serviço público de excelência), o TMG, os alunos envolvidos, os coordenadores do projecto estão de parabéns.
Os especialistas convidados para o colóquio falaram sobre ambiente, importância da água, poluição... o problema do Noéme não foi esquecido: um responsável pela ETAR de S. Miguel explicou que as descargas poluentes ocorrem a jusante da ETAR, portanto, salvo alguma ruptura pontual, esta não contribui para o problema. Houve alturas em que as rupturas eram frequentes porque a infra-estrutura não tinha capacidade suficiente (agora isso foi solucionado com a remodelação efectuada). Salienta contudo que a ETAR foi concebida para tratar águas residuais urbanas (não resíduos industriais). Em relação à fábrica poluidora, terá de tratar as suas águas residuais e só posteriormente fazer a tal ligação à ETAR. Foi dito ainda que deixando de haver descargas poluentes há espécies que recuperam logo. Foi uma sessão esclarecedora, em que os temas foram apresentados de forma clara (mesmo para leigos na matéria) e onde foram discutidos assuntos de grande relevância. Os decisores políticos têm muito a ganhar se ouvirem quem realmente percebe do assunto antes de tomar medidas. Cidadãos esclarecidos são também cidadãos conscientes.
O filme "O Poder da Água" foi realizado por alunos do IEFP da Guarda, com o apoio do Serviço Educativo do TMG, ao abrigo do programa "Aqua Criativa". A curta-metragem de animação aborda a temática da água e dos ecossistemas. Será brevemente lançado em DVD. Está envolvida no projecto a empresa "Águas do Zêzere e Côa". Para além do filme, é mostrado o processo criativo e as técnicas envolvidas.
Por esta iniciativa (serviço público de excelência), o TMG, os alunos envolvidos, os coordenadores do projecto estão de parabéns.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Eleições
No domingo passado foram eleitos novos executivos para a Câmara e Assembleias de Freguesia. Parabéns aos vencedores. Esperemos que trabalhem bem em prol das populações e que seja neste mandato que se possa celebrar a despoluição do Noéme.
domingo, 11 de outubro de 2009
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento —
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim — à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
Ricardo Reis
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento —
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim — à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
Ricardo Reis
sábado, 10 de outubro de 2009
Amigos do Noéme
São amigos do Noéme os que:
- Não poluem as suas águas
- No âmbito das suas competências ajudam a valorizar o Rio
- Fiscalizam e punem os infractores
- Lutam e reclamam do poder a resolução do problema
- Aprenderam a nadar nas suas águas e quando candidatos ao poder não se esquecem dele
- Participam nas actividades organizadas em favor do Rio e contra a poluição
- Limpam as suas margens
- Contam as histórias do antigamente com nostalgia e tristeza com a transformação que ocorreu
- Mesmo sem conhecer o Noéme, se mostram a solidários e tentam colaborar com vista à resolução do problema
- Se indignam com o crime miserável continuadamente repetido
- Não poluem as suas águas
- No âmbito das suas competências ajudam a valorizar o Rio
- Fiscalizam e punem os infractores
- Lutam e reclamam do poder a resolução do problema
- Aprenderam a nadar nas suas águas e quando candidatos ao poder não se esquecem dele
- Participam nas actividades organizadas em favor do Rio e contra a poluição
- Limpam as suas margens
- Contam as histórias do antigamente com nostalgia e tristeza com a transformação que ocorreu
- Mesmo sem conhecer o Noéme, se mostram a solidários e tentam colaborar com vista à resolução do problema
- Se indignam com o crime miserável continuadamente repetido
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
O Noéme e o programa eleitoral do PSD
O programa eleitoral do engenheiro Crespo de Carvalho não faz qualquer referência ao problema do Noéme. Fala do ar da Guarda e de bioclimatismo, mas não refere a má qualidade das águas deste rio. Nem no capítulo da valorização do mundo rural existe qualquer referência implícita ou explícita a este problema.
Será que o conhece? Será que o considera pouco importante? Nas reuniões com os candidatos das suas listas, nomeadamente os das aldeias afectadas pelo problema, ninguém lhe falou no assunto?
Na sua visita ao Rochoso, nas entrevistas que deu à comunicação social, nos debates, nunca ouvi a sua posição sobre o assunto (corrijam-me se estou enganado). Outros candidatos falaram no tema (não tanto quanto se desejaria) e apresentaram a solução para o problema (não sabemos se a mais adequada).
Nem uma proposta, nem uma ideia, nem uma simples crítica... Assim, nem em 2020 o problema se resolve.
Será que o conhece? Será que o considera pouco importante? Nas reuniões com os candidatos das suas listas, nomeadamente os das aldeias afectadas pelo problema, ninguém lhe falou no assunto?
Na sua visita ao Rochoso, nas entrevistas que deu à comunicação social, nos debates, nunca ouvi a sua posição sobre o assunto (corrijam-me se estou enganado). Outros candidatos falaram no tema (não tanto quanto se desejaria) e apresentaram a solução para o problema (não sabemos se a mais adequada).
Nem uma proposta, nem uma ideia, nem uma simples crítica... Assim, nem em 2020 o problema se resolve.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
As lavadeiras do Noéme
Saíam da povoação com os cestos carregados de roupa, rumo à ribeira. Mulheres, de cestos à cabeça em equilíbrio absoluto. A roupa, tão diferente da usada em hoje em dia ("camisas de riscado, ceroulas em sarja.."), encardida, negra, grossa, dura como as mãos que tratavam os campos naqueles tempos. Chegadas à ribeira, era tudo espalhado nas barrancas e depois ("compunha-se peça por peça, tudo calcadinho naqueles cestos e colocávamos um pó de oiro, um pano, e por cima a cinza para tirar as nódoas") - estava feita a "barrela". Iam depois aos cabeços buscar feixes de lenha para a fogueira onde, num caldeiro, ferviam a água com sabão. Aí ficava a roupa a amolecer, escondida num qualquer buraco da parede do moínho.
No dia seguinte, esfregava-se a roupa ("havia antigamente um pial junto à Laje de Marco") e era estendida ao sol nas barrancas. Muitas vezes sem companhia, o silêncio só era interrompido pelo movimento de um guarda-rios ou o coaxar de alguma rã. De vez em quando lá se juntava algum rebanho, limpando as fartas margens e quebrando a monotonia do local.
No dia seguinte, esfregava-se a roupa ("havia antigamente um pial junto à Laje de Marco") e era estendida ao sol nas barrancas. Muitas vezes sem companhia, o silêncio só era interrompido pelo movimento de um guarda-rios ou o coaxar de alguma rã. De vez em quando lá se juntava algum rebanho, limpando as fartas margens e quebrando a monotonia do local.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Ar do Noéme
Ontem cheirava a podre entre a Fábrica da Gata e a rotunda da A23. O que fazer com esse ar?
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
E do Noéme ninguém falou
O engenheiro Crespo de Carvalho e a sua equipa estiveram ontem no Rochoso a apresentar a candidatura à Câmara e Assembleia Municipal. Expôs o seu programa e, terminado o discurso, foi pregar para outra freguesia. Nenhum dos protagonistas falou da poluição do Noéme.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Nossa Senhora do Monte
Antes de ser do monte, os homens pensaram construir a ermida junto ao Rio Noéme. Um pastor teria encontrado nas suas margens uma imagem de Nossa Senhora feita a partir de um "seixo rolado de forma oblonga onde foram acrescentados, sem obra alguma d'arte, e cavado por um lado (onde lhe fingiram as costas) mas também obra da natureza. N'ella adoptaram uma cabeça, braços e mãos que tudo vestiram (Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal)". Conta a lenda, que os materiais de construção desapareciam misteriosamente da localização incialmente planeada e apareciam no cimo do monte donde se avistam os concelhos da Guarda, Almeida e Sabugal. Certos do milagre e da vontade divina, resolveram construir a capela no local onde hoje se encontra. A imagem original terá sido trazida para a Igreja Paroquial do Rochoso.
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Debate Rádio Altitude
No debate com os candidatos do PS, BE e CDU sobre "Ambiente, Território e Urbanismo" e relativamente "à chaga que é o Rio Diz" ficou o seguinte:
- O engenheiro Joaquim Valente diz que o pré-tratamento dos efluentes da fábrica é insuficiente, embora em termos de legislação tenha os parâmetros aferidos. Na prática não tem resultados satisfatórios. Existe acordo com essa empresa para que os efluentes sejam drenados para a ETAR de S. Miguel. Convicto, afirmou que com essa obra o problema fica resolvido. Ninguém lhe perguntou "quando?".
- O candidato Jorge Noutel, assumiu a defesa das populações afectadas a quem "o cheiro nauseabundo retira qualidade de vida". Afirmou ainda que a ETAR de S. Miguel está em ruptura, e que isso se faz sentir pelos moradores do Bairro da Nossa Senhora de Fátima e junto ao Parque Urbano. Não ficou claro se isso é ou não verdade.
- Do candidato da CDU não retive nenhuma palavra sobre este problema em concreto.
Nota: Não encontrei online o Manifesto Eleitoral do PSD...
- O engenheiro Joaquim Valente diz que o pré-tratamento dos efluentes da fábrica é insuficiente, embora em termos de legislação tenha os parâmetros aferidos. Na prática não tem resultados satisfatórios. Existe acordo com essa empresa para que os efluentes sejam drenados para a ETAR de S. Miguel. Convicto, afirmou que com essa obra o problema fica resolvido. Ninguém lhe perguntou "quando?".
- O candidato Jorge Noutel, assumiu a defesa das populações afectadas a quem "o cheiro nauseabundo retira qualidade de vida". Afirmou ainda que a ETAR de S. Miguel está em ruptura, e que isso se faz sentir pelos moradores do Bairro da Nossa Senhora de Fátima e junto ao Parque Urbano. Não ficou claro se isso é ou não verdade.
- Do candidato da CDU não retive nenhuma palavra sobre este problema em concreto.
Nota: Não encontrei online o Manifesto Eleitoral do PSD...