Jornal A Guarda
26 de Junho de 2009
"A Guarda é uma cidade de excelência para implementar bons projectos de cariz ambiental"
O conteúdo desta entrevista é interessante pois mostra que é possível (e há gente na Guarda capaz) pensar e delinear estratégias de preservação e valorização do ambiente. O concelho só teria a ganhar com isso.
Ficámos ainda a saber que há 10 anos atrás foi feito pela CMG um estudo das linhas de água do concelho (entre as quais o Noéme) para elaboração de um plano de descontaminação. O que é feito deste plano? Em que gaveta andará esquecido?
Seria altura de pegar nesse estudo, actualizá-lo e avançar para um plano efectivo e sustentado de descontaminação do Rio.
Sobre as "condições exceptionais para a implementação de projectos ambientais" na Guarda: concordo com as opiniões expressas na entrevista. Há no entanto muito a fazer. Projectos deste tipo (tal como os projectos culturais) não podem ser vistos como um luxo ou uma moda: potenciam a actividade económica, criam valor para o concelho, geram emprego, têm um indiscutível valor social. Estes projectos devem envolver as diversas aldeias do concelho, promover os laços afectivos e os recursos comuns que as unem. Reflorestar o concelho, organizar percursos pedestres, limpar os rios, promover as rotas históricas, recuperar os moínhos, as noras, os fornos comunitários para que sirvam de material pedagógico de complemento ao ensino das crianças, estudar as plantas que existem nos nossos campos (algumas terão entretanto desaparecido), fazer com que se voltem a cultivar os campos... E é necessário que os valores do antigamente, da ruralidade se recuperem para que efectivamente o concelho se torne sustentável. Com alguma criatividade é possível.
terça-feira, 30 de junho de 2009
segunda-feira, 29 de junho de 2009
sábado, 27 de junho de 2009
A Ribeira
A ribeira é um bem muito bonito e precioso. Antigamente, no Inverno as correntes fortes chocavam nas pedras; No Outono o rio ficava cheio de folhas que caíam das árvores que o rodeia; Na Primavera ficava cheio de nenúfares fazendo parecer um lindo tapete verde; No Verão as pessoas tomavam lá banho e as crianças brincavam nas suas margens. Às apanhadas, às escondidas, apanhavam-se rãs... Os mais velhos utilizavam a água do rio para regar os terrenos. Também servia para fazer mover as mós do moinho donde saía a farinha.
Devido à poluição o rio está muito sujo. Já não podemos nadar lá. As pessoas pensam que só os outros é que poluem e esquecem-se que quando deitam um plástico ou outro tipo de lixo para o chão também estão a contribuir para a sua poluição. O homem tem vindo a destruir o que foi tão bom em tempos passados.
Diogo Bargas - 11 anos
André Bárbara - 11 anos
Devido à poluição o rio está muito sujo. Já não podemos nadar lá. As pessoas pensam que só os outros é que poluem e esquecem-se que quando deitam um plástico ou outro tipo de lixo para o chão também estão a contribuir para a sua poluição. O homem tem vindo a destruir o que foi tão bom em tempos passados.
Diogo Bargas - 11 anos
André Bárbara - 11 anos
sexta-feira, 26 de junho de 2009
No rasto da poluição - conclusões
Ao longo do percurso foi-nos possível verificar o seguinte:
- Existem descargas poluentes no Rio. Não se sabe como é feito o tratamento dos detritos. Existem canalizações esquisitas que despejam no rio. Esses produtos deixam a água com um aspecto viscoso, oleoso, negro. De notar que a caminhada foi feita em Abril, altura em que o rio mantém um bom caudal. Com a chegada do calor, o leito do rio diminui e ficam charcos negros de óleo e com cheiro muito intenso.
- Em muitos locais ao longo do seu percurso o rio corre desordenadamente. Existem troncos e vegetação morta no seu leito que formam pequenas "ilhas" e impedem a livre e conveniente circulação das águas. Já não se vê areia na ribeira. Na época das chuvas, é frequente a água inundar os terrenos próximos.
- Se em alguns locais há demasiada vegetação e árvores (amieiros, freixos...) junto ao rio, noutros estas não existem ou estão completamente secas. É necessário podar, desbastar e arrancar as árvores mortas e substituí-las por novas espécies.
- As margens do rio estão em tal estado de abandono que em muitos locais é simplesmente impossível chegar à água. Nalgumas formam-se autênticas lixeiras ao ar livre com detritos das mais diversas espécies (plásticos, entulho)...
- Ao longo do percurso entre a Guarda e o Rochoso não foi visível qualquer forma de vida animal.
- Existem descargas poluentes no Rio. Não se sabe como é feito o tratamento dos detritos. Existem canalizações esquisitas que despejam no rio. Esses produtos deixam a água com um aspecto viscoso, oleoso, negro. De notar que a caminhada foi feita em Abril, altura em que o rio mantém um bom caudal. Com a chegada do calor, o leito do rio diminui e ficam charcos negros de óleo e com cheiro muito intenso.
- Em muitos locais ao longo do seu percurso o rio corre desordenadamente. Existem troncos e vegetação morta no seu leito que formam pequenas "ilhas" e impedem a livre e conveniente circulação das águas. Já não se vê areia na ribeira. Na época das chuvas, é frequente a água inundar os terrenos próximos.
- Se em alguns locais há demasiada vegetação e árvores (amieiros, freixos...) junto ao rio, noutros estas não existem ou estão completamente secas. É necessário podar, desbastar e arrancar as árvores mortas e substituí-las por novas espécies.
- As margens do rio estão em tal estado de abandono que em muitos locais é simplesmente impossível chegar à água. Nalgumas formam-se autênticas lixeiras ao ar livre com detritos das mais diversas espécies (plásticos, entulho)...
- Ao longo do percurso entre a Guarda e o Rochoso não foi visível qualquer forma de vida animal.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
quarta-feira, 24 de junho de 2009
No rasto da poluição - miséria junto à Gata
terça-feira, 23 de junho de 2009
No rasto da poluição - a caminho da Gata
segunda-feira, 22 de junho de 2009
No rasto da poluição
Em Abril de 2008 um grupo de cidadãos das aldeias banhadas pelo Noéme organizou uma caminhada ao longo do rio entre a Guarda e o Rochoso. A chuva que naquela manhã de domingo caí não desmobilizou o grupo cujo objectivo era identificar e fotografar os pontos negros da poluição. Nos posts seguintes serão publicadas algumas das fotos da vergonha.
terça-feira, 16 de junho de 2009
Intervenção na envolvente da ribeira do Rochoso
Artigo retirado da edição de 15 de Abril de 2004 do jornal Terras da Beira
Diversas Juntas de Freguesia fizeram intervenções junto do Noéme. Os espaços tornaram-se em geral mais agradáveis, excepto quando o cheiro vindo da ribeira impede os passeios nas suas margens. É pena que a água não esteja limpa.
Em particular nesta intervenção no Rochoso, foram podadas as árvores existentes, plantadas árvores novas, criado um espaço para merendas, recuperado o moinho e foi limpo o leito do rio. Em relação ao museu ao ar livre referido na notícia durou pouco tempo. Foram roubadas as peças passado pouco tempo. Mais um crime, a juntar ao da poluição.
Diversas Juntas de Freguesia fizeram intervenções junto do Noéme. Os espaços tornaram-se em geral mais agradáveis, excepto quando o cheiro vindo da ribeira impede os passeios nas suas margens. É pena que a água não esteja limpa.
Em particular nesta intervenção no Rochoso, foram podadas as árvores existentes, plantadas árvores novas, criado um espaço para merendas, recuperado o moinho e foi limpo o leito do rio. Em relação ao museu ao ar livre referido na notícia durou pouco tempo. Foram roubadas as peças passado pouco tempo. Mais um crime, a juntar ao da poluição.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Recortes de Jornais 5
Terras da Beira
03 de Dezembro de 1998
Rio Diz e a poluição
Assino por baixo esta opinião. Lamento que passados 11 anos a situação não esteja ainda resolvida.
03 de Dezembro de 1998
Rio Diz e a poluição
Assino por baixo esta opinião. Lamento que passados 11 anos a situação não esteja ainda resolvida.
domingo, 14 de junho de 2009
O último moleiro do Rochoso
Joaquim Pires foi o último moleiro do Rochoso. De estatura mediana, era simpático e bom vizinho. Quem precisasse de farinha, entregava-lhe o saco do centeio a troco de determinada maquia combinada antecipadamente. Era assim que funcionava a economia daqueles lugares. Eram tempos em que qualquer cabeço era lavrado e semeado de pão; no Verão se vivia a azáfama das ceifas e das malhas; as eiras estavam ocupadas com grandes palheiros.
Lembro-me vagamente de o ver, com o seu burro carregado com os sacos do centeio, dirigir-se para o "moinho da ponte" donde só voltava por vezes ao fim do dia. Esse moínho foi recentemente recuperado e pode ver-se como se moía a farinha antigamente.
Na segunda metade do século XX ainda havia quatro moinhos a laborar no Rochoso. O do ti Manel da Rita era o maior, junto da açude; os de Joaquim e Francisco Pires, lado a lado, junto à ponte e havia ainda outro perto do pontão das Poldras. Nalguns casos ainda estão as pedras, noutros apenas a memória.
Lembro-me vagamente de o ver, com o seu burro carregado com os sacos do centeio, dirigir-se para o "moinho da ponte" donde só voltava por vezes ao fim do dia. Esse moínho foi recentemente recuperado e pode ver-se como se moía a farinha antigamente.
Na segunda metade do século XX ainda havia quatro moinhos a laborar no Rochoso. O do ti Manel da Rita era o maior, junto da açude; os de Joaquim e Francisco Pires, lado a lado, junto à ponte e havia ainda outro perto do pontão das Poldras. Nalguns casos ainda estão as pedras, noutros apenas a memória.
sábado, 13 de junho de 2009
Recortes de Jornais 4
Terras da Beira
19 de Novembro de 1998
"Poluição no Diz preocupa produtores de morangueiros"
Em 1998, o Eng. Joaquim Valente era vereador do Ambiente da Câmara Municipal da Guarda (CMG). Em resposta à notícia acima e à preocupação manifestada pelos agricultores, dizia que, "o (rio) Diz tem alguma carga orgânica para jusante da confluência com o Noéme", mas mostrava-se pouco preocupado porque "se houvesse níveis superiores aos normais a autarquia já teria sido informada pela Direcção Geral do Ambiente" (!!!). Informava ainda que "Para a poluição do Rio Diz tem contribuído a acção de algumas fábricas particulares e que foi agravada pelo deficiente funcionamento da ETAR do Parque Industrial (...) que se arrasta há mais de meia dúzia de anos (...) porque o empreiteiro responsável não tem sido capaz de realizar os trabalhos de remodelação e entregar a obra em tempo útil".
Da análise do então vereador, os responsáveis pela poluição do rio Diz e Noéme eram:
- A Direcção Geral do Ambiente que não tem fiscalizado, medido, avisado a CMG acerca dos níveis de carga orgânica do rio;
- As fábricas particulares que poluem o rio;
- o empreteiro responsável pelas obras na ETAR que não conclui os trabalhos;
Sobre a acção ou omissão da CMG nem uma linha... Apenas que a situação na ETAR se arrasta "há mais de meia dúzia de anos".
Em 2009, o Eng. Joaquim Valente é presidente da Câmara Municipal da Guarda e candidato a novo mandato. Será que ainda pensa da mesma forma?
19 de Novembro de 1998
"Poluição no Diz preocupa produtores de morangueiros"
Em 1998, o Eng. Joaquim Valente era vereador do Ambiente da Câmara Municipal da Guarda (CMG). Em resposta à notícia acima e à preocupação manifestada pelos agricultores, dizia que, "o (rio) Diz tem alguma carga orgânica para jusante da confluência com o Noéme", mas mostrava-se pouco preocupado porque "se houvesse níveis superiores aos normais a autarquia já teria sido informada pela Direcção Geral do Ambiente" (!!!). Informava ainda que "Para a poluição do Rio Diz tem contribuído a acção de algumas fábricas particulares e que foi agravada pelo deficiente funcionamento da ETAR do Parque Industrial (...) que se arrasta há mais de meia dúzia de anos (...) porque o empreiteiro responsável não tem sido capaz de realizar os trabalhos de remodelação e entregar a obra em tempo útil".
Da análise do então vereador, os responsáveis pela poluição do rio Diz e Noéme eram:
- A Direcção Geral do Ambiente que não tem fiscalizado, medido, avisado a CMG acerca dos níveis de carga orgânica do rio;
- As fábricas particulares que poluem o rio;
- o empreteiro responsável pelas obras na ETAR que não conclui os trabalhos;
Sobre a acção ou omissão da CMG nem uma linha... Apenas que a situação na ETAR se arrasta "há mais de meia dúzia de anos".
Em 2009, o Eng. Joaquim Valente é presidente da Câmara Municipal da Guarda e candidato a novo mandato. Será que ainda pensa da mesma forma?
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Recortes de Jornais 3
Terras da Beira
09 de Outubro de 1997
"A Guarda tem mau ambiente"
O Rio Diz é a fonte de poluição do Noéme, em plena cidade da Guarda. Por acção ou omissão, vários são os responsáveis: os poluentes e a Câmara Municipal da Guarda.
Nas diversas campanhas eleitorais o tema da poluição do Noéme semprevem à baila, mas o que se diz é totalmente inconsequente. Mais do que visitas aos locais acompanhado de jornalistas faz falta um plano de requalificação técnica efectiva do ecossistema atingido e vontade política para efectivamente resolver o assunto.
Estou curioso de ver como vai ser tratado este assunto na próxima campanha eleitoral para as Autárquicas. E espero analisar os diversos programas eleitorais que vão ser submetidos a sufrágio pelos diversos candidatos.
09 de Outubro de 1997
"A Guarda tem mau ambiente"
O Rio Diz é a fonte de poluição do Noéme, em plena cidade da Guarda. Por acção ou omissão, vários são os responsáveis: os poluentes e a Câmara Municipal da Guarda.
Nas diversas campanhas eleitorais o tema da poluição do Noéme semprevem à baila, mas o que se diz é totalmente inconsequente. Mais do que visitas aos locais acompanhado de jornalistas faz falta um plano de requalificação técnica efectiva do ecossistema atingido e vontade política para efectivamente resolver o assunto.
Estou curioso de ver como vai ser tratado este assunto na próxima campanha eleitoral para as Autárquicas. E espero analisar os diversos programas eleitorais que vão ser submetidos a sufrágio pelos diversos candidatos.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
domingo, 7 de junho de 2009
Vergonha
Estas fotos foram tiradas dia 02 de Maio passado no Rochoso. Fui passar o fim-de-semana com uns amigos vindos de Lisboa e, embora esteja poluída, fui mostrar-lhes a ribeira. As suas margens foram alvo de uma intervenção em 2001 que tornou o espaço agradável. E tinha de lhes mostrar o moinho recuperado e como funcionava antigamente.
Qual não foi o nosso espanto quando ao chegar nos deparámos com um cheiro a podre muito intenso e vimos muita espuma escorrendo ao longo do leito do rio.
Lá demorei a explicar-lhes que esse problema existe desde fins da década de 80; que é causada por descargas poluentes na Guarda; que em pleno século XXI isso ainda é possível e sobretudo, que acontece no interior do país, num concelho que nem sequer é muito industrial e cuja aposta deveria ser na valorização ambiental/social/cultural, no eco-turismo e na preservação da entidade das suas aldeias.
Em vez disso oferecemos a espuma...e o cheiro a podre.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Dia Mundial do Ambiente
Hoje comemora-se o Dia Mundial do Ambiente.
O ambiente do Noéme é mau. O rio morre a cada dia que passa.
Por esse motivo, hoje não haverá post neste blog.
O ambiente do Noéme é mau. O rio morre a cada dia que passa.
Por esse motivo, hoje não haverá post neste blog.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
quarta-feira, 3 de junho de 2009
segunda-feira, 1 de junho de 2009
As noras
A rega das veigas era feita com a água dos poços existentes na ribeira. As noras (como as da foto), puxadas por burros, extraíam a água que depois era transportada ao longo do terreno pelos "muros" (onde se abriam os "tornadoiros" para distribuir a água), assim chamados, mas que mais não são do que canalizações em pedra (alguns eram autênticas obras de engenharia e de arte). Também tudo isto se perdeu com o abandono dos campos, descaracterizando a paisagem natural e humana.