quarta-feira, 30 de junho de 2010

A Cultura na Guarda está a saque


Está a assistir-se a um forte ataque à Cultura da Guarda. A "recomendada" redução de cortes no orçamento do TMG pode obrigar o fecho do ex-líbris da Guarda do Presente e do Futuro. 

É o que temos para vender e para nos desenvolvermos - Cultura.

Vivo em Lisboa e desloco-me frequentemente à Guarda. Podem facilmente encontrar-me no Rochoso ou no Café Concerto. Já vi na Galeria de Arte exposições a que só tenho acesso em Lisboa. Vieram espectáculos à Guarda cuja única apresentação em Portugal foi feita nesta cidade. Abrimos frequentemente os jornais e as únicas notícias positivas da Guarda têm a ver com o TMG. Vêm pessoas de todo o país propositadamente à Guarda assistir a espectáculos do TMG. E gostam.

O TMG e a Cultura na Guarda estão a saque! Os cidadãos da Guarda não podem deixar que o único pólo de desenvolvimento que aconteceu nos últimos 20 anos na Guarda seja destruído.

Tal como me disse quando comecei a escrever neste espaço há mais de um ano: Força Américo! Estamos consigo em defesa da Cultura da Guarda. 

PS: Pode conferir-se a história toda aqui e aqui

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Crónica Altitude (08 de Junho 2010)

Na semana passada apanhei o comboio regional no apeadeiro do Rochoso com destino a Lisboa. O apeadeiro do Rochoso foi inaugurado a 29 de Abril de 1924 por influência e insistência do Dr. Alberto Diniz da Fonseca que convenceu os responsáveis dos comboios da época da viabilidade e necessidade daquela infra-estrutura. Para isso organizou um retiro da Liga dos Servos de Jesus na aldeia e naquele dia, o comboio parou e dezenas de pessoas desceram. Estava provada a necessidade do apeadeiro! Em finais da década de 80 a CP tentou fechá-lo alegando que não dava lucro. O povo uniu-se, cortou a linha e o comboio só passou porque vinha escoltado pela GNR. No entanto a batalha foi ganha pois, embora com menos paragens, o comboio continua a parar. Acredito que não dê lucro; mas tem um inestimável valor social e esta é a lição que em tempos de austeridade alguns merceeiros que gerem o bem público devem reter. E também que o poder do bastão quase sempre acaba por sucumbir ao poder da razão.

Nesse mesmo fim-de-semana dei uma volta pelos campos do Rochoso. Finalmente tinha chegado a Primavera e a Natureza manifestava-se: de um lado do caminho saltava um coelho; do outro um casal de perdizes. As maias cobriam de amarelo a paisagem e o centeio ainda verde despontava. Pouco centeio infelizmente… que os braços que o ceifavam e malhavam estão já velhos e sem força. Só à volta do Noéme não existe vida. Pressente-se ao longe que ali corre um rio, mas nada se ouve, nada se vê à sua volta.

Ontem poluíram-nos o rio; amanhã se puderem os merceeiros deste tempo retirar-nos-ão mais qualquer coisa. Sempre sob o pretexto que há pouca gente, que não dá lucro… Hoje lutamos por um Rio que não soubemos defender a seu tempo. Amanhã será por outra coisa qualquer. Mas as nossas aldeias não deixarão de existir sem luta.

Dizia Monsenhor Cónego José Lourenço Pires, antigo director do Seminário do Fundão e meu conterrâneo: “É de duvidar do carácter de uma pessoa que renega ou diz mal da sua terra.” E eu acrescento: E também dos que nada fazem para a defender.


Crónica transmitida na Rádio Altitude no dia 08 de Junho de 2010.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Reunião de Câmara

Como vem noticiado no jornal A Guarda, na reunião de Câmara de dia 14 de Junho os vereadores do PSD voltaram a questionar o Executivo sobre a despoluição do Rio Noéme.

"Quanto à despoluição do Rio Noéme, foi explicado pelo vereador Vítor Santos que a Câmara vai avançar com o processo destinado à construção de uma Estação Elevatória junto da Fábrica Tavares, na zona da Gata, destinada a encaminhar os efluentes para a ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) de S. Miguel, e que os custos serão depois enquadrados no Programa PEASAR (Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais"

terça-feira, 22 de junho de 2010

Crónica Altitude (22 Junho 2010)

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Mas o Tejo não é mais bel que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é rio que corre pela minha aldeia.
- O Rio que corre pela minha aldeia chama-se Noéme. Está sujo; não tem vida - 
Nunca ninguém pensou no que há para além do rio da minha aldeia.
O Rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
- Quem polui nunca pensou no que está para além do rio da minha aldeia. Se pensasse não o fazia-
Vem sentar-te comigo à beira do rio
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa e não estamos de mãos enlaçadas.
Depois pensemos que a vida passa e não fica.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus pais, tão novos no passado!
E o menino nascia a bordo de um navio
Que ficava à noite no cais iluminado...
- Não passam navios no Noéme. 
À sua volta, só os guarda-rios, as rãs e os peixes quando os havia
Mas tem moinhos e pontões
E há anos que seca no estio - 
O rio não era rio
Nem corria. E a própria morte
Era um problema de estilo.
- A morte no Noéme não é um problema de estilo.
Acontece todos os dias. Impunemente. -


Crónica transmitida na Rádio Altitude no dia 22 de Junho de 2010.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Bandeira Azul, Noéme - uma estratégia ambiental para o concelho

Foi amplamente noticiado na semana passada que as praias fluviais de Aldeia Viçosa e Valhelhas voltaram a receber a Bandeira Azul pela excelência das suas águas e das zonas envolventes. Lê-se na imprensa que Aldeia Viçosa "é muito procurada, com benefícios para o comércio local e aldeias vizinhas (...) e que tem havido o interesse de muitas pessoas em ter uma casa de férias em Aldeia Viçosa.". Já o autarca de Valhelhas diz: "a freguesia tem um dos melhores espaços em termos de turismo e lazer ambiental da Beira Interior”. Um espaço que, segundo o autarca, de Maio a Setembro do ano passado, recebeu mais de 120 mil pessoas, entre utilizadores da praia, campistas e turistas." Estamos a falar de duas freguesias que em conjunto tinham 920 habitantes nos Censos de 2001. Os autarcas orientaram as estratégias de desenvolvimento das suas freguesias para a valorização de um recurso natural que possuem. Esperam (e estão a conseguir) criar postos de trabalho, riqueza e trazar gente para as suas terras. Por enquanto, temporariamente, talvez um dia em definitivo. Estão pois de parabéns as freguesias e o município pelo investimento aí realizado.

As freguesias rurais banhadas pelo Noéme tinham em 2001 cerca de 1500 habitantes. A tendência será esse número descer nos próximos Censos. Foram esquecidas pelo Poder. Um dos recursos que poderia atrair valor a essas freguesias está destruído. Outros, como sejam a agricultura e a floresta, por falta de investimento e de mão-de-obra estão abandonados. Há determinadas zonas cujos acessos às freguesias são miseráveis. As bermas das estradas, completamente descuidadas e sem qualquer limpeza da vegetação, tornam-se combustível para os fogos florestais. Este cenário afasta as pessoas que até no Verão deixam de regressar à origens. Perde-se com isso o Património e a Memória. É comum dizer que o País anda a duas velocidades: neste caso até num concelho pequeno se anda de forma diferente. Muitas vezes para trás.

O Noéme poderia ser uma alavanca de desenvolvimento para estas aldeias. As freguesias recuperaram as zonas envolventes com a esperança de um dia o rio voltar a ser frequentável. O turismo do Noéme nunca poderia ser um turismo de massas. O Noéme teria de ser um local de visita dos amantes da Natureza. Daqueles que andam nos caminhos e querem ser surpreendidos pela fauna; daqueles que procuram recantos mágicos para um mergulho; daqueles que gostam de tranquilamente se deitar à sombra de um amieiro... Mas este perfil de viajante, de caminheiro, de aventureiro existe e um Noéme limpo poderia trazê-lo à Guarda e às suas aldeias. Um Noéme limpo poderia reanimar as agriculturas. Um Noéme limpo poderia trazer gente para o concelho (temporariamente no início; em definitivo talvez) e com isso se ganharia massa crítica. Valor porventura.

Em conclusão: a morte do Noéme não é só um grave problema ambiental e de saúde pública. É um grave problema que pode ser económico também se pensarmos nele dessa forma. É incoerente num concelho que se quer afirmar como destino turístico na zona Centro, longe das praias dos Algarves, deixar ter uma situação dessas às suas portas.O concelho é pequeno e por isso a sua estratégia ambiental (será que tem? ou são só iniciativas avulso) tem de ser coordenada como um todo.

O nosso concelho ostenta hoje três bandeiras: duas de cor Azul e uma Negra! Infelizmente.



quarta-feira, 16 de junho de 2010

"Homens e crocodilos", de Diogo Cabrita


Crónica de Diogo Cabrita publicada na edição de 03 de Junho de 2010 do jornal "O Interior".

terça-feira, 15 de junho de 2010

Passeio Pelo Noéme Contra a Poluição

O passeio realizado no domingo contou com cerca de 70 pessoas entre os que passearam de facto e os que trataram da logística. Uns saíram da Estação, outros foram-se juntando a nós. As aldeias afectadas estiveram representadas e apareceram crianças e pessoas mais velhas. Todas elas com o objectivo comum: ver a poluição.

(1.Na estação da CP; 2.Na Gata)

Quase todas elas tinham uma história para contar: "já vi espuma ali"; "cheira muito mal acolá"; "vi pássaros mortos naquele sítio"; "peixes nunca mais se viram aqui"... Os que não conheciam a dimensão do problema ficaram sensibilizados para a causa. Neste aspecto foi cumprido o objectivo.

Participaram também representantes da delegação da Quercus na Guarda e uma equipa de reportagem de O Interior que fez grande parte do trajecto conosco.

(3. No Rochoso)
Em breve publicarei as fotos do passeio.

sábado, 12 de junho de 2010

Biodiversidade no Rio Diz

Estou no Café Concerto do TMG a ver a exposição de fotografia "Biodiversidade no Rio Diz" organizada conjuntamente pelo 12º C da Escola Secundária da Sé e TMG.
Cito do caderno de programação do TMG: "Um grupo de alunos realizou um trabalho fotográfico centrado na zona envolvente do Rio Diz, para explicar por imagens o que é a Biodiversidade".

A não perder até amanhã dia 13 de Junho.

Passeio Pelo Noéme Contra a Poluição

É já amanhã, domingo, às 08:30 na Estação da CP da Guarda.

As previsões meteorológicas apontam para uma melhoria do estado do tempo. Recordo que há dois anos fizemos este passeio no mês de Abril com galochas calçadas e caminhos totalmente alagados.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Contrastes

No passado dia 05 de Junho Aldeia Viçosa hasteou a Bandeira Azul Fluvial 2010. Valhelhas também tem uma praia fluvial de excelente qualidade. Nas fotos dos jornais as autoridades ostentam sorrisos de orgulho. Têm razões para isso.

Correm no concelho da Guarda três rios: Zêzere, Mondego e Noéme. Os dois primeiros têm bandeira azul; o terceiro está poluído. Muito poluído. Criminosamente poluído. Haja vergonha!



Marchas e passeios

Na semana passada a Câmara Municipal da Guarda organizou uma marcha pelo Ambiente que mostrou as paisagens bonitas que o concelho tem.

No próximo domingo, irá ter lugar o Passeio pelo Noéme Contra a Poluição que pretende mostrar as consequências do maior crime ambiental do concelho da Guarda.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Novas do Noéme

- Ontem, a Rádio Altitude dedicou o seu Fórum ao Ambiente no concelho e distrito da Guarda. A Rádio presta um inestimável serviço público quando debate os problemas da sociedade. Participei no Fórum e dei a minha opinião sobre a situação do Rio Noéme.

- No Café Mondego. Também sonho com o dia em que possa deitar-me à sombra dos amieiros do Noéme.

- Relembro que é já no próximo domingo o passeio contra a poluição do Noéme. O encontro é às 08:30 junto à Estação da CP da Guarda. Contamos com a participação de todos os amigos do Noéme.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Passear pelo Noéme contra a Poluição


Já se fez no passado e vamos voltar a fazer no próximo domingo dia 13 de Junho.
A concentração será pelas 08:30 junto à Estação da CP da Guarda. O pequeno-almoço na Gata. O almoço no Rochoso.

A ideia é simples: muita gente a passear junto ao Noéme num domingo de manhã para ver a poluição.

Objectivo: sensibilizar as entidades competentes e a população em geral do grave problema que se verifica. Exigimos a suspensão de todas as descargas poluentes. Queremos um Rio limpo.



Estão todos convidados.


PS: Espero que este seja o último passeio que se realize nestas condições. No próximo ano espero que em vez de poluição possamos oferecer um rio limpo.

Para qualquer informação ou esclarecimento devem contactar-me para o email do blogue.